Hoje eu soube que um jornalista da Transparência Brasil formulou a seguinte pergunta para um vereador (ou para todos, nem sei): "A vereadora Soninha usou seu mandato para um projeto pessoal. O senhor pretende usar o seu também?".
Eu às vezes não entendo a visão que a Transparência tem de cargos públicos.
Como assim, "usei meu mandato"? Eu me candidatei em 2004, obtive um mandato como vereadora, o exerci tão bem quanto pude, fiz escolhas doloridas (que me levaram a ter muito mais dificuldades lá dentro) e, ao final, decidi que não queria mais um período como parlamentar, e sim disputar a prefeitura de São Paulo.
(Depois de, em 2006, em uma última tentativa de ser feliz no meu antigo partido, que vivia uma crise medonha, ser candidata a deputada federal - e disso eu me arrependo, sinceramente, porque fui sem convicção e foi horrível).
Isso é "usar" o mandato? Mais ainda, para um "projeto pessoal"?
Quer dizer que candidatos à prefeitura não são candidatos a um cargo público, voltado para a sociedade - são alpinistas sociais ou coisa parecida?
Juro, eu queria que ele me explicasse o que é "usar o mandato". Meus assessores parlamentares trabalharam intensamente pelo mandato, pela cidade, pela sociedade - não acompanhou o trabalho deles quem não se interessou, porque tudo era escandalosamente transparente. Se cometemos erros, se fracassamos em algumas coisas, não foi porque "usamos" a Câmara para outros fins.
Eu, aliás, sacrifiquei vários "projetos pessoais" para ser candidata a vereadora e, depois, candidata a prefeita.
No primeiro caso, fui dispensada da Rádio Globo, onde era comentarista. (A ESPN sempre segura a onda...). No segundo, saí do Saia Justa - onde, por uma gravação + reunião de pauta por semana, eu recebia quase o dobro do salário de vereadora. Ou de Subprefeita). Sem falar da vida familiar, que foi para o beleléu (um internauta chegou a dizer no chat do Terra: "Sua casa é muito bagunçada, como você pode querer governar a cidade?" Eu NÃO PARO em casa!).
Perdi duas Olimpíadas para ser candidata. Para quem não gosta de esporte, pode parecer ridículo. Para quem ama...
Agora, como Subprefeita - será que este é um "projeto pessoal"? - precisei sair também da Folha de São Paulo. Trabalho doze horas por dia e tenho um telefone que não desliga, como se eu fosse pronto-socorro. Todos os problemas nos 40 km² que me cercam são "meus". Adoro estar aqui, estou muito feliz, mas "vem ser Subprefeita pra ver como é bom" (parodiando a Marta, fula da vida com o Chico Pinheiro - fui e sou totalmente solidária a ela naquele caso).
Inacreditável como uma organização que se propõe a elevar o nível de conhecimento das pessoas sobre a administração pública pode fazer um julgamento tão canhestro.
Já que eu "usei o mandato", gostaria que eles me dessem um exemplo do que é "não usar". É sair da Câmara e nunca mais ser candidato?
O feio é ser candidato??
Concordo que a pergunta foi mal formulada, mas será que teve essa conotação? “Usar o mandato” é expressão difícil de explicar mesmo. Já a intenção de ser prefeita como sendo um “projeto pessoal” é mais fácil, porque não são coisas incompatíveis, desde que o exercício do executivo seja prazeroso na medida em que viabiliza eventual desejo de trazer melhorias pra cidade, o que me parece ser seu caso. O poder pelo poder é que uma merda.
ResponderExcluirÉ, vai ver a conotação não era negativa... Mas ainda acho mais provável que tenha sido!
ResponderExcluiras pessoas nunca estão satisfeitas
ResponderExcluirEu acho que a sociedade passa por um momento louco onde todo mundo acha que ser maduro e inteligente é praticar o cinismo e esperar sempre uma chande de apontar o dedo. Praticam isso para posar de "politicamente correto" (The horror, the horror).
ResponderExcluirAo menos a pergunta valeu pra vc revelar (aqui) qual seu projeto pessoal (sic) que é muito mais coletivo e nada individual, e a prova disto é a sra encarar a administração de uma subprefeitura!
ResponderExcluirUm "projeto pessoal"
ResponderExcluirDepende muito se cercar de pessoas
de CONFIANÇA ABSOLUTA, ajudando e vestindo
a camisa. i.é.
(digo dando sangue e suor, às vezes lágrimas)
Quanto às DEMAIS pessoas,
tentar a técnica da cenoura em frente ao focinho, digo nariz...
Metas a alcançar é bom
Quem não cumprir as "Tuas Metas"
que cumpra horário....
Um exemplo duvidoso mas esclarecedor
SEHAB-Aprov produz 150-200 processos mes
200/50 tecnicos = 1 proc/semanaqtécnico...
que pouquito...
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/habitacao/aprovacao_edificacoes/0001
QQUER hora tá sempre meio vazio.
Infelizmente você deixou a bola "kicar". Não foi eleita para nada e aceitou um cargo comissionado, acho que você terá que OUVIR essas colocações sem QUESTIONAR. Infelizmente concordo com a afirmação do portal Transparência Brasil. Você pode ser diferente dos outros ( e é) mas a atitude foi a mesma apesar de você ter mais credibilidade quando diz que tem boas intenções.
ResponderExcluirSe (segundo o portal)tudo até agora, foi um "projeto pessoal" seu, quero dizer que aposto muito nos seus objetivos.
ResponderExcluirSoninha, não dê atenção aos falsos moralistas. Siga em frente no seu corajoso trabalho, é o que importa. Fazer bem e com a consciência tranquila. Sâo Paulo só terá a ganhar com seu talento e sua vontade por mudanças. Um abraço.
ResponderExcluirSe serve de consolo, certo site de "transparência na política" andou listando como corruptos até políticos que tiveram processos abertos contra eles, foram absolvidos e devolveram processos de calúnia e difamação contra os acusadores.
ResponderExcluirPra não dizer que sugeriram na cara-dura a extinção do cargo de vereador!
Abrir processo, acusar, caluniar, todo mundo pode. Difícil é provar e arcar com as conseqüncias.