Eu ainda não tinha sido vereadora ou Subprefeita, senão os critérios para definir "dia de m." seriam mais rigorosos. Mas o trabalho pode ser bem ruim em qualquer lugar, e aquele dia na MTV, não me lembro por que, tinha sido horrível.
Saímos de lambreta para almoçar, minha amiga Joana e eu, lá pelas 3 e meia. Para descontar o mau humor, resolvemos nos dar uma refeição legal: fomos ao café do Instituto Goethe, pela primeira vez. Alguém já tinha dito que era um lugar lindo, sossegado, um pátio interno super agradável.
Espairecemos e estávamos prontas para voltar para a TV revigoradas. Era uma tarde linda, ensolarada. Eu estava de bermuda e camiseta; Joana, de vestido leve. Deslizávamos pela João Moura em direção ao Sumaré - uma avenida larga, sossegada. Uma delícia.
- Nãããããããããoooooooo!
Eu não me lembro de ter gritado, mas a Joana disse que só percebeu que alguma coisa ia acontecer quando ouviu meu grito.
Eu lembro de ver um carro sair de uma rua lateral e atravessar a avenida sem a menor preocupação em olhar se vinha alguém. Não parou, não diminuiu, simplesmente foi.
Se eu fosse uma jamanta, teria passado por cima do carro dele. Como era uma lambreta... Tentei frear e desviar, não deu, atingi a lateral dianteira em cheio e saí voando.
Num segundo eu estava no banco dirigindo minha Vespa, no segundo seguinte eu estava rolando no asfalto, com um borrão entre uma coisa e outra - a imagem do voo não é muito nítida, sabe? Bati e raspei no chão, tentando atinar onde é que aquilo ia dar. Dóia tudo quando eu me ergui, aflita por não saber se corria o risco de ser atropelada. Zonza, vi o "Pare" pintado no chão e pensei: "Será que eu viajei??". Mas era a sinalização da rua lateral, claro, não da avenida.
Nesse turbilhão - em que não, minha vida não passou como um filme pela minha mente :oP - fiquei desesperada querendo saber da Joana. Tive PAVOR da ideia que nem quero repetir aqui. Mas logo ela veio rastejando para o meu lado. Nos arrastamos até o meio-fio enquanto o mundo parava de rodar, e ela disse, lentamente, com o rosto contorcido de dor: "Eu - quebrei - o pé".
***
O motorista do carro, meio apalermado, não sabia o que fazer. O motorista da kombi que vinha atrás de nós tentou "ajudar": tendo visto a colisão, quis arrancá-lo pela janela para dar porrada, enquanto gritava - "AGORA VOCÊ VAI SOCORRER!"
Entrar no carro dele não parecia a melhor ideia do mundo, dada a sua habilidade ao volante, mas o HC estava perto dali e qualquer outra providência ia demorar muito. Alguém arrastou a lambreta toda retorcida para a calçada e lá fomos nós.
Chegando ao HC, tomamos aquela canseira protocolar. Não paramos na recepção; nos levaram direto lá para dentro. Estávamos andando, mas capengas que só.
Nos momentos seguintes, entendi o quanto a informação dada por jornalistas após um acidente - "sofreu apenas escoriações" - dava uma ideia muito equivocada da realidade. As minhas "escoriações" - um ralado enorme no ombro e nas costas, fora os joelhos - equivaliam a "lixar o asfalto com a pele". E agora a enfermeira lixava a minha pele com algodão e iodo para tirar as partículas de asfalto. A musculatura e algumas juntas doíam, mas a limpeza era bem pior.
Terminado o primeiro atendimento, cadê os médicos para examinar direito? Nada - nada- nada. E nada. Atrás de uma cortina, vozes e risos. Depois de meia hora esperando, a Joana se enfezou e foi até lá. "Porra, não tem ninguém pra atender aqui?". "Joana???". Um dos médicos era primo dela :oP . Finalmente nos atenderam.
No meu caso, nada de mais sério. A Joana, apesar de outras dores, também não tinha nada a não ser os ferimentos superficiais.
NOT!!!
Já em casa, não suportava a dor no pé e no pulso. Foi a outro Pronto-Socorro e descobriu uma fissura em um e uma fratura no outro. :oP :oP :oP
***
Moral da história: não importa se a preferencial é sua; todo carro logo adiante é uma ameaça. Na rua transversal, na mão contrária, na sua frente, estacionado! Mantenha distância. Na dúvida, reduza a velocidade. Não adianta ter razão... O jeito é se precaver por você e pelas barbeiragens dos outros.
Ah, sim, e nunca mais eu saí de moto, nem no mais glorioso dia de verão, sem no mínimo uma calça jeans e uma jaqueta de tecido grosso. "Apenas escoriações", hmpf.
Sem capacete, eu já não saía nunca. E embora eu não me lembre de bater a cabeça no chão, ele deixou marcas semelhantes a um código de barra na altura das têmporas. Ou seja, não fosse por ele, talvez eu não estivesse aqui para escrever a história.
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