terça-feira, 26 de outubro de 2010

Campanhas, jornalistas, analistas

Participei de um debate agora pela internet, em programa da TV Câmara, sobre campanhas e internet. Uma professora de uma universidade de Minas Gerais (de Uberlandia, eu acho) disse que analisou os perfis de Twitter que mais retuitaram links para vídeos sobre aborto eram de pessoas que votam no Serra. Antes mesmo de eu falar, ela já adiantou: "Eu não acredito que a Soninha tenha comandado isso, mas foi o que a gente constatou aqui em medição". Ainda bem que ela não me atribuiu esse comando! Expliquei, mais uma vez, que a gente desencoraja a propagação de mensagens sensacionalistas, descontextualizadas, alarmistas, mentirosas. Que os nossos perfis oficiais, como ela mesma constatou, não passam isso adiante. Mas é compreensível que eleitores do Serra tenham identificado os vídeos como uma oportunidade - afinal, eles recomendavam NÃO votar na candidata do governo... E são pessoas de carne e osso, com seu próprio juízo, sobre as quais eu não tenho comando (nem quero ter!!). Não são robôs. Nessa hora a professora entendeu mal: "Nós identificamos os robôs e não os consideramos na contagem". "Eu sei, é isso que eu estou dizendo! Robôs propagam aquilo que foram programados para propagar. Pessoas fazem o que lhes dá na telha... Espalham o que eu não queria que espalhassem, mas cada uma responde por si!" *** No fim do programa, os analistas se queixaram da falta de temas realmente relevantes na campanha eleitoral, em vez da tal discussão sobre aborto. Um dos participantes observou: "Mas os temas realmente relevantes são complexos, áridos...". "Ah, mas quem quer ser candidato a presidência tem de estar pronto para discutir esses temas!". Faltou dizer que não são os candidatos que não querem discutir esses temas para valer - NINGUÉM quer. Afinal, quando os jornalistas tem suas oportunidades, perguntam sobre... Aborto, religião, fofocas, baixarias, acusações (que às vezes são relevantes sim. Não é porque um tema é "negativo" que é baixaria... ). *** "O Tony Blair esteve aqui e falou sobre a importância da Educação para o desenvolvimento", disse por fim um dos debatedores. "Eu não vi nenhum dos candidatos falando sobre isso". :o(   APESAR de os repórteres dificilmente fazerem perguntas nessa linha, nosso candidato falou MUITAS vezes sobre isso. Em entrevistas, debates, Sabatinas, eventos, discursos, artigos, textos publicados no site... Mas aí me lembra um dia em que eu morri de raiva do Galvão Bueno mais do que o normal. Ele pegava demais no pé do Alex, camisa 10 do Palmeiras. Narrando um jogo da seleção, ele ficou um tempão conversando com o Arnaldo enquanto o Alex fazia misérias em campo - dribles, passes, fintas, lançamentos. Dali a pouco, quando voltou a narrar o jogo propriamente, falou: "Alex não tá bem no jogo. Ainda não falei o nome dele. Ele não tocou na bola!". Campanha eleitoral é assim, sempre. "Os candidatos não tem propostas concretas". "Os candidatos não falam do que realmente importa". "Os candidatos só fazem análises rasas". Ainda por cima, botam todo mundo no mesmo balaio. Nosso candidato pode falar até ficar rouco sobre os erros da política econômica, a desindustrialização, a falta de política alfandegária que proteja o produto nacional, os desacertos na Educação que prejudicam nosso futuro, a necessidade de uma política ambiental corajosa, o dano causado pelo loteamento da máquina pública etc. Mas a maioria estará distraída, como o Galvão Bueno, e depois vai dizer: "Ele nem tocou no assunto". :o((((

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