terça-feira, 19 de abril de 2011

Belo Monstro

Deu no Diário do Comércio:

"A OEA que vá cuidar de outros assuntos. Não deste".
Ministro Nelson Jobim, da Defesa, sobre a intervenção da Organização dos Estados Americanos contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Ah, tá. E os povos indígenas que vão reclamar, deixe-me ver, com o Bispo.

***
Ontem o CQC abordou vários parlamentares em Brasília. "O sr é a favor da construção da Usina de Belo Monte?"
"Ah, sim, o Brasil precisa gerar mais energia elétrica, especialmente para os povos da região", blá-blá-blá.

Perguntados sobre a localização da Usina, erraram feio. "É no Nordeste", teimou um deles. Ao ser corrigido, insistiu: "É bom pra região".

(Obs: É no Pará, região Norte. Ao menos um deputado paraense sabia a resposta).

***
O CQC faz o que eu SEMPRE quis que jornalistas fizessem na Câmara Municipal - perguntassem para os vereadores se eles sabiam no que estavam votando.

Não precisa ser "pegadinha", tipo "o que quer dizer a sigla tal" - trocar "Democrata" por "Democrático", convenhamos, é o de menos.

Mas perguntar: "Do que trata o projeto a que o senhor acaba de votar favoravelmente?"; "Por que o senhor votou contra esse projeto?".

Os repórteres que cobrem a Câmara sempre perguntam isso para os líderes das bancadas. E os líderes sabem, porque foram eles, no Colégio de Líderes, que decidiram a pauta de votação e avisaram/ combinaram qual seria a posição de cada partido em plenário. "O PT vai obstruir"; "o PSB vai registrar voto contrário"; "o PDT vai se abster". Depois, no próprio plenário, na hora da votação, os líderes vão ao microfone e DIZEM (ou lembram) aos seus colegas de partido: "Liderança do PSB encaminha voto não". Nos dias mais agitados, há uma gritaria de última hora, vereadores chegam correndo de seus gabinetes e confirmam: "É sim, né?"; "PSDB vota não, né?".

Se o CQC perguntasse "É não por que?", muitos só seriam capazes de responder: "Foi como a liderança encaminhou a votação".

Pelo menos 80% não lê os projetos, não lê os pareceres, não estuda a pauta antes de começar a sessão plenária, não sabe nem o que está sendo votado quando aperta o botão "sim" ou "não".

Isso não é um segredo de bastidores, é público e evidente. As sessões plenárias são todas abertas e os votos não são secretos.

Cazzo, precisa ir o CQC lá perguntar o óbvio????

5 comentários:

  1. Vergonha...e tem gente que assiste e somente acha graça...é revoltante....triste tratar de assuntos assim como simples piada...antes fosse...comunidades indígenas e ribeirinhas que pagam a conta...

    Tubarão Dulixo

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  2. isso é Brasil.. somando-se a essa vergonhosa situação Nobre Soninha, no Brasil todo ainda temos que conviver com camaras municipais onde não existe sincronia no que a população realmente precisa e sim que é importante votar contra a oposição sempre.. o prefeito veta leis municipais importantes que a oposição definiu e os vereadores pouco fazem além de mudar nomes de ruas, atribuir nomes a escolas aos sindicalistas históricos da região e claro alocar da melhor forma todo o orçamento que lhe é devido seja lá de que forma for.

    Alexandre Melo
    http://twitter.com/ameloSBC

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  3. Gabinete, atualmente votamos no partido e indiretamente no deputado, o que me faz em partes entender o fato de muitos desconhecerem no que estão votando...
    Errado? não sei, mas o caminho para certo é a fiscalização junto aos partidos, para que respeitem o projeto de governo aprovado antes da eleição e é claro o estatuto do partido...
    Quanto ao Belo Monstro adorei o título mas faltou o conteúdo no post relacionado ao tema...
    ps. eu gosto muito de reticências... percebeu né?
    ps2. libere o perfil anônimo para postagem é melhor...

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  4. É incrível realmente o que se faz neste país, os candidatos que se elegem geralmente gastaram uma grande soma de dinheiro, na maioria das vezes não foi seu dinheiro, sua campanha foi financiada por alguém que vai cobrar posicionamentos seus favoráveis a ele em determinados assuntos, acontece que temos um congresso, assembleias legislativas e camarás municipais ridículas, com parlamentares que não sabem nem o que votam, mas votam para agradar o partido ou seus "patrocinadores".

    Se o Brasil quiser se tornar um país melhor, isso tem de mudar...

    Thiago LBM
    http://visaodeumponto.blogspot.com/

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