Hoje de manhã passei duas horas em situação extremamente desagradável - andando de carro. No banco de trás, sentada no meio. Eu sou do tipo que enjoa, sabe? Mas estava em um comboio (cinco automóveis) que percorreu a região da Operação Urbana Leopoldina, analisando o processo de verticalização que já está em curso, a transformação de antigos galpões industriais em empresas de logística ou serviços diversos (call centers, por exemplo), as escolas, as favelas, o comércio mais antigo e os novos estabelecimentos, a largura das ruas... O Plano Diretor, as estações de trem, as áreas degradadas, os riscos de enchente...
No percurso tive a alegria de ver uma equipe da prefeitura limpando um enorme canteiro central no fim da Gastão Vidigal (eram uns quinze homens ou mais, trabalhando a manhã toda) e outra recolhendo entulho de uma calçada na Pres.Altino, perto da favela do Areião.
Aliás, que coisa louca essa favela... A paisagem ali é linda, com um fundo de mata exuberante e as linhas de trem ocupando um imenso espaço sem muros (eu gosto TANTO de trem que transformaria os muros todos em grades ou janelas, para poder vê-los passar - e para quem está no trem ver a cidade). Pena que tem uma torre enorme da Eletropaulo (que torna o lugar inseguro e insalubre); pena que a ocupação é precária...
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Na esquina da favela com a avenida, uma construção que uniu treiler + cabana de madeira e funciona como bar foi toda pintada de azul celeste. Maior capricho.
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Já houve um tempo em que São Paulo não teve plano nenhum; já houve planos equivocados e agora existem planos conflitantes. Onde um prevê um museu, outro quer um empreendimento residencial; onde um quer moradia popular, o outro quer comércio; onde um pretende instalar um pólo logístico de transportes, o outro vê um parque...
Os técnicos divergem, os políticos idem - e se a população for consultada, também vai dar pau. O que parece lindo para alguns, para outros é pesadelo. Praças públicas, por exemplo: tem gente que tem horror. "Vira ponto de mendigos e maconheiros". A que ponto chegamos, não gostamos de praças.
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Depois pensei que é bobo ficar alegre só por ter visto duas equipes trabalhando. Mas se eu fico arrasada com mato alto e lixo, deixa eu ter uma alegriazinha, vai.
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O dia seguiu com uma reunião com os editores do Jornal do Trem, uma entrevista sobre enchentes para a MTV, uma reunião de quase duas horas com 3 dos cinco Conselheiros Tutelares da Lapa, outra entrevista (para o jornal Vitrine Oeste), visita à EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) Noemia Hipolito (que é a coisa mais linda e está muito bem cuidada; a direção tem o maior orgulho dela e não é à toa), reunião com Chefe de Gabinete e Coordenador de Administração sobre mil e um assuntos e providências (ações de fiscalização, verificação de processos, nomeações e dispensas, árvores, comércio ambulante, respostas ao Ministério Público, multa a fornecedores que atrasaram a entrega, substituições de funcionários em férias, famílias em áreas de risco, demandas do Conseg, do Conselho Tutelar, da Viva Pacaembu, da Policia Militar ETC.), reunião brevíssima com futuro Supervisor de Cultura, despachos por telefone com Secretários e nem sei mais o que.
Sei que não li tudo o que eu gostaria de ler, não respondi quase email nenhum, não escrevi mensagens que precisava ter escrito, não marquei reuniões (sempre elas!) que queria ter marcado. Ainda bem que existe amanhã!
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Perguntei no Noemia se tem alguma coisa que a Sub possa fazer por eles. Não ganha um doce quem adivinhar a resposta: "Bom, tem as árvores...". E também os pombos (essa ainda não tinha chegado). Em resposta a um pedido deles para conter a infestação, Zoonoses apenas os instruiu a não deixar restos de comida. "Nós temos 250 crianças pequenas, fazendo três refeições aqui dentro; é fácil falar "não deixem cair comida"!". Vamos tentar descobrir como funciona aquela história de dar anticoncepcional para as pombas (ou para os pombos, não sei).
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Para complicar mais o dia, uma pessoa que trabalha comigo passou a noite no hospital e hoje ficou em casa; outra foi ao enterro de um amigo; eu esqueci meu celular pessoal em casa (então tinha dificuldade para localizar alguns números de telefone, porque já não sei mais nada de cor); o PABX da Sub ficou um tempo sem funcionar.
No meio disso tudo, meu pai - que não mora em São Paulo - passou pela Sub para me visitar. Tentou ligar no meu celular o dia todo; como não conseguiu, arriscou ir até lá. Desencontramos por um triz - ele chegou, eu tinha acabado de sair para ir à escola.
Quando as pessoas me dizem "Tá difícil conseguir um tempo para falar com você!", eu respondo: "Minhas filhas também estão reclamando". Agora posso acrescentar: "e o meu pai".
Nossa... o jeito é respirar fundo e ter a certeza que vc está fazendo o melhor!
ResponderExcluirAh, e vc esqueceu de falar que foi p ESPN tbm... de repente ouço sua voz na televisão, comentando algo de futebol (não lembro agora)... só reparei na sua cara de cansada...
Aí meu pai: "nossa, ela tá acabadona, né?"
e eu respondi: "sim, mas vale a pena, pq ela será a próxima prefeita de são paulo."
yessssssss.
ResponderExcluir:)
Que o Arquiteto do Universo lhe dê estrutura para isso tudo e muito mais.
ResponderExcluirSe as linhas de trem não fossem muradas, o povo ia voltar a fazer o que fazia: amarrar os cães na linha para serem mortos pelo trem. Cansei de ouvir sobre mortes desse tipo via uma abertura no muto que havia no fim da Rua do Curtume. Moradores de rua roubavam os cães das casas ou pegavam os que estavam perdidos e os matavam assim. A selvageria acabou quando o muro foi consertado e aumentado.