Arruaceiros pró-governo usaram bastões, machetes, espadas e navalhas na Praça Tahrir, na quarta-feira, tentando esmagar o movimento democrático do Egito, mas, para mim, o momento mais marcante de um dia repulsivo foi um de inspiração: ver duas mulheres enfrentando um bando.
Estava na Praça Tahrir, vendo jovens armados gritando em apoio ao presidente Hosni Mubarak e lutando contra os manifestantes pró-democracia. Todos, inclusive eu, tentavam abrir-lhes espaço. Pessoas feridas sendo carregadas aumentavam a tensão. Foi quando surgiram duas irmãs de meia-idade, Amal e Minna, caminhando em direção à praça a fim de se juntar ao movimento pró-democracia. Elas tinham a cabeça coberta, ao estilo muçulmano conservador, e pareciam tímidas e frágeis enquanto a turba as cercava, empurrava e gritava com elas.
Ao lado do pior da humanidade, encontra-se o melhor. As duas irmãs mantiveram-se firmes. Elas explicaram calmamente ao bando por que eram a favor da reforma democrática e escutaram pacientemente os gritos da multidão pró-Mubarak. Quando as mulheres se recusaram a ser intimidadas, os homens perderam o interesse e começaram a se afastar – e as duas continuaram a caminhar para o centro da Praça Tahrir.
(Trecho de coluna de Nicholas Kristoff, colunista do New York Times. Íntegra publicada no Diário do Comércio ).
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