Olhando da rua, uma central de triagem parece um monte de lixo. Não é... Ou melhor, não era pra
ser, em um mundo civilizado e um país educado.
***
Já foram 67 cooperados, hoje são 54.
“Pessoal tem saído muito pra construção civil e firma de
limpeza. Eles perguntam quanto vão ganhar aqui e a gente explica que depende da
produtividade da Cooperativa; depende do esforço de cada um e de todo mundo.
Eles preferem sair pra firma com carteira assinada e ter a garantia do mínimo”.
Com menos gente, é mais difícil processar o material -
separar, prensar, embalar. Mas eles não conseguem mais mão-de-obra.
“A gente tenta fazer parceria com os albergues, mas a
Assistência Social não dá suporte. E as pessoas tem dificuldade em assumir
compromisso, tem dificuldades de Saúde Mental... A pessoa vem aqui, trabalha um
mês, vê que tirou um bom dinheiro, gasta tudo e não volta mais. Tem de ter
acompanhamento, orientação”.
Os cooperados tem tirado R$1.200 por mês. Algumas empresas
doam cestas básicas como contrapartida pela retirada de material reciclável;
outras pagam por esse serviço.Contribuem com o INSS e tem direito a um mês de
férias remuneradas.
“Os “veteranos” já podem contar com auxílio do INSS, mas se
a pessoa tem menos de um ano de contribuição e fica doente, não tem como tirar
o benefício. Por isso seria bom se a prefeitura garantisse um mínimo por
cooperado; atrairia outras pessoas para cá e daria uma garantia para os que
estão”.
***
O convênio com a administração municipal bem que precisa de correções
e adendos. Hoje, no caso da CooperAção, a central de triagem que visitamos na
Leopoldina, a prefeitura: 1) paga os R$75mil de aluguel pelo terreno (que precisaria de uma
série de adaptações); 2) paga o aluguel de dois caminhões pequenos e quatro
grandes; 3) paga água e luz.
O resto é por conta deles: reparos, manutenção, seguro e
abastecimento dos equipamentos e veículos próprios (empilhadeira, bobbycat,
dois caminhões), administração - da cooperativa em si, das dificuldades e conflitos...
Que são maiores em outros lugares.
“Aqui onde nós estamos não falta material - e material bom,
que muita cooperativa da Zona Leste nunca vai ter que chegue”.
Uma parte do “material bom” era retirado do prédio dos
Correios, pertíssimo dali. “Vinham cento e poucas toneladas de lá de dentro”.
Depois o Decreto 5.940 determinou uma concorrência para o serviço de coleta
seletiva na administração pública federal e, conforme a classificação, eles vão
voltar a retirar no primeiro semestre do ano que vem. O que não acharam mau,
porque a retirada no começo do ano diminui.
Hoje são (ainda!) 21 centrais conveniadas com a prefeitura.
Não conveniadas, “mais de cem”. Tem problemas de documentação e não conseguem
cumprir todas as exigências legais. Coisa que é comum a tudo quanto é
empreendedor na cidade e, se em todas as situações a ajuda do poder público
seria bem-vinda (a burocracia pode levar um empreendedor à loucura), nesse caso
mais ainda.
Antes havia reuniões periódicas na Limpurb, agora não tem
mais. Uma vez por mês há o encontro do Movimento Nacional dos Catadores para
discutir os problemas da cidade de modo geral.
***
Uma dificuldade básica das cooperativas é circular e
estacionar seus caminhões. Que NÃO SÃO considerados, à luz da legislação, como
parte “serviço essencial”, excluído do rodízio. Só os V.U.C.s podem circular
sem as retrições aplicadas aos veículos de carga.
Diante dos condomínios, nem sempre encontram lugar para
parar. Na minha rua (eles coletam de prédios vizinhos nas segundas à tarde),
razoavelmente larga e tranquila, param em fila dupla sem maiores problemas. Na
maioria dos destinos não é assim. Eles param e logo vem um funcionário da CET: “Sai
daí já”! Ideal seria ter uma vaga reservada no dia da coleta, mas teria de ser
oficial - eles mesmos não podem usar cones para reservar. Motoristas a serviços
da cooperativa já foram multados por causa disso.
Para coletar o reciclável do Sesc Pompeia, por exemplo, o
caminhão parava diante da porta de serviços, no primeiro quarteirão da avenida
Pompeia - que não tem tráfego pesado na maior parte do dia. Um dia veio a CET: “VOCÊS
TEM QUINZE MINUTOS”. Eles correram o quanto puderam... e tiveram de deixar uma
parte do material lá mesmo.
Na Avenida Imperatriz Leopoldina, que é “do lado” da central
de triagem, eles não coletam nada porque não há onde estacionar. Às vezes os
cooperados vem arrastando o material por alguns quarteirões. A CooperAção não
trabalha com carrinhos: “Nós acreditamos que nenhum ser humano nasceu pra puxar
carroça”.
***
Eles tem EPIs, Equipamentos de Proteção Individual,
fornecidos pela prefeitura - de quatro em quatro anos mais ou menos... UM par
de botas por cooperado, DUAS calças, DUAS camisetas. Só as luvas vem em
quantidade razoável.
***
A Loga, empresa concessionária que atende a região, destina
de material coletado em domicílio. Mas ela manda, como já vi aqui mesmo na
minha rua, o caminhão compactador - que, evidentemente, não só mistura mas soca
o material. “Se vem até 3.500 toneladas, ok. Se passa disso, esquece, não dá
para aproveitar quase nada. O vidro, por exemplo, já virou farelo”.
“E a Loga recebe da prefeitura pelas toneladas que coleta e
traz para cá. A gente separa e evita que muitas dessas toneladas deixem de ir
para os aterros, mas a cooperativa não recebe nada da prefeitura por esse serviço”.
Compactado ou não, o material reciclável vem “batizado” pela
falta de educação geral. “Mandam fralda suja... Saquinho com cocô de
cachorro... “Moddess” usado, cachorro morto. E não vem de lugar “ruim” não...
De condomínio bom, do Sesc...”
***
Pra piorar, tem a desonestidade - por omissão, que seja. Existem materiais que pessoas educadas, informadas e conscientes encaminham para a coleta seletiva porque acredita serem recicláveis - até porque é isso que a embalagem informa. Mas é MENTIRA. Ou são recicláveis “em tese”, mas na prática “não tem saída”. A empresa que utiliza essas embalagens teria - tem - a obrigação de saber disso. É o caso de frascos de shampoo de PVC, ou uma PET branca opaca que “é quase PVC”. “Bandeja tem de três tipos e só uma delas vai para a reciclagem”.
Pra piorar, tem a desonestidade - por omissão, que seja. Existem materiais que pessoas educadas, informadas e conscientes encaminham para a coleta seletiva porque acredita serem recicláveis - até porque é isso que a embalagem informa. Mas é MENTIRA. Ou são recicláveis “em tese”, mas na prática “não tem saída”. A empresa que utiliza essas embalagens teria - tem - a obrigação de saber disso. É o caso de frascos de shampoo de PVC, ou uma PET branca opaca que “é quase PVC”. “Bandeja tem de três tipos e só uma delas vai para a reciclagem”.
Fiquei chocada com um desses frascos que é de refil de um
cosmético. A gente compra achando que está economizando embalagem e é o
contrário. Esse material vai para o lixo como rejeito! Ao menos com a política
de logística reversa a empresa vai ter de arcar com a responsabilidade e o
custo do ciclo completo do que “põe no mundo” - aí vão ver quanto pesa.
***
O site da CooperAção é http://www.cooperacaoreciclagem.com.br
oie!
ResponderExcluircomenta um pouco sobre o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos do município de São Paulo para 2013-2016!
fiz uma procura porca e não encontrei o documento. se vc tiver, publica, por favor...
segundo http://www.ecodebate.com.br só 10% dos municípios brasileiros (488) entregaram para o MMA o plano até dia 02/08 prazo final para não perder os recursos.
Será que nosso Kassab entregou o de sampa?
MMA até elaborou um manual e a quem interessar possa segue link: http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/manual_de_residuos_solidos3003_182.pdf
#sorte
oie achei...
ResponderExcluirhttp://www.ecodebate.com.br/2012/08/02/apos-dois-anos-prefeitura-de-sao-paulo-lanca-plano-de-residuos-solidos-sem-metas/
Após dois anos, Prefeitura de São Paulo lança plano de resíduos sólidos sem metas! 8<(
Vcs poderia propor as metas no plano! 8>)
#sorte