sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ainda o plantão

As pessoas têm, cada uma delas, um milhão de problemas.

Uma é ex-presidiária (uma coisa horrível de se dizer, porque carrega o "presidiária" para sempre), HIV positivo, ficou furiosa e descontrolada porque sem o encaminhamento desejado, fica sem saber para onde ir. De um jeito ou de outro, nesse grupo de resistentes ela se sentia "enturmada", protegida.

Apesar do acesso de fúria, o Conselheiro Tutelar conseguiu acalmá-la e convencê-la a deixar o local.

Outra tem problema de drogadição (crack) e já tem o histórico de ter esfaqueado uma vizinha.

E assim caminha...

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Ainda na favela, uma mulher dizia para as outras: "Vamos lá, vamos para a minha casa, fiquem lá comigo". (Ela tem uma "casa" - talvez um barraco também... - em outro lugar). Uma das mulheres aceitou; a outra quis ficar lá com os filhos.

A Conselheira Tutelar (são quatro no total, agora há noite conseguimos contar com todos eles) insistiu: "Vai com a sua amiga, vai com as crianças para a casa dela", mas não adiantou.

Agora elas estão aqui... E a Assistente Social está fazendo contato com tudo quanto é albergue (familiar, só de homem, só de mulher) para conseguir vaga para essas pessoas.

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Um funcionário da Sub (aquele que fez concurso para o serviço público porque "acredita", falei dele dias atrás) mandou trazer umas esfihas do Habib´s por conta dele. Tá errada a atitude? Talvez as normas de atendimento determinem que ele jamais deveria ter feito isso. Mas alguém aí tem a manha de condená-lo?

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Agora as pessoas estão preocupadas com seus pertences, largados na chuva.
Porque ficaram lá móveis, roupas...
Levadas de última hora?
Levadas nas últimas semanas? (Tem gente que jura que foi para lá em outubro - quando a Habitação já tinha feito o cadastro das famílias "antigas", desmanchado alguns barracos e deixado um aviso geral para ninguém mais se instalar, mas é claro que "avisar" só não adianta... Tem-se que tomar providências para efetivamente "congelar a área".

O fato é que é o que eles têm, é o que eles querem manter. Sofás rotos, roupas puídas... E, segundo alguns, eletrodomésticos também. Agora está escuro, continua chovendo, mal dá para enxergar o que sobrou. Mas tem um caminhão da Sub recolhendo esses materiais e levando para um lugar coberto na nossa garagem/oficina, para que na segunda-feira eles possam retirar. Ou amanhã, não sei bem.

Uma das pessoas queria que os seus materiais fossem levados para a Zaki Narchi. Aí eu bronqueei - Não dá para fazer serviço de entrega a essa hora! Tivessem pensado nisso antes! (Foi só um desabafo, não disse isso a eles). O fato é que seria inviável ir a vários lugares, então o jeito seria levar tudo para um lugar só. E assim será.

Um comentário:

  1. "Welcome to our world, Baby!"

    O Poder Público continua a não ser serviço de táxi!

    Mas reintegração, essa não tem hora!

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