segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um pouco desta segunda

Hoje de manhã estive no futuro Parque Leopoldina-Villas Boas. Ele precisa de mais um ano de obras para ficar pronto, mas já conseguiremos abrir uma parte para o público nas próximas semanas. Não tem por que manter tudo fechado até a conclusão; quanto antes as pessoas puderem usufruir de um pouco mais de área verde, melhor. Em janeiro já vai ser possível andar, jogar bola, brincar no parquinho, fazer ginástica ao ar livre, ler e namorar à beira do lago ou fazer nada por ali.

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Estamos com problemas em uma de nossas principais vias - o comércio ambulante irregular, não contente em ocupar as calçadas assim que a fiscalização vira as costas (e alguma hora ela vira as costas, porque não temos exércitos disponíveis para dar plantão 24 horas em todos os pontos), resolveu se instalar no meio da rua, no horário de maior movimento.

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Precisamos mudar uma banca de jornal de lugar; na calçada em que está instalada, ela prejudica de tal maneira a visibilidade para quem entra e sai no estacionamento de um banco que pode vir a causar um acidente (além de estar ocupando um espaço maior do que deveria).

Tentamos conversar amigavelmente. Chamamos o permissionário (o dono da banca) para conversar. Procuramos alternativas de lugares para ele se instalar, bem próximo ao ponto em que se encontra.

No dia marcado para a reunião, ele não veio. E não foi uma só a tentativa de conversa, foram várias, todas infrutíferas. Quando fomos procurá-lo na própria banca, a recepção nunca foi amistosa.

Passamos para o passo seguinte: demos um prazo de 30 dias para que ele se mude para o local determinado (a menos de 100 metros de onde ele está). A banca precisará ser menor do que é agora - ou seja, ele precisará reformar suas instalações.

Aí ele apareceu aqui - furioso, inconformado, falando alto, alegando amizade com esse e aquele. Não quer sair de onde está de jeito nenhum, não quer providenciar outra banca, não quer nada. Não correspondemos à sua expectativa e ele saiu batendo a porta (literalmente).

Soube que alguns amigos cujos nomes ele invocou ligaram tentando interceder por ele.
Tenho certeza que eles não sabem o quanto ele mesmo fechou as portas (com força!) para qualquer possibilidade de negociação (que já estaria praticamente esgotada de todo jeito).

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Continuo recebendo mensagens e mais mensagens reclamando que "a Lapa está cheia de lixo e entulho e ninguém faz nada".

Esse "faz nada" é uma das coisas mais insuportáveis que eu já ouvi. É meu karma - desde a adolescência até os trinta e poucos anos, eu devo ter dito umas mil vezes a mesma coisa. Bem feito pra mim.

Eu ando por aí vendo pilhas de entulho e bagulho nas esquinas e me forçando a recordar os ensinamentos de minha tradição religiosa (um dos básicos é nunca desejar o mal a NINGUÉM). Tem entulho amador e entulho profissional. Tem colchão, sofá, vaso sanitário, tijolos, azulejos, papéis, estantes, lâmpadas fluorescentes... Gente que saiu de casa e jogou uma sacola de tralha na esquina, gente que contratou um carroceiro, gente que cobrou carreto para retirar os bagulhos e despejou na beira da rua, porque ali, mais dia/menos dia, a prefeitura vai recolher.

Eu fico fantasiando uma lei que obrigue as Casas Bahia e outros vendedores de utensílios domésticos a retirar os sofás, colchões etc. usados quando entregar um novo. Ou as fábricas de colchão. Fico querendo montar tocaia de madrugada, quem sabe com uma espingarda de paintball. Ou montar aquelas armadilhas que acionam uma câmera fotográfica quando alguém passa por elas, fotografando os animais, digo, as pessoas que despejam o lixo no escuro.

A gente simplesmente não dá conta de tanto lixo. (Que tanto reformam as casas e trocam os móveis!?) Não temos um sistema de caminhões que funciona como entrega de pizza - é só ligar que em no máximo 40 minutos algum motoqueiro aparece onde você pediu. É bem mais complicado que isso - as equipes tem horário de trabalho, um caminhão não roda por aí com a facilidade de um motoboy, o aterro não fica logo ali para o caminhão descarregar e voltar rapidamente.

Só na Vila Piauí, próximo ao Ribeirão Vermelho (limite entre SubLapa e Osasco), temos quatro equipes (caminhão + trabalhadores) trabalhando direto desde quarta-feira passada, recolhendo terra e lixo arrastados pelas águas do ribeirão (que encheu pra burro ali, um absurdo). E ainda tivemos de deslocar outra equipe (acho que são 5 no total, não tenho certeza agora) para a limpeza das feiras livres (quando a empresa contratada para isso simplesmente deixou de fazer o serviço na quinta passada).

Mas a ladainha continua: ninguém faz nada, ninguém faz nada, ninguém faz nada.

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Hoje o pessoal da campanha Trânsito Mais Gentil esteve aqui para tentarmos fazer algumas ações na região da Sub. As idéias são todas muito boas, simples, irrefutáveis - o lema é "um trânsito melhor começa com você".

Eu vesti a carapuça por cima do capacete. Embora tenha o costume de dar passagem nos cruzamentos e rotatórias, de parar antes da faixa dando preferência ao pedestre (o que não é possível quando tem alguém muito embalado e colado na sua traseira), nem sempre sou paciente, especialmente com quem é folgado. E se montar um placar do tipo "x dias sem acidentes" - na versão "x dias sem xingar ninguém" - o "x" não vai passar de 2, e olhe lá...

Preciso melhorar.

3 comentários:

  1. Eu também preciso melhorar e escolher minhas próprias músicas. Vou melhorando aos poucos com os outros filhos desta terra: http://www.youtube.com/watch?v=uE95ZJ-vWpY...huahuahuahahuahuauhahuahuauh. Continuarei te amando loucamente, minha imada imortal. Fernando Girauta.

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  2. Oi Soninha,

    Sigo vc por todos os meios eletrônicos sempre que posso. Há mais de 3 anos moro em Barcelona (doutorado) mas a Sub da Lapa sempre foi a minha Sub, quando morava aí e qdo trabalha na Secr. das Subs. Talvez uma idéia boa: aqui em Barcelona há dias específicos, por bairro/conjunto de ruas para colocar entulho na rua. Por exemplo, onde moro a gente só pode colocar móveis e afins na esquina na terça-feira. A prefeitura passa umas 11 da noite pra recolher e antes disso ocorre uma coisa bacana: as pessoas que precisam de coisas sabem que é dia de "trastos" e saem pelo bairro à procura de mesinhas, cadeiras, colchões, até mesmo televisores. Eu mesma já peguei um criado-mudo. Com esse sistema tanto a população quanto a prefeitura podem se organizar melhor.

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  3. Soninha,

    Fui hoje ao Ibirapuera. Deu pena ver tanta sujeira na Av Pedro Álvares Cabral. Um recorde, assim como tem sido - e mostrado pela imprensa - após as feiras livres. Piorou muito, mas muito mesmo, em relação à gestão da Marta, da Erundina, do Jânio, talvez até do Maluf/Pitta.
    Você tem ideia de por que piorou tanto? Esse jeito da população sempre foi assim, o recolhimento é que piorou. Por outro lado, acredito que haja um efeito bola de neve: as pessoas ficam (um pouco) constrangidas de sujar o que está limpo, mas não o que está sujo.
    Na sua opinião, o que explica a cidade estar tão mais suja?

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