- De manhã, problemas pessoais para resolver - a compra do meu apartamento, por exemplo, que acho que vai gorar. E eu já me endividei com o consórcio por conta disso, então tenho agora a prestação do consórcio + o aluguel + o condomínio + o pagamento do empréstimo que um amigo fez p/ completar o lance no consórcio - (menos) um emprego (a Folha). Bateu paúra.
- Nas primeiras horas aqui na Sub, tivemos:
* O síndico de um prédio quer saber se ele não pode mesmo deixar um espelho amarrado a um poste (para ajudar na visão da calçada para quem sai da garagem) por causa do Cidade Limpa. Vou ver.
* Caiu um muro da Sabesp pegado a uma escola estadual e derrubou algumas árvores. Uma funcionária da escola ligou para pedir ajuda para recolher os restos de galhos que cobriram todo o patio.
* Um motorista que trabalhava para uma Cooperativa que presta serviço para a Sub foi dispensado por razões que considera profundamente injustas. Humilde, triste e esperançosamente, trouxe um relatório de duas páginas sobre a situação, para ver se podemos ajudar a reverter a dispensa. Trecho da carta - e juro que é sincera, ainda que ele esteja enganado: "(...) [estou com] com 56 anos de idade vividos com honestidade, e simplicidade e responsabilidade. No decorrer da minha vida profissional já trabalhei com pessoas de variados caráter e níveis sociais (...) e estou estarrecido com a atitude tomada por alguns superiores".
* A Defesa Civil está mudando de mãos; conversei com o antigo supervisor sobre a passagem de bastão, os procedimentos atuais, a estrutura que temos e a desejável, as ocorrências do fim de semana, as dificuldades com outros departamentos da administração, os pedidos de desconto no IPTU por causa de enchentes e as controvérsias na avaliação, etc.
* O setor de cadastro da CPDU mudou de lugar recentemente e tem problemas com as novas instalações (espaço físico, mobiliário, etc.), além de alguns desfalques importantes (um chefe que vai embora e ainda não tem substituto). Faremos reunião nocomeço da tarde.
* Favela da Água Branca (ou "do Lorenzon", nome do córrego em cima do qual ela se "equilibra"): continua crescendo. A cada dia, novos barracos são erguidos - agora mesmo estão subindo um. Anteontem um assessor meu viu um conhecido dele - que mora em outro lugar - subindo quatro "paredes" de madeirite. "Por que você está fazendo isso? Você tem casa, aqui vão tirar todo mundo!". Pra vender. Esse espírito-de-porco-empreendedor me mata.
Foi solicitado que a GCM e o pessoal da apreensão fosse para lá imediatamente para impedir a construção desses novos barracos - quem já está PRECISA sair, é área de risco, não pode chegar mais ninguém! Nada feito. Um funcionário tinha acabado de dizer, aqui no corredor, que lá é "tenso" (e fez o gesto imitando uma arma sendo disparada), quando chegou outro funcionário chegou dizendo "Parar a construção lá? Só com muito reforço policial. Ameaçaram nosso pessoal". Portanto... recuamos. Não estamos prontos para uma mega-operação com todo o cuidado que ela exige. Essa é uma emergencia, mas vocês fazem ideia de quantas são as emergencias na cidade toda? (No domingo, por exemplo, uma das dificuldades para conseguir um caminhão para a Pompéia foi o desastre causado pela chuva na Zona Leste, muito pior do que para o lado de cá. São Paulo é um monstro - 1500 favelas... Algumas com milhares de famílias... A cidade mais rica da América Latina; a cidade mais pobre da América Latina).
Precisamos ir com cuidado e com força, com pressa e com calma. E o céu preto, ameaçando desabar. E as famílias lá, as crianças lá... Apertadas entre a bandidagem, as barrancas do córrego, a autoridade. Ô miséria que não termina.
* (Comentário à parte: Eu sei que há razões para isso, que muitos lucram em cima do suor dos atletas etc., mas ontem eu li no jornal que "o novo piso salarial" de determinado clube de futebol é cinqüenta mil reais. O jogador não tem culpa nenhuma de estar em um mundo irreal, em um mercado em que circulam milhões em patrocínios, direitos de transmissão, operações de compra e venda etc. Se ganham dinheiro com ele, por causa dele, é justo que queira ser remunerado por isso - ele que é xingado, ameaçado, machucado, que com 30 anos já começa a ficar "velho" para o trabalho. Mas eu nunca, nunca vou me conformar com o fato de uns terem tanto e outros terem tão pouco).
* A gente nem teria caminhão apreensão para mandar agora e recolher a madeira dos barracos em construção, porque os nossos estavam na rua recolhendo lixo/entulho e na caixaria da Ceagesp - um imenso capítulo à parte nos problemas da Sub. Existe toda uma indústria irregular e ilegal de reaproveitamento de caixotes; eles são empilhados nas calçadas, nas entradas da estação da CPTM, em terrenos vazios. Entre eles, suas torres e labirintos, acontecem várias outras atividades ilegais (como exploração de crianças). Tem gente trabalhadora que simplesmente vive disso, que quer ganhar dinheiro com seu esforço e não cometer um crime, mas a atividade em si não é tolerável. A solução é complexa (novidade...), mas por enquanto precisamos reprimir para inibir a atividade. E hoje, com seis caminhões lotados (foram várias viagens), conseguimos recolher os caixotes de 50 metros da avenida Mofarrej. Já houve operações com 60 caminhões que não conseguiram recolher tudo - e em um dia os caixotes já estão lá outra vez. Haja reunião para encontrar uma solução verdadeira.
* Ainda a favela - ao lado dela, há um empreendimento particular (residencial, eu acho). Que, segundo dizem, pagou qualquer coisa para as famílias que ocupavam seu pedaço de terreno sairem de lá e construiu um muro para se isolar do problema. É assim que funciona: cada um cuida do seu quadrado, constrói o seu muro, só que o problema é NOSSO (de todo mundo). Se chover e um barraco for arrastado, vão perguntar aqui porque é que eu não tomei nenhuma providencia. E tem de perguntar mesmo. Só não venham me dizer que "é fácil, basta ter vontade política, a gente paga milhões em impostos, a cidade é muito rica", blablablá.
* Uma pessoa muito exigente aqui do bairro ligou para marcar um horário e não acreditou que isso não seria possível agora porque a assessora que faz minha agenda está doente há dois dias; sentiu-se destratada.
* Consegui responder/ encaminhar dois ou três emails - sobre o mercado da Lapa, enchentes, recapeamento. Estou tentando falar com a CPTM sobre um muro em área de enchente. Tem uma audiência pública que me interessa às 18:00 e não vou poder ir - tenho DUAS reuniões de Conseg hoje à noite, no Jaguaré e em Perdizes.
* Problemas com uma escola de samba ampliando suas instalações em área pública sem autorização.
* Chega de escrever. Preciso trabalhar. Mas de vez em quando preciso despejar um pouco do que transborda aqui, tanto quanto preciso de uma pausa para o almoço. (Nunca pensei que blog pudesse servir de boca-de-lobo/ piscinão/ galeria, desculpem). Preciso dividir o espanto com o mundo de problemas que é esse meu novo emprego - e olha que eu sempre soube que seria difícil, como qualquer um saberia.
Soninha, estava sentindo falta do seu blog na Folha (onde vc vai falar de futebol agora??? Só na ESPN???) e descobri a mudança do seu blog (só um pouquinho atrasado). Moro em Brasília, mas morei muuuuuitos anos em Recife. Vi que vc se empolgou com a idéia de aparelhos de atividade física em praças. Em Recife Há o Projeto Academia da Cidade, do ex-prefeito João Paulo (há a promessa de ser mantido pelo atual prefeito), a partir de uma idéia do Humberto Costa (o mesmo que idealiou o SAMU). Vc podia dar uma conferida, está operando verdadeiros milagres na cidade...
ResponderExcluirMuito boa idéia! Academia nas praças, ruas de lazer (lembra?), Mini bibliotecas espalhadas por aí, árvores frutíferas em substituição aos pés-de-pau, anticoncepcional para os pombos... hum.... tô gostando bem muito! Como diriam os fãs do Camisa de Vênus: Soninha, bota pra f***** !!!! :)
ResponderExcluirSe precisar eu faço parte da distribuição de comida com anticoncepcional para os pombos.E sem cobrar nadinha! Adoro aves, adoro plantas, adoro flores, adoro o bairro onde moro ( apesar de tudo ) , adoro gente com novas ideias e posicionamentos e adoro ainda ter esperança de que tudo pode ser de outra forma.
ResponderExcluirSinceramente, se a subprefeitura está impedida ou retraída de agir devido a bandidos, é caso de polícia. E o estado, bem ou mal, tendo recursos ou não, tem a obrigação de interferir na área. Óbvio que "na prática, a teoria é outra", mas enfim, será isso ou então uma tragédia e muitos mortos... se bem que hoje em dia estamos um pouco sedados e precisa ser uma tragédia mesmo para sensibilizar alguém.
ResponderExcluirNa minha opinião, o Estado todo (e isso não diz respeito só a prefeitura, mas a Justiça e ao Legislativo) pega muito leve com esse povo. Deveria implantar a política da tolerância zero. Favela é algo inadmissível, não dá para ter "dó" nessas horas. Tem que ser agressivo, retirar, custe o que custar...
MAS... por outro lado, é tudo uma questão de interesse. Eu acho que a Soninha tem as melhores intenções, mas não depende só dela, portanto fica algemada e impedida de fazer algo.
E talvez devamos concluir que no fim das contas, o Estado está pouco ligado para os favelados... então a história vai se repetir e quem morrer, será apenas mais um número insignificante.
Ps: quando falo da força policial, não estou dizendo montar ume mega-operação. Estou dizendo que a polícia JÁ DEVERIA ter invadido a favela por si só e tomado o controle da bandidagem. Mas enfim, há poucos dias vimos o que ocorreu em Paraisópolis. A polícia não tem condições de lidar com isso...
No final das contas, prevalece mesmo o darwinismo social. Quem quer bancar o esperto e montar barraco, vai se arriscar e morrer... e vai ser assim, por muitos e muitos anos ainda. E se falta dinheiro ou recursos, paciência...
Ps2: em relação ao que você escreveu sobre existirem outras emergências, seria interessante então enumerar o que REALMENTE é máxima prioridade pra subprefeitura. É claro que existem milhares de emergências, mas acredito que dentre todas elas, alguma deve ter prioridade máxima de resolução.
Não é só em favela que o pessoal da Sub precisa de proteção policial para agir. Ao lado do Sacolão da Lapa, existe um grupo de moradores de rua que juntam diariamente montes e montes de lixo. Para que o mesmo seja retirado,o caminhão e funcionários da Sub contam com uma viatura policial. No local "moram" elementos que andam armados e o consumo e comercio de drogas corre solto.
ResponderExcluirA sétima delegacia deve estar fofa de saber disso e no entanto eles ali permanecem faz tempo...
Soninha,
ResponderExcluirTenho plena convicção de que nada é por acaso. Você não foi parar aí à toa. Mas sim porque dá conta do recado e porque a gente precisa de gente com a sua força.
Firme aí! Por favor!
Senhora Loirinha Má, acho você tão engraçada.
ResponderExcluirDemais senhoras e senhores, minha cabeça está tão cheia que ficou vazia. E como são tantos assuntos, e como não entendi quase nada, e como quero falar alguma coisa, peço ajuda pro meu pai. Ele me disse que no meio da discussão perguntaram pro espanhol que estava com fome “E aí, o que você acha?”, no que o espanhol respondeu: “Que partan el pan!”
Soninha, fico feliz por você tentar resolver os problemas com os caixotes nas imediações do Ceagesp. Moro em um bairro próximo, e já vi cenas grotescas acontecendo por ali. Sei que é bem difícil, mas espero que você tenha sucesso. Votei para você tanto na campanha para a Câmara quanto na campanha para a Prefeitura, e saiba que você nunca me desapontou como política, o que é um feito e tanto aqui no Brasil.
ResponderExcluirBoa sorte.
Sérgio.
Soninha,em relação aos caixotes,imagino que já tenha ouvido falar em reciclagem de madeira.De acordo com esse trabalho acadêmico (http://www4.uninove.br/ojs/index.php/exacta/article/viewFile/709/648) ela pode substituir o carvão mineral e o petróleo como fontes de energia.Não seria o caso de estudar-se a viabilidade de criar-se uma usina de transformação dessa madeira dos caixotes em biomassa?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFernando Miller
ResponderExcluirVocê falou bem mas bate de frente coma cartilha de programa do PSDB/DEM -"ESTADO MÍNIMO" ou seja "o estado tem que atuar somente onde interessa , saúde , educação e segurança". Portanto a tua idéia de reciclagem de madeira teria que ser feito por uma empresa PRIVADA e a usina , muito bem colocado por você , não é de interesse para os nossos governantes ainda mais se não for lucrativo já que implica em demanda social e de proteção a natureza.
Dessa gestão da prefeitura atualmente o que se pode esperar se já teve uma secretária que liberou um empreendimento do Parque da xuxa sem EIA/RIMA.
Victor,obrigado pelas suas considerações à minha sugestão.Conheço bem ( e não apoio !) o jeito DemoTucano de se governar mas conheço também o jeito Soninha de se fazer as coisas.Se ela gostar de uma idéia,entendê-la como sendo a solução para determinado problema ela briga por aquilo até o último minuto.Pode até não conseguir,mas não é por falta de empenho.É com base nessa confiança que fiz a sugestão...
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