domingo, 28 de agosto de 2011

Belo Monte de Mentiras - 1

Hoje no Twitter o G1 chamou para uma série de matérias sobre Belo Monte. Lá fui eu passar a manhã de domingo com sangue-no-zóio, lendo sobre um dos assuntos mais enfurecedores dos últimos anos (concorrendo com TAV, "PAC", "Minha Casa, Minha Vida", Pré-Sal, etc.).

A cada nova busca, mais motivos para revolta. Então vamos juntar alguns pedaços.


Tema 1:  O "Desenvolvimento Social" - sempre a melhor justificativa para obras faraônicas, juntamente com o "progresso econômico", a modernidade etc


Veja o texto desta entrevista com a Secretária Municipal de Meio Ambiente de Altamira, em março do ano passado:



Zelma Costa: Altamira terá explosão populacional com Belo Monte

A liberação da Licença Prévia para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, na região de Altamira, no Pará, está preocupando a administração municipal por conta dos impactos sociais, econômicos e ambientais que podem trazer à região. Em entrevista à Clima em Revista, a secretário Municipal do Meio Ambiente, Zelma Luiza da Silva Costa, afirma que a perspectiva é que a população da cidade, hoje com cerca de 100 mil habitantes, dobre em poucos anos.

A liberação da Licença Prévia para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte já trouxe algum impacto para o município de Altamira?
Depois da Licença Prévia para o projeto, aumentou muito a procura de licenciamento para empreendimentos de impacto ambiental local, que devem ser autorizados no nível municipal. São empresas locais e de fora na área de prestação de serviços e que trabalham com materiais para emprego imediato na construção civil: areia, seixo, argila e barro para aterramento. Esse crescimento é basicamente na iniciativa privada.


Qual é a preocupação do município em relação a esse aumento de pedidos de licença?
Nossa preocupação é em relação à mitigação desse impacto da construção da usina no município. Como vamos dar conta de gerenciar esse crescimento? Até agora, não está ocorrendo nenhuma ação que prepare a cidade para recepcionar essas empresas e as pessoas que chegarão com elas. Hoje, continuamos com o mesmo número de leitos hospitalares, postos de saúde, escolas. Podemos vir a ter conflitos de gestão: nós já estamos precisando ter mais desses serviços, como vamos assistir quem cai chegar? É uma questão de respeito ao cidadão.


Qual é a expectativa de aumento populacional por conta da construção de Belo Monte?
Atualmente, a população de Altamira é de cerca de 100 mil habitantes e a expectativa imediata é que dobre o número de habitantes em um curto período de tempo. Vamos precisar de muitas políticas públicas. Há 40 condicionantes na Licença Prévia, mas não há nada efetivamente acontecendo até o momento.


Em que a população como um todo poderá ser afetada pela construção de Belo Monte?
O principal impacto para a cidade é a explosão demográfica, que é uma questão econômica, social e ambiental. Com isso, precisamos garantir a efetivação do atendimento para essas pessoas e a qualidade dos serviços, sejam públicos ou privados. Até a questão dos alimentos nos supermercados será impactada. Atualmente, nosso abastecimento vem de fora. Nossa produção agrícola é mínima, não conseguimos abastecer a população. Parte dos alimentos, a parte agrícola, vem de regiões próximas, mas tudo o que é industrializado vem do centro-sul do país (...)


Nesse contexto de desabastecimento, uma política de incentivo ao agricultor familiar para a produção de alimentos, como as agroflorestas, não seria uma das alternativas a serem seguidas?
Sim, mas precisa haver estímulo técnico e financeiro para que os produtores rurais possam atender à demanda. Com o trabalho manual que temos hoje, é difícil atender. Outra preocupação é que os chefes de família rurais possam migrar de seus lotes para os canteiros de obras e quebrar a cadeia produtiva rural. É um processo instantâneo que tornaria ainda mais caótica a situação rural. A única maneira de evitar o êxodo rural é com incentivos.

OU SEJA:

*A cidade JÁ TEM dificuldades com abastecimento. A agricultura é rudimentar - e não precisa ser "agribusiness" para ser mais produtiva, basta ter algum investimento em tecnologia, implementos, etc. A indústria fica no "centro-sul". E a população vai DOBRAR. São 100 mil, chegarão MAIS 100 MIL.

A previsão é OFICIAL, veja:
















*A cidade JÁ TEM dificuldades para oferecer moradia, saúde e educação para a população. Imagine o dobro disso. Sem contar os milhares de desalojados ou atingidos pela própria Usina (alagamento, desmatamento, remoção para construção do canteiro de obras, redução do fluxo do rio depois da barragem etc).

*Muita gente vai chegar para A CONSTRUÇÃO DA USINA. Terminada a construção, esse povo vai fazer o que?

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