Etc

Bairros que as pessoas amam
Indo e voltando da Subprefeitura, gosto de fazer o caminho mais comprido, aproveitando para passar por ruas que não fazem parte, normalmente, do meu trajeto. (Percebi que o Carlos Fernandes, Coord. de Admin. e Finanças, e o Joca, Coord. de Obras, fazem a mesma coisa). Aí você vai reparando nas árvores (bons tempos em que eu só as apreciava!), buracos da rua, lixeiras...

Mas não é só isso. Não é à toa que as pessoas amam a Lapa, moram décadas no mesmo bairro, têm orgulho e ciúme e medo de perdê-la. Existem muitos recantos ali que parecem escondidos atrás de um portal do tempo - casas "de vó", casas de infância. Ruas tranquilas, quintais, jardins, janelas de madeira (tenho uma birra de janela de alumínio...).

Eu cresci em Santana, que também era assim. E foi deixando de ser com os prédios subindo, o movimento de automóveis aumentando (aumentando, aumentando...). Tenho até medo de passar nas ruas que conhecia de cor - a Rua das Colonias, por exemplo, travessa da Marechal Hermes, e suas travessas - e ver que não sobrou nada daquele tempo.

Pessoas
Hoje conheci uma militante do PCdoB. Estivemos juntas em um (dos muitos) eventos ligados ao Dia Internacional da Mulher.

Ela perguntou como eu estava no partido, e eu falei o que sinto de verdade. Que me dou muito bem com a direção municipal, e que isso faz toda a diferença... Temos muits afinidade, respeito, confiança. Que não tenho tanto contato com a estadual... E que discordo completamente do desejo de alguns deputados federais, que andaram defendendo a fusão com o PSDB. "PPS + PSDB não é fusão, é incorporação!". Ela concordou enfaticamente.

Falei que nem todo mundo no partido concordava com uma candidatura própria à prefeitura... Que muitos achavam um desperdício não aceitar um dos convites para que eu fosse vice em outra chapa, mas o Municipal bancou, achou que estava mais do que na hora de sair pra disputa, apresentar nossa própria visão e propostas... E contei que conversei muito com o Aldo enquanto éramos, os dois, pré-candidatos. Eu sempre defendi que ele fosse candidato sim, mas sempre duvidei que o bloquinho fosse se sustentar coeso em torno de candidatura própria. "Estava na cara que não ia até o fim", disse - com a mesma liberdade com que reclamei do meu próprio partido.

Mas ela se irritou, como se tivesse se ofendido. "Mas nós íamos, sim". Até me surpreendi com a reação. "Mas concluímos que não chegaríamos ao corte para eleger vereadores, e precisamos ter responsabilidade de construir uma representação parlamentar". "Sim, claro. Se o PCdoB estava realmente disposto a ter candidatura e depois desistiu, normal. Você sabe, alguns ameaçam lançar candidato mas não pretendem realmente...". "Mas nós sempre tivemos coerência", retrucou, como se eu tivesse dito o contrário. "É que os partidos do bloquinho tinham interesses muito diferentes... O PDT tinha problemas sérios a resolver em Brasília... O PT paquerava a Erundina, enquanto o presidente estadual do PSB ameaçou fechar com o Alckmin e o Kassab...". "É, aqui o PSDB domina tudo, eles vêm com muita força".

Achei tudo muito louco. Eu não fechei com o PSDB. O PSB não fechou com o PSDB. E o PT não "domina" também, não vem "com muita força"?

Às vezes parece que o PT e seus aliados mais frequentes (porque todo mundo é aliado de todo mundo uma hora ou outra) ainda pensam no PT como aquele partido tinhoso (no bom sentido!) de oposição, massacrado pelas forças governistas... PT é governo, gente! Federal. Há sete anos. É grande, é poderoso. Que nem o PSDB. Com qualidades diferentes, defeitos diferentes, qualidades iguais e defeitos iguais.


Esses jornalistas... Tsc, tsc
Neste fim-de-semana, o Agora vai publicar uma declaração minha que não reflete o que eu penso. Mas a culpa não é deles, é minha! O que eu respondi não é o que eu penso. Que coisa.

O repórter perguntou como eu me sinto sendo a única SubprefeitA. Eu disse: "Ah, é esquisito. Já houve outras Subprefeitas - a Bia Pardi no governo Marta, a Sandra em Perus, a Luiza Nagib Eluf na Lapa... Mas são pouquíssimas". E tratei de teorizar sobre os porquês dessa minoria gritante.

Mas quer saber? Eu não sinto nada "esquisito" sendo uma Subrefeita entre os 31 Subprefeitos. Eu acho é divertido. Adoro ambientes masculinos. O "normal" em um mundo equilibrado seria ter mais mulheres? Claro que seria. Mas pessoalmente eu não me incomodo nada com isso.