(Mais um capítulo de Minha Vida em Duas Rodas)
Minha lambreta querida me deixou MUITO na mão. Quebrou nos lugares e horários mais fantásticos. Freqüentou a oficina do Menon com uma regularidade que me fazia pensar se eles não estavam tendo um caso.
O bom de uma Vespa 86 de terceira mão com partida no pedal, cheia de adesivos de campanha eleitoral etc, é que tem zero valor de roubo. Então não foram raras as ocasiões em que eu lhe disse: “Não quer seguir viagem comigo? Então fique aí, que eu vou embora de táxi”. E larguei ela falando sozinha, ah, larguei mesmo. Na Marginal Pinheiros, na Rua do Bosque ao lado da linha do trem...
A santa criatura empacou em lugares tão inóspitos, mas tão inóspitos, que uma vez recebi um telefonema preocupado do meu irmão, de manhã bem cedo: “Sonia, tá tudo bem com você? É que eu recebi uma ligação da Polícia, informando que encontraram a Vespa abandonado ao lado de um matagal...” (o documento continuava em nome dele :oP).
Em outra ocasião, foi o porteiro do meu prédio que avisou pelo telefone: “Dona Soninha, tem dois PMs aqui procurando pela senhora”. Eu: “Mas aquele processo de apologia já não foi encerrado?” (#aloca). Eles só queriam me avisar que os bandidos tinham largado a Vespa em um lugar estranho nas imediações, e depois de localizar o endereço da proprietária, tinham vindo comunicar onde estava para que eu fosse buscar.
Mas embora eu tenha me dito um milhão de vezes, em momentos de fúria, “Agora ACABOU. Não existe mais nada entre nós. Eu preciso de uma parceira em quem eu possa confiar!”, o fim do relacionamento foi amistoso. A sentença foi dada por um cicloativista: “Você defende as bicicletas e anda por aí em um veículo que polui mais que um automóvel?”.
#Mepegou. Ele tinha razão. Antes eu não sabia disso, mas a partir do momento em que soube, não podia mais ignorar. Resolvi aposentar a bichinha. Meu cunhado ficou com ela, com a condição de que fizesse dela peça de museu. Se fosse para rodar por aí, continuaria poluindo sem mim... A separação foi tranqüila, bendito treinamento budista em desapego.
Ainda acho que as duas rodas ajudam a economizar também o combustível dos outros, os em quatro-rodas (uma vez que ocupo menos espaço no asfalto), mas então era hora de procurar outros motores menos empesteantes (uma vez que me disseram que o dois-tempos da minha lambreta não tinha jeito). Como uma resolução do CONAMA tornava as exigências para motores de moto mais rigorosas a partir de 2005, resolvi que essa seria a data limite da fabricação. E acabei comprando uma moto 2006, o primeiro veículo zero da minha vida.
Fomos felizes, mas durou pouco. Ela se mandou com um malandro e me deixou desolada no meio fio da Padre Chico, em frente ao Zuleica (escola estadual), me perguntando: “Mas foi aqui mesmo que eu a deixei?”. Meia hora no consultório do dentista foi o tempo para que ela sumisse, e nunca mais soube do seu paradeiro.
Outros relacionamentos vieram, estes com menos liberalidade da minha parte. Adotei correntes, segredos, alarmes, rastreadores. Não adiantou. O submundo do crime tem armas “de sedução” às quais elas não resistem. Me levaram mais duas – felizmente, foi sempre furto e não roubo.
Hoje tenho uma moto zero outra vez, mas ela fica chateada comigo, porque quase não sai da garagem. Aí na hora de trabalhar, faz pirraça, não pega... E rola um ciuminho da frota de bicicletas, mas é bobagem. No meu coração e na minha rotina tem espaço para todas elas.
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