domingo, 6 de fevereiro de 2011

"O Malabarismo Brasileiro para Frear a China"

Esse foi o título de matéria do Diário do Comércio publicada na sexta-feira, 4/02.
Algumas de suas informações:













A matéria trata de um estudo da CNI sobre competitividade, com informações da Agência Estado (os grifos são meus):

- Das empresas exportadoras brasileiras que competem com produtos fabricados na China, 4% DEIXARAM de exportar. 

- "21% das empresas consultadas registram importação de matéria-prima chinesa, denotando, segundo a CNI, um aumento da penetração do país asiático na cadeia produtiva brasileira. Além disso, 32% dessas empresas pretendem aumentar as compras de insumos do gigante asiático".

"(...) A valorização do real em relação à moeda norte-americana tem sido o fator determinante para que produtos brasileiros percam mercado para os chineses tanto no mercado internacional quanto no Brasil. A avaliação foi feita hoje, 3, pelo gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. 

Segundo ele, o aumento da concorrência nos últimos anos está diretamente ligado ao preço dos produtos chineses. O economista lembrou que os custos de produção no país asiático são consideravelmente menores que no Brasil por diversos motivos: os menores salários e encargos sobre a folha de pagamentos, as taxas de juros mais favoráveis, a menor tributação e burocracia para exportação, as menores exigências de conformidade para os produtos, a melhor eficiência de infraestrutura e a maior escala de produção.

No entanto, destacou Castelo Branco, apesar desses inúmeros fatores estruturais que dão vantagem à China no comércio internacional, a concorrência com os chineses aumentou justamente a partir do momento em que o câmbio brasileiro acelerou sua valorização. "As dimensões estruturais pouco mudaram nos últimos anos, a grande alteração está na valorização do nosso câmbio. Esse é o fator mais determinante para o aumento da concorrência e da penetração dos produtos chineses", avaliou.

Para o executivo, além da ampliação das estratégias para enfrentar a competição com a China, por via de redução dos custos e investimentos em qualidade e design, é preciso enfrentar a questão cambial. "É preciso ter menos dependência da taxa de juros para controle da inflação, pois o diferencial de juros brasileiro favorece a entrada de dólares no País e pressiona ainda mais a cotação da moeda. E se a gente não avança nas agendas de competitividade em uma velocidade adequada para enfrentar essa concorrência, o quadro se torna mais preocupante" completou.


A sondagem da CNI foi feita em outubro do ano passado e consultou um universo de 1.529 empresas".

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Todo mundo aqui conhece os fatos descritos acima por um ponto de vista ou por outro. Como consumidores, tá fácil - faz tempo que o Made in China invadiu o comércio e as nossas casas. Durante um tempo, o movimento Free Tibet - que eu apóio - pregou o boicote aos produtos chineses como forma de pressionar a China a devolver o Tibete aos tibetanos. Inútil... Primeiro, porque o boicote de meia dúzia de indivíduos (devemos ser apenas alguns milhares) "não faz cosquinha"* na balança comercial da China. Segundo, porque boicotar produtos chineses ficou quase impossível!


Quem tem um comércio ou uma pequena indústria ou trabalha nesses setores também sabe o sufoco que o setor produtivo brasileiro passa na competição desigual - e às vezes desleal - com os chineses. 

Quando fui vereadora, tive muito contato com um outro aspecto dessa competição - o trabalho análogo à escravidão em São Paulo. Milhares de bolivianos se submetem a condições desumanas de trabalho, trabalhando em oficinas de confecção clandestinas, costurando para varejistas de todos os tamanhos. Como um colega vereador observou na época, "é efeito colateral da concorrência com a China" - um jeito (desonesto, claro) de baratear a produção por aqui. 

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Durante a campanha eleitoral, o Serra cansou de falar sobre o processo de desindustrialização do Brasil, provocado por um conjunto de fatores - câmbio, juros, carga tributária, burocracia, falta de fiscalização, corrupção,  precariedade da infra-estrutura (energia, estradas, etc.). Tudo provado, comprovado, demonstrado, irrefutável. Com a desindustrialização, perdemos postos de trabalho, renda, receita e divisas. Damos uma vida mais fácil a quem tem dinheiro para girar no mercado financeiro do que a quem quer investir em produção e emprego. 

Mas a propaganda governamental foi mais convincente... As imagens do Brasil pujante iguaizinhas às da década de 70; ufanismo traduzido em praias e cachoeiras, portos e usinas, sorrisos morenos sob o sol generoso. Pouco importa que a refinaria inaugurada só faz casco de navio; que a obra em curso tinha sido prometida para anos atrás...

A mentira governamental foi aceita por muita gente. A 'herança bendita", amém. O fato é que o Brasil acaba de sair de um governo que oscila entre o medíocre e o horrível, e o atual tem compromisso com o engodo (afinal, é fruto dele) e vai continuar mentindo. Vamos ver por quanto tempo os filhos de Lula continuam se deixando enganar.

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