quarta-feira, 4 de julho de 2012

Vai, Pamela, vai...


Acho que vai dar Corinthians.
Se fosse só uma questão de “quem tem mais futebol”, os argentinos sequer estariam na final. Esse ano o Boca tem um time mequetrefe, mas... “tem camisa”, essa coisa mística que explica algumas coisas no ludopédio.
O Corinthians fez uma campanha muito boa, tem um time redondo (dessa vez o time, não um jogador ehehe), coeso, firme, os jogadores estão numa “vibe” muito legal (o Castán e o Fabio Santos falando do Romarinho em uma entrevista outro dia, rachando o bico com a ousadia da “cavadinha”, foi  muito divertida), a torcida tá feliz e não raivosa (o que poderia fazer com que o nervosismo virasse impaciência, mesmo com a tradição corintiana de apoiar o time no-matter-what). Saiu da Bombonera não só com um resultado muito, muito bom (o Telê, por exemplo, não se incomodava de perder de 1x0 fora de casa), mas obtido de maneira gloriosa. Realmente, santa cavadinha, Batman.
(A capa de um jornal esportivo saiu com uma manchete muito boa no dia seguinte, certamente reservada para ocasião afortunada como essa - “O Cala Boca”, com foto do Romarinho. Se eu fosse corintiana, emoldurava).
Se eu to feliz com o palpite? Triste também não estou. Sou meio molenga às vezes. Adoro golear mas fico com dó do time que perdeu, passo tanto nervoso com pênaltis que nem assisto mas depois fico arrasada por causa do adversário que, pra nossa alegria, perdeu a cobrança.
Quando comecei a me interessar por budismo, achei que, para ser budista, teria de abdicar do futebol - uma alegria composta inextricavelmente da tristeza dos outros. E a gente, no budismo, não só se compromete a não torcer pelo mal de ninguém como a se regozijar com a alegria do outro - afinal, nosso anseio é que ninguém seja assolado pelo sofrimento, ao contrário, que todos possam ter os meios e as razões para sua felicidade. As pessoas já se atrapalham bastante querendo ser felizes e achando que estão fazendo tudo certo, não precisam da nossa contribuição para se danarem :o(
Mas pude ser budista e continuar palmeirense rs. É jogo, é brincadeira, a gente ri  e se diverte da cara do outro como ele vai zoar com a da gente. Levar isso tudo verdadeiramente a sério é tão equivocado quanto levar qualquer outra coisa na vida estupidamente a sério, sem se dar conta de que tudo tudo tudo, sucesso ou fracasso, alegria e tristeza, tesão ou desalento, amizade ou inimizade, arte ou entretenimento, é ilusão, é sonho, não é tão real quanto parece. Mas a gente aprender a examinar a coisa além daquele instante em que elas nos atingem como se não houvesse amanhã não nos exime da seriíssima determinação em não causar mal aos outros seres. O que, com todo o empenho do mundo, não é nada fácil.
Semana passada, quando achei que o Corinthians tinha tomado 2x0 (não estava vendo o jogo, tudo o que ouvi foram duas sequencias de rojão com berreiro indecifrável - “vai Corinthians” ou “chupa Corinthians”? ) fiquei morrendo de dó. Pô, eles estavam tão felizes... O pai da Julia, os estranhos completos, a Pamela, o Luis Nader, a avó daquele jogador, a cidade de Palestina...
Aí eu vi que o segundo foi daquele ET daquele Romarinho e fiquei meio decepcionada ehehe. “Que dó que nada, filhas-da-mãe!”.
Só que hoje, me custa reconhecer, não consigo querer que amanhã os corintianos estejam todos unidos em um imenso clima de velório. Estaríamos todos histericamente em festa - palmeirenses, santistas, sãopaulinos, gremistas, cruzeirenses, colorados etc etc. Mas pô, deixa os caras vai. Uma hora, depois de décadas, eles iam acabar chegando onde a gente já chegou ehehehe.
Acho que vai ser sofrido. Acho que vai para os pênaltis. Mas todo torcedor sabe que quando dá certo é ainda mais gostoso, e eles ainda se gabam de serem “maloqueiro-e-sofredor”.
Vai Corinthians, vai... Mesmo sabendo que amanhã (e ainda hoje) vocês vão ME ENCHER MUITO O SACO.
E vou te falar, se não fosse a <3 Pamela <3, não sei não. 

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