domingo, 16 de agosto de 2015

ImpeachOQUE?

Quem tem a minha idade – 47 – já ouviu essa palavra antes. Mas no começo da década de 90 era novidade, a gente não sabia bem como falar, muito menos escrever. Dava a entender que tinha a ver com piche, pichação... Eu lembrava das histórias de gibi em que jogavam piche e penas em algum malfeitor como castigo. Mas quando explicavam que “impeachment” quer dizer “impedimento”, já ficava mais fácil de entender.

Na época, tínhamos acabadado de eleger um presidente por voto direto pela primeira vez depois de muito tempo. Para minha geração, era inédito. Quando nasci já estávamos na ditadura militar, e ficávamos assistindo à troca de presidentes sem poder fazer muita coisa. O governo fazia um anúncio na TV - algo do tipo “saiu o nome do novo presidente, é o General Fulano de Tal”.

Depois de muita luta, reconquistamos o direito de escolher o presidente, e o primeiro vitorioso nas urnas foi Fernando Collor de Mello. O povo adorou o discurso dele de “Caçador de Marajás” - esse era o nome dado aos funcionários públicos que ganhavam salários altíssimos e trabalhavam muito pouco ou nada. Dizia que tinha acabado com esses privilégios quando era governador de Alagoas. Se hoje, com internet e tudo, ainda é possível enganar as pessoas que estão perto ou longe, quanto mais naquela época...
Em 1992, o irmão de Collor deu uma entrevista acusando o tesoureiro da campanha presidencial, o empresário PC Farias, de articular um esquema de corrupção dentro do governo. Era propina pra cá, dinheiro desviado pra lá... Aos poucos foram aparecendo outras denúncias confirmando e dando detalhes do esquema.

Em um domingo de sol, fui para a frente do Teatro Municipal vestida de preto com meus amigos da faculdade e minhas filhas pequenas para pedir "Fora Collor". Algum tempo depois, uma equipe da MTV, onde eu trabalhava, saiu para fazer a cobertura da grande manifestação de estudantes na Avenida Paulista com a mesma motivação. Eu me lembro da discussão na redação - não era uma emissora jornalística, mas não podíamos deixar de registrar!

Agora as ruas estão sendo tomadas novamente por apelos de "Fora presidente" (Dilma, claro) e no dia 16 de agosto vai haver manifestações no Brasil inteiro. Eu vou. Tem sempre uns doidos, extremados ou "apenas" equivocados, a fim de violência, golpe militar, derrubada na marra. Eu não. Só quero que o Brasil acerte seu rumo outra vez.

Soninha Francine ainda não decidiu se vai de branco, verde-amarelo, vermelho...

2 comentários:

  1. "Só quero que o Brasil acerte seu rumo outra vez"... com certeza é o que todos desejamos... fui no movimento na cidade de Santo André/SP, houve umas 4.000 pessoas... foi interessante.

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