quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Eu e ela - Parte 1

(Mais um capítulo da Minha Vida em Duas Rodas)


Ao longo de duas décadas, eu e minha Vespa tivemos uma das relações mais intensas da minha vida.


Como previa o plano inicial, ela me levou à faculdade “infinitas” vezes. Fez a ponte-viária Santana-Butantã (USP)-Sumaré (MTV e, depois, ESPN)  em tudo quanto é horário e condição climática. Enfrentou o movimento da Wizard X Morato Coelho (morei em cima do Sujinho, pra quem conheceu...) em noites e madrugadas intensas, em que até pedestres tinham dificuldade em encontrar seu espaço no asfalto. Conheceu a América Online na Marginal Pinheiros e o estúdios da GNT na Barra Funda (Saia Justa).

Freqüentou Heliópolis (fui voluntária da UNASS, União de Moradores, por dois ou três anos) e Brasilândia (dei aulas de inglês na "Sala 5" por 3 ou 4 anos). E agüentou uma campanha de vereadora e mais de dois anos de mandato!
               
Tivemos nossos desentendimentos, naturalmente. A colisão (esta aqui) não foi culpa dela, tadinha – e ela levou a pior, comparando com minhas escoriações. É incrível que tenha voltado a rodar... Em outras ocasiões ela me levou ao chão por causa de uma incapacidade inata de lidar bem com chão molhado.

Todo mundo olhava para a lambreta e dizia: “Mas com essas rodinhas, não é perigoso? Tanto buraco...” Pois ela enfrentou verdadeiros enduros no asfalto e nunca me deu um chão por causa de buraco. E olha que eu peguei uns violentos – uma vez o tranco foi tão forte na descida da Cardoso que o espelho caiu! Mas nós “aterrissamos” em pé e seguimos em frente, xingando a administração municipal, a Sabesp e as mães delas. 

Já quando a questão era frear na chuva... A Venus Calipígia dos veículos de duas rodas rebolava um pouco além da conta em piso escorregadio. Às vezes fazíamos um “S” deselegante no asfalto e seguíamos em frente; às vezes saia um “Z” e íamos as duas ao chão. Na pior das ocorrências desse tipo, trinquei o nariz – e nunca mais usei capacete sem a proteção no queixo (eu aprendo, eu aprendo). Na mais Cirque de Soleil, a Vespa dançou em uma poça de óleo em uma descida CABULOSA e eu consegui saltar e descer a ladeira correndo enquanto ela se arrastava até parar no fim da rua.

E houve os dias em que eu lembrei de Elvis, a televisão e o revólver. Em que o tanque de gasolina me parecia um convite para um fósforo aceso. Em que namorei a ideia de jogar minha Vespa no Tietê. Porque ela se recusava a sair da cama e eu já tinha cãibras de tanto “pedalar” tentando dar a partida ou porque, já no meio do expediente, ela resolvia que já tinha trabalhado demais por hoje, fim.

(continua...)

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