quinta-feira, 6 de outubro de 2016

De Braços Abertos "versus" Recomeço

Por que não gosto do "programa" De Braços Abertos:

1) Não é um "programa", é uma soma de ações mal integradas:

a) Estadia (os beneficiários ficam em um hotel, não em residências terapêuticas. É um local para dormir, não para morar).

b) Trabalho

c) Oficinas e outras atividades

d) Auxílio financeiro.

O atendimento em Saúde não faz parte, acreditem, do Braços Abertos. Entidade contratada: .....

Continuo no próximo post.

Uma das maiores lutas dos movimentos antiproibicionistas é deixar claro que uso abusivo ou dependência de drogas, lícitas ou ilícitas, é uma questão de atendimento em Saúde. Os CAPS, Centros de Atenção Psicossocial, são unidades de atendimento que fazem parte do SUS, Sistema Único de Saúde.

Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS são serviços da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS abertos destinados a prestar atenção diária a pessoas com transtornos mentais. Os CAPS oferecem atendimento à população, realizam o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os CAPS também atendem aos usuários em seus momentos de crise.
O CAPS apoia usuários e famílias na busca de independência e responsabilidade para com seu tratamento.
Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com a pessoa, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.
Dispõe de equipe multiprofissional composta por médico/psiquiatra, psicólogos, dentre outros.("Observatório Crack, é Possível Vencer" - http://www.brasil.gov.br/observatoriocrack/cuidado/outros-centros-atencao-psicossocial.html)

Alguns são específicos para o tratamento em álcool e drogas, havendo inclusive unidades 24 horas:

"O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (CAPS AD 24 horas) é um serviço específico para o cuidado, atenção integral e continuada às pessoas com necessidades em decorrência do uso de álcool, crack e outras drogas.

Seu público específico são os adultos, mas também podem atender crianças e adolescentes, desde que observadas as orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).


Leitos em enfermarias especializadas
Cuidado
Os leitos de saúde mental em hospitais gerais são serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que oferecem suporte hospitalar de curta duração. São utilizados apenas em situações de urgência/emergência decorrentes do consumo ou abstinência de álcool, crack e outras drogas, bem como de outras doenças associadas ao uso de drogas. Atuam como retaguarda para a RAPS e demais serviços de saúde do município ou região de saúde.
A internação deve preparar os pacientes para retomar seu tratamento nos CAPS e outros serviços da RAPS após a alta.
Funcionam em regime integral, nas 24 horas do dia e nos 7 dias da semana, finais de semana e feriados, sem interrupção da continuidade do cuidado.
Como acessar
Acesso por encaminhamento:
Os pacientes são encaminhados para internação pelos Centro de Atenção PsicoSocial - CAPS e pelos serviços de pronto-atendimento e pronto socorro.


Os CAPS AD 24 horas oferecem atendimento à população, realizam o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os CAPS também atendem aos usuários em seus momentos de crise, podendo oferecer acolhimento noturno por um período curto de dias.
O CAPS apoia usuários e famílias na busca de independência e responsabilidade para com seu tratamento.

Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, que possam garantir o sucesso de suas ações, preocupando-se com a pessoa, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.
Dispõe de equipe multiprofissional composta por médico psiquiatra, clínico geral, psicólogos, dentre outros". (Fonte: http://www.brasil.gov.br/observatoriocrack/cuidado/centro-atencao-psicossocial.html).

A Rede Nacional tem 308 CAPS AD, do quais 59 são CAPS AD-III, sendo 4 destes na cidade de São Paulo.

Consultório de Rua
Equipes de saúde móveis que prestam atenção integral à saúde da população em situação de rua, considerando suas diferentes necessidades de saúde, e trabalham junto aos usuários de álcool, crack e outras drogas com a estratégia de redução de danos. Essas equipes possuem profissionais de várias formações que atuam de forma itinerante nas ruas desenvolvendo ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde, CAPS, Serviços de Urgência e Emergência e outros pontos de atenção.

Serviço de Abordagem Social na Rua
Cuidado
O Serviço de Abordagem Social é realizado nos espaços públicos com maior concentração de pessoas em situação de risco pessoal e social que podem estar associadas ao uso de drogas. Desse modo, tem um papel importante na identificação dos territórios com maior concentração dessas situações de risco, por meio de aproximação gradativa, construção de relação de confiança e encaminhamentos para acesso a direitos e à rede de proteção.
Oferta atenção às necessidades mais imediatas dos indivíduos e família atendida. Busca promover o acesso à rede da Assistência Social e das demais políticas públicas na perspectiva da garantia de direitos.
Esse serviço é ofertado pelos Centros de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS ou unidade específica a ele referenciada ou pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua - CENTRO POP.
As equipes desenvolvem o serviço nas ruas e têm participação proativa nesse processo, a partir da vivência nos territórios. Atuam conjuntamente com os Consultórios na Rua, serviço do Sistema Único de Saúde.
Como acessar
Acesso direto:
Para acesso aos serviços, as pessoas podem ir diretamente ao CREAS ou CENTRO POP ou por meio de abordagem realizada nas ruas.
Acesso por encaminhamento:
Realizado pelos Centros de Referência de Assistência Social - CRAS, Sistema Judiciário, Conselhos Tutelares, Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente, demais serviços da Rede de Assistência Social.
Rede Nacional Existente

A Unidade de Acolhimento Adulto - UAA é um serviço da Rede de Atenção Psicossocial que oferece acolhimento transitório às pessoas de ambos os sexos, com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Elas funcionam como casas onde as pessoas que estejam em tratamento nos CAPS tem apoio profissional e podem viver por um período. Acolhem até 15 adultos por até 6 seis meses, apoiando seus moradores na busca de emprego, estudo e outras alternativas de moradia. São espaços abertos, de acolhimento sempre voluntário.

Comunidades Terapêuticas
Cuidado
São Instituições privadas, sem fins lucrativos e financiadas, em parte, pelo poder público. Oferecem gratuitamente acolhimento para pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de drogas. São instituições abertas, de adesão exclusivamente voluntária, voltadas a pessoas que desejam e necessitam de um espaço protegido, em ambiente residencial, para auxiliar na recuperação da dependência à droga. O tempo de acolhimento pode durar até 12 meses. Durante esse período, os residentes devem manter seu tratamento na rede de atenção psicossocial e demais serviços de saúde que se façam necessários. São Paulo tem 6


As Comunidades Terapêuticas mantêm sempre um responsável técnico de nível superior legalmente habilitado, bem como um substituto com a mesma qualificação.
No processo de admissão, a Comunidade Terapêutica deve garantir:
o respeito à pessoa e à família, independente da etnia, credo religioso, ideologia, nacionalidade, orientação sexual, antecedentes criminais ou situação financeira;
a orientação clara ao usuário e seu responsável sobre as normas e rotinas da instituição, incluindo critérios relativos a visitas e comunicação com familiares e amigos;
a permanência voluntária;
a vedação a qualquer forma de contenção física, isolamento ou restrição à liberdade;
a possibilidade do usuário interromper a permanência a qualquer momento,;
a privacidade, quanto ao uso de vestuário próprio e de objetos pessoais.
Como acessar
Acesso direto:
As Comunidades disponibilizadas no Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas www.obid.senad.gov.br podem ser procuradas diretamente.
Acesso por encaminhamento:
Encaminhamento realizado por Centro de Atenção Psicossocial - CAPS como parte do projeto terapêutico de seus usuários.

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/01/programa-reduz-em-80-total-de-usuarios-na-cracolandia-diz-prefeitura.html
Programa de assistência social 'De Braços Abertos' completou 1 ano.
1.500 usuários por dia circulavam na região e agora são 300, diz Prefeitura.
Desde janeiro de 2014, o programa social paga R$ 15 por dia trabalhado aos dependentes químicos da Cracolândia. Os usuários fazem trabalhos de zeladoria, moram em hotéis da região e fazem três refeições diárias.

A região chegou a concentrar 1.500 usuários diariamente entre a Alameda Cleveland com a Rua Helvétial, onde atualmente circulam 300 pessoas em média. Com isso, os dados sobre a criminalidade também tiveram queda na região, de acordo com a secretaria.
Aliado à presença mais ostensiva da polícia na região, o programa contribuiu para diminuir em 80% os roubos de veículo e de 33% no furto em relação a 2013, ainda segundo a pasta. O número de prisões na região aumentou em 83%, número impulsionado pelas detenções por tráfico de drogas.
No entanto, os barracos montados nas calçadas, que haviam sido retirados no início do ano passado, voltaram ocupar as vias públicas .
A Prefeitura diz ter realizado mais de 54 mil atendimentos de saúde aos dependentes químicos. Foram 9.668 atendimentos médicos aos beneficiários do “De Braços Abertos”, sendo 2.787 atendimentos médicos de rotina e 6.881 realizados pelas equipes multidisciplinares. Além disso, foram realizadas 21.145 abordagens nos locais onde alguns usuários se concentram para consumir drogas e 21.246 acompanhamentos dos usuários.
Neste mês, o programa conta com 453 usuários cadastrados, sendo 286 homens e 167 mulheres. Eles são acompanhados pelas equipes de assistência social, saúde, cultura, esporte e lazer da Prefeitura.
Um ano do programa “De Braços Abertos” em números
453 beneficiários cadastrados
54 mil atendimentos de saúde aos dependentes químicos
599 atendimentos odontológicos
21 beneficiários em processo de autonomia e trabalhando fora do programa.
321 trabalhando no serviço de varrição de ruas e limpeza de praças
490 pessoas conseguiram novos documentos
Redução de 80% no fluxo de usuários a longo dos últimos 12 meses
2.486 pedras de crack apreendidas pela GCM

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/12/1567423-programa-anticrack-de-bracos-abertos-da-prefeitura-de-sao-paulo-tem-tido-exito-sim.shtml


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4,3 mil



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ANTONIO LANCETTI: SOLUÇÃO INICIAL
O programa De Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, não é a solução final, mas a solução inicial.
Baseado em uma imersão na realidade da maior cena de uso de crack do Brasil, em experiências internacionais exitosas como as Housing First americanas e canadenses, em ações integradas e em uma metodologia complexa, o programa está abrindo o sulco para lavrar novos caminhos no enfrentamento do consumo de crack e de outras drogas em cenas de uso abertas conhecidas como cracolândias.
A pesquisa nacional sobre uso de crack no Brasil publicada em 2014 pela Fiocruz constatou que 80% dos 30 mil usuários pesquisados em 26 capitais são negros ou pardos, 80% são homens, 80% não chegaram ao ensino médio, 50 % estiveram presos. Em média, têm 28 anos e usam a droga há 10. Entre as mulheres, 50% têm filhos ou se prostituem.
A pesquisa construída no dia a dia pelos trabalhadores do "De Braços Abertos" está desbravando biografias estarrecedoras e provocando mudanças insólitas.
Ao oferecer moradia nos hotéis da região, alimentação e trabalho –inicialmente na varrição com o método denominado "low threshold" (baixa exigência e preparo)–, o programa partiu de evidências empíricas.
O nome De Braços Abertos foi escolhido em assembleia realizada no ponto de apoio criado bem antes da desmontagem da favela, com participação dos próprios usuários em 14 de janeiro de 2014, o que demonstra a produção de novas sociabilidades na região.
Atualmente o programa tem cerca de 500 pessoas atendidas, das quais 50 já estão morando com suas famílias, cerca de 20 estão empregadas com carteira assinada e 42 passaram por cursos de capacitação e estão trabalhando na Fábrica Verde, onde produzem plantas.
Todas as mulheres estão sendo acompanhadas por equipe ginecológica. Antes ninguém ia ao dentista, frequentemente arrancavam-se os dentes com alicate. Desde que a saúde bucal adotou a lógica da redução de danos, já foram realizados 657 atendimentos.
Os 59 casos de tuberculose diagnosticados estão sendo acompanhados, 89 pessoas são atendidas nos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) e dez adolescentes e cinco adultos moram nas Unidades de Acolhimento do centro e outros nas 22 moradias da cidade.
Finalmente vemos a construção de um trabalho em rede que se expande com ações multiculturais e de requalificação do espaço urbano.
O programa não é focado na droga, mas nas subjetividades. A adesão aos tratamentos aumentou e o consumo diminuiu. Como este jornal já constatou em reportagem, o dinheiro recebido semanalmente pelos usuários é utilizado para adquirir artigos de higiene, roupas ou para frequentar locais públicos.
O De Braços Abertos criou um fluxo no fluxo –como é conhecido o local de uso– e outra perspectiva temporal na existência de cada beneficiário, diferente do tempo repetitivo da droga.
A cracolândia paulistana é a mais complexa do Brasil, pois depois de tanta repressão, os frequentadores perderam o respeito. Fumam às vistas de qualquer um e é difícil encontrar quem não tenha sido internado voluntária ou involuntariamente.
Recentemente, um novo grupo de quase 300 pessoas, novas na região, instalou-se no local em barracas móveis, pois todo dia são retiradas do local para limpeza.
Frente aos novos desafios, é mister lembrar que as intervenções do tipo "solução final", como as internações forçadas e os encarceramentos, foram condenadas pela ONU e já demonstraram seu fracasso.
Cuidar com dignidade dos mais difíceis é uma tarefa vital para a democracia. Que os amantes da paz e da liberdade possam desejar um bom primeiro ano de vida de braços e mentes abertas.
ANTONIO LANCETTI, 65, psicanalista, é consultor do programa De Braços Abertos e supervisor das equipes de atendimento de álcool e drogas de São Bernardo do Campo (SP). É autor de "Clinica Peripatética" (Hucitec)

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/de-bracos-abertos-para-a-cidade-564.html

Chegando a quase metade de sua gestão, o prefeito Fernando Haddad está no caminho certo ao buscar a equidade e justiça social, colocar na agenda política temas como o novo Plano Diretor, implantar corredores de ônibus, coleta seletiva, praças Wi-Fi, ciclovias, o programa Braços Abertos, entre outros.
Essas iniciativas de Haddad enfrentam resistência, em especial dos setores mais conservadores, que percebem que aos poucos estão perdendo seus privilégios. O programa “Braços Abertos” é mais um que ainda encontra muita resistência. Apesar de ser um programa com o desafio de transformar os papéis sociais e que tem como modelo a humanização, romper com o passado tão recente ainda demanda muito esforço.
Em São Paulo, a política de combate às drogas era o modelo implantado pelo governador Geraldo Alckmin, que tem como eixos a judicialização e criminalização, tratando os usuários de drogas como criminosos e marginais, gerando uma política violenta e excludente, que gera mais dor e sofrimento para familiares e para a sociedade como um todo.
Excluí-los da sociedade claramente não foi a alternativa acertada. O que ocorriam eram internações compulsórias em comunidades terapêuticas que muitas vezes eram, na verdade, manicômios que lucravam através da iniciativa pública e privada com a saúde.
Além dessa política de exclusão, havia a da violência. O uso de força policial era comum, como em ações da fatídica Operação Sufoco, mais conhecida como "Dor e Sofrimento", executada em 2012 pela Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, juntamente com o então prefeito Gilberto Kassab, que foi caracterizada pela repressão policial aos usuários de drogas.
Felizmente, essa política tem mudado ao menos no município de São Paulo. Com o programa “De Braços Abertos”, a opção política foi a da participação social e a da redução de danos. O programa "De Braços Abertos" foi formulado com base nos acordos com moradores de 147 barracas que ocupavam as ruas Helvétia e Dino Bueno, no centro da cidade. Foram ouvidas as reais necessidades daqueles que seriam seus beneficiários, como moradia, alimentação, acompanhamento de equipes de saúde e inclusão através de trabalho.
Para dar conta de tal tarefa foi necessária muita vontade política do prefeito Haddad, que inovou articulando uma política intersecretarial com as secretarias da Saúde, Assistência e Desenvolvimento Social, Trabalho e Empreendedorismo, Segurança Urbana, Desenvolvimento Urbano e Direitos Humanos e Cidadania.
Os resultados são mais de 120 pessoas atualmente em tratamento voluntário com redução de 60%, em média, do consumo de crack. No último mês, 16 beneficiários foram encaminhados para prestarem serviços em equipamentos públicos municipais, após acompanhamento de equipes de saúde e assistência social.
Além disso, precisamos avançar para que a cidade se torne ainda mais inclusiva quanto à mobilidade, a ocupação dos espaços públicos, a qualidade de vida e saúde, principalmente para aqueles que historicamente sofrem exclusão, como a população em situação de rua, mulheres e população negra e periférica.
A descentralização das políticas públicas é fundamental em todas as áreas e no programa “De Braços Abertos” não é diferente. É preciso incluir gradualmente as subprefeituras nesse processo, abrangendo toda a cidade. Respeitando as diferenças e o processo democrático, juntos podemos construir e desfrutar de uma cidade mais justa e saudável.

http://www.capital.sp.gov.br/portal/noticia/2236/
Programa "De Braços Abertos" realizou mais de 10 mil atendimentos de saúde
Levantamento mostra que programa tem 429 pessoas cadastradas, sendo 274 homens e 155 mulheres; maioria trabalha com varrição de rua e na Fábrica Verde; outras 112 pessoas estão em tratamento nos CAPs da região da Cracolândia

O balanço das ações integradas realizadas por diversas áreas da Prefeitura revela que os agentes de saúde realizaram 10.555 abordagens aos participantes do “De Braços Abertos” até 30 de março na região da Cracolândia, no Centro da cidade. 

Segundo o levantamento, foram 887 atendimentos médicos, 465 atendimentos pela equipe de saúde, 505 encaminhamentos para serviços de saúde, 3.902 abordagens realizadas nos hotéis pelos agentes de saúde e 2.760 abordagens na tenda da Prefeitura. Também foram realizadas 1.710 abordagens no local de uso de drogas, 36 tratamentos odontológicos e outros 50 ações coletivas de odontologia e mais 240 encaminhamentos para serviços de saúde por agentes comunitários. Além desses atendimentos, 122 estão em tratamento voluntário nos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) da região.

Destinado a dependentes de crack e moradores de rua da região da Luz, o programa da Prefeitura de São Paulo iniciado em janeiro oferece vagas em oito hotéis da região central, três refeições diárias, participação em uma frente de trabalho, duas horas de capacitação e renda de R$ 15 por dia. Aos finais de semana, todos os beneficiários têm ainda a oportunidade de participar de oficinas de arte, música e cultura, além de aulas de esporte.

Segundo o levantamento realizado pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, 429 pessoas, sendo 274 homens e 155 mulheres, estão cadastradas no programa. Desse total,  318 estão trabalhando nas atividades propostas pela Prefeitura. A maioria trabalha com varrição: 246 pessoas. Na Fábrica Verde, trabalham outras 54. Em repartições públicas, como nas secretarias de Assistência e Desenvolvimento Social e de Saúde ou na própria Prefeitura, trabalham 18. Um grupo de 60 pessoas está em acompanhamento para inserção no mercado de trabalho. Para o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), foram encaminhadas quatro pessoas.

Até o fim de abril, 16 beneficiários do programa retornaram para suas famílias, mas continuam em atendimento no POT (Programa Operação Trabalho). E outras 31 pessoas deixaram as atividades do programa.

O levantamento mostra ainda que 12 crianças foram matriculadas em creches; 138 pessoas conseguiram tirar novos documentos e 18 foram levadas para atendimento na Defensoria Pública do Estado.

Dados das equipes de saúde divulgados no acompanhamento de dois meses indicam a redução de 50% a 70% no consumo de médio de crack, como consequência, entre outros fatores, do resgate social e de atividades que organizam a rotina diária.

Segurança Urbana
Desde janeiro até o início de maio, a Guarda Civil Metropolitana prendeu oito pessoas na região por tráfico de entorpecentes, apreendeu 250 pedras de crack e de R$ 1,8 mil em dinheiro. A GCM atua na área com 118 agentes, sendo 78 durante o dia e 40 no período noturno. Ao todo, 40 viaturas estão empenhadas na região. Além delas, há uma unidade móvel de vídeomonitoramento, duas outras viaturas e duas motos do programa do Governo Federal "Crack, é possível vencer".

O Braços Abertos é um acerto. A ação incentiva o dependente a reduzir o consumo de drogas e a aumentar sua autonomia. Os participantes ganham R$ 15 por dia por serviços como varrição e reciclagem, além de opções de moradia e alimentação.
O investimento por beneficiado é um pouco mais baixo que o requerido pelo programa de internação compulsória do governo do Estado e mostra bons resultados: os últimos estudos indicam que 67% reduziram o consumo.
É importante, no entanto, atentar para a necessidade de complementar o programa com outras iniciativas, que podem incluir tratamento ambulatorial e internação. Mais crucialmente, a sociedade precisa mapear os caminhos que levam tantas pessoas à dependência química. A partir daí, estratégias de prevenção podem ser desenhadas.
Os dependentes têm, em geral, baixa escolaridade; 25% são egressos do sistema socioeducativo; e 66% já foram presos, 36% deles por tráfico de drogas. Enquanto as condições de vulnerabilidade e marginalização não forem verdadeiramente abordadas, os governos locais continuarão enxugando gelo –e não só no caso da dependência de crack.
Alessandra Orofino é economista formada pela Columbia University, com especialização em direitos humanos. Cofundou a Rede Meu Rio e é diretora-executiva do Nossas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_cracol%C3%A2ndia

Em outubro de 2011, o Tribunal de Justiça de São Paulo anunciou um programa para cracolândia com a possibilidade até de internação compulsória de usuários de drogas, conforme demandas da prefeitura. O programa foi planejado sem consulta do Ministério Público Estadual. A ação previa a instalação de um posto móvel para analisar casos de usuários de drogas nas ruas.[22]
Em novembro de 2011, o Ministério da Saúde propôs auxílio financeiro à prefeitura para a aplicação de um programa de auxílio médico aos viciados da cracolândia, mas a prefeitura rejeitou a proposta federal.[23][24] No dia 22 de novembro de 2011, viciados e polícias militares entraram em confronto após um policial ter atirado contra o rosto de um homem que supostamente teria tentado assaltá-lo.[25]
Após 2180 internações na região desde 2009, centenas delas compulsórias, a cracolândia continuava cheia de viciados no final de 2011.[26]

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/9858-prefeitura-diz-que-rejeita-projeto-do-governo-federal.shtml

Prefeitura diz que rejeita projeto do governo federal
DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo diz que o atendimento a usuários de drogas na cracolândia é melhor do que o proposto pelo Ministério da Saúde e que, se for para montar os consultórios de rua, prefere não aceitar os recursos do governo federal.
Hoje, o atendimento é feito com equipes de saúde da família e médicos que circulam pela região abordando os usuários de drogas e tentando convencê-los a irem às unidades de saúde da região central.
Os consultórios de rua propostos pelo governo federal são um retrocesso nessa política, na avaliação da Secretaria Municipal de Saúde, pois obrigam os médicos a ficarem esperando que os viciados procurem ajuda.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/9856-ministro-oferece-verba-para-cracolandia.shtml

Ministro oferece verba para cracolândia
Ideia é que unidades funcionem 24 horas e tenham médicos, enfermeiros e psicólogos
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou à Folha e ao UOL que repassará verba federal até o fim de 2011 para a Prefeitura de São Paulo implantar oito consultórios de rua para atendimento a usuários de drogas. A maioria desses postos móveis ficará na cracolândia.
Os consultórios de rua serão ocupados por médicos, enfermeiros e psicólogos. Funcionarão ininterruptamente, percorrendo locais onde há maior concentração de viciados. As equipes poderão, segundo o ministro, internar os dependentes químicos para tratamento.
"É como se fosse um trailer, uma Kombi que fica 24 horas. Se o profissional de saúde avaliar que aquela pessoa corre risco de vida, nós temos protocolos claros da internação involuntária, inclusive defendida pela Organização Mundial da Saúde", declara Alexandre Padilha.
Há uma diferença, diz o ministro, entre internação involuntária e internação compulsória. No caso da primeira, que será adotada pelos consultórios de rua em São Paulo, o recolhimento do viciado se dá após uma análise minuciosa de sua situação, sobretudo se a pessoa está correndo o risco de morrer.
Internação compulsória é um procedimento mais drástico. Viciados que vivem na rua são recolhidos independentemente de correrem risco iminente de morrer.
O governo federal já patrocina esse tipo de experiência de consultórios de rua em várias cidades. Em São Paulo, "eles tinham uma abordagem diferente, não tinham o instrumento do consultório, mas aceitaram a proposta que nós fizemos", afirma Padilha.
O ministro esteve no início do ano na região da cracolândia, à noite, para conhecer o cenário. A partir daí, negociou com a prefeitura paulistana a implantação dos consultórios em São Paulo.
Os médicos, enfermeiros, psicólogos são chamados de "agentes redutores de danos". Ficam no local onde estão os dependentes químicos e com possibilidade de fazer pronto atendimento. O problema, diz o ministro, é a demanda por leitos nos casos em que for necessária a internação involuntária.
EPIDEMIA
"Em relação ao crack nós temos que reconhecer que o SUS precisa se reorganizar para dar conta dessa nova epidemia. O crack é uma epidemia", declara Padilha.
Em São Paulo, serão montadas unidades de acolhimento. Segundo o ministro, serão "casas, onde a pessoa pode ficar internada por um período mais prolongado".
A meta inicial é ter 20 unidades na cidade de São Paulo, com 15 leitos cada. Ou seja, um total de 300 leitos.


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