"...But when you talk about destruction/Don't you know that you can count me out"
quarta-feira, 25 de março de 2009
Recebi, fiquei (muito) mal e passo adiante.
Carta Desabafo
por Denilson Shikako
Acabei de colocar uma placa em frente a Fábrica de Criatividade: vende-se este sonho.
E o pior que não é retórica, nem uma ação de marketing, nem nada que não seja apenas a realidade.
Eu investi minha vida neste espaço que hoje é de mais de 20 mil pessoas (isto mesmo 20 mil!) que passaram e passam por aqui. Eu investi todo o meu dinheiro, eu investi todo o meu tempo nos últimos 10 anos, eu investi todos os meus contatos, os meus recursos, as minhas ferramentas, o meu conhecimento, eu investi todos os meus sonhos, eu investi tudo, para no final acabar em uma simples plaquinha.
É mais do que frustrante, é mais do que triste, é mais do que revoltante...é incabível e eu não posso me conformar.
Não há uma só pessoa que não tenha conhecido pessoalmente a Fábrica de Criatividade que não tenha no mínimo se encantado. Quer seja por sua arquitetura, quer seja por sua proposta, que seja por sua história, quer seja por suas pessoas, quer seja por seus resultados.
A Fábrica de Criatividade está seriamente comprometida com a sua sustentabilidade, e mesmo existindo oficialmente há menos de três anos, já conseguimos grandes avanços nesta área. Hoje, a Fábrica "custa", por mês, algo em torno de R$ 47 mil. Até o ano passado, tínhamos o patrocínio das minhas empresas pessoais (e que por isso, inclusive, hoje estão no vermelho), do Instituto Hedging-Griffo (no 1º semestre), e também o apoio pontual e pequeno, para algum evento específico ou projeto, de algumas empresas e pessoas físicas. A Hedging-Griffo perdeu muito dinheiro com a crise que abateu o mundo, no final do ano passado, com isso, eles cancelaram os apoios que davam a projetos sociais, incluindo o nosso. Ainda assim, conseguimos atender quase o nosso potencial máximo (que é de 1000 alunos) no ano passado, além de mais de 6 mil pessoas que vieram nos eventos culturais gratuitos que aconteceram em praticamente todos os finais de semana de 2008. Eu acredito piamente que a Fábrica no médio e longo prazo consiga plenamente ser totalmente auto-sustentável tanto por causa das parcerias com o setor privado e público (que o projeto por ter menos de 3 anos oficialmente, só agora conseguiu alguns documentos que precisavam deste tempo para serem emitidos) como através dos produtos gerados pela própria Fábrica, (anexo você encontrará também nosso projeto de auto-sustentabilidade dentro de ‘institucional’), o problema é que a situação financeira atual simplesmente não permite que a gente possa esperar o médio e longo prazo.
Olhando para a plaquinha em frente a este prédio que se destaca na paisagem triste e cinzenta do Capão Redondo eu me questiono, inconformado...Como pode um espaço completamente inovador, pioneiro, com uma proposta pedagógica, política e social completamente embasada nas melhores teorias e práticas, planejada cuidadosamente, estruturada em um bairro onde moram mais de 300 mil pessoas carentes e sedentas pelo que oferecemos e onde praticamente inexistem espaços como este, não ter patrocínio?
Como um lugar já validado por quase todos os meios de comunicação (SPTV, TV Xuxa, Programa Ação - Serginho Groissman, Antena Paulista, Revista Veja SP, Jornal Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Rede Record, SBT, Gazeta, Band, Cultura, Revista Educação, Empreendedor, Claudia, Portal Uol, Terra, e mais um monte de mídias já fizeram matérias altamente positivas sobre a gente) e também validado pela comunidade que está a nossa volta e outras instituições como o UNICEF que já nos escolheu como sede em algumas discussões sobre o terceiro setor... como pode um lugar tão conceituado e validado ter que ser vendido por não conseguir um mísero patrocínio?
Como deixar que um local que vem oferecendo eventos culturais gratuitos tão maravilhosos como por exemplo um espetáculo de dança envolvendo uma parceria inédita o Balé da Cidade do Teatro Municipal com alunos bolsistas de dança contemporânea da Fábrica no meio de um campo de várzea no meio do Morro do Piolho, com centenas de pessoas assistindo de suas "janelas-camarotes" e se emocionando com algo inédito que transcende a razão? Como conceber que oportunidades como esta de acesso à cultura, de abertura de um novo mundo, talvez nunca mais ocorram para esta população?
Como aceitar que um projeto de democratização cultural provado tão eficaz ao ponto de no início ter necessidade de várias tentativas de propaganda para que as pessoas viessem até a Fábrica para assistir as exibições de cinema, saraus, recitais, shows de música, espetáculos de teatro, exposições, vernissagens, espetáculos de dança contemporânea, hip-hop, grafite, jazz, formações de grupo como a orquestra de sucata, tucboys, diversidança, freestyle ds, festa culturais e hoje simplesmente as pessoas vêm, como que naturalmente, para algo que qualquer um pode perceber que é libertador, vivo, real, que é a arte e a cultura de quem faz, de quem é protagonista....como pensar que uma prática assim não tenha mais recursos pra funcionar?
Como podem deixar de existir histórias como a de Junior Silva, morador da favela do Jd Amália no Capão e um dos "quase" caçulas de uma família com 21 irmãos, que no alto dos seus 18 anos, recém contratado por uma empresa que a Fábrica indicou, fala: "A Fábrica me deu uma coisa que ninguém nunca mais vai tirar: a vontade de sonhar, de acreditar, de ter esperança, hoje eu acredito que eu mesmo posso fazer uma mudança real na minha vida, da minha família, dos meus amigos e da minha comunidade, hoje eu sei que eu quero isso que eu tenho pra todo mundo... e é isso que eu vou fazer" ou então de Cleiton Silva que era ajudante de pedreiro na época da construção da própria Fábrica e depois virou aluno e hoje é o Gerente Operacional e futuro professor de piano: “A Fábrica é literalmente tudo pra mim: Sonho, prática, realidade”, a aluna de teatro Valéria Ribeiro acabou de passar aqui na minha sala e falou: "Aprender aqui, é aprender a pensar, interagir e modificar o meio em que se vive. Nós aqui, não aceitamos passivamente as decisões, mas ajudamos a construí-las”. Ou ainda, a fala de Maria, mãe de um dos alunos presente em um dos nossos eventos: "...isto aqui é mais do que um centro de educação e lazer, é uma fábrica de sonhos"... Como ficar calado quando um lugar com histórias assim esteja acabando por falta de recursos financeiros?
Eu sonhei alto e realmente achei que um projeto que tivesse uma sede própria, completamente lúdica, intrigante e funcional, que tivesse um projeto escrito, planejado e de alta qualidade, que tivesse um pessoal altamente capacitado, gabaritado mas principalmente apaixonado pelo que faz, e que se juntássemos a isso a carência, a necessidade, a aceitação e a aprovação de toda a comunidade, do setor público (como a Lei Rouanet aprovada por exemplo e o PAC ICMS e o FUMCAD em vias de aprovação), dos meios de comunicação, e de todas as pessoas envolvidas no processo, enfim, com tudo isso, que seria impossível o projeto não ser facilmente auto-sustentável, patrocinado e um símbolo de um novo paradigma no terceiro setor. Não só eu, mas toda a equipe de profissionais que investiram cada minuto, energia e recursos nos últimos 3 anos neste projeto sonhamos e arregaçamos as mangas para fazer este sonho acontecer, acreditando incansavelmente que era possível. Mas nós estávamos errados. Será?
E não me venha falar de crise. Crise é ficar assistindo televisão o dia inteiro ou então consumir drogas porque não há outra coisa para se fazer depois da escola. Crise é você ter 17 anos e já ter 3 filhos porque nunca ninguém se preocupou em te educar mas sobretudo em te dar perspectivas. Crise é o seu exemplo ser o cara que tem o tênis da moda porque entrou cedo para o tráfico e vai morrer ou ser preso na média com 19 anos. Crise é você não querer estudar, trabalhar, ter carreira ou sonhar, porque percebe que tudo e todos a sua volta nunca tiveram algo que motivasse a sua inspiração, a sua gana, a sua ambição. Crise é você simplesmente não ter esperança que dá sim para se ter um mundo melhor e isto se consegue com educação, cultura, arte, cidadania. E não falo aqui de situações hipotéticas. Falo da crise que já vi acontecer na vida de muitas crianças e jovens das comunidades com que estou envolvido nos últimos 10 anos de trabalho com populações em risco social, histórias que já vi se repetindo bem mais vezes do que eu gostaria de ver, e que ajudamos a evitar com o estabelecimento da Fábrica. Crises que voltarão a acontecer caso essa placa de "vende-se" continue ali na frente.
Alguma coisa tem que estar mesmo muito errada no mundo quando não há dinheiro para investir em um projeto que claramente está dando resultados evidentes e crescentes na área educacional e social, enquanto há mais de U$800 bilhões sendo injetados em empresas de capital financeiro, bancos, corretoras e congêneres. Alguma coisa está muito invertida e equivocada quando se fala em lucros recordes de bancos nacionais, na expansão do mercado de alto luxo, no aumento de salário de deputados, na existência de mais de 36 mil pessoas físicas só em São Paulo com mais de R$ 1 milhão aplicados em contas investimento e não se consegue R$ 47 mil por mês para um projeto social modelo e de grande abrangência numa das áreas mais populosas e carentes da mesma cidade.
Enfim, a sensação de impotência é a mesma que eu senti quando há 9 anos cheguei em casa e descobri que meu pai tinha sido morto por 5 motoqueiros que simplesmente o abordaram no farol e como ele não parou, eles atiraram. A partir disso eu achei que realmente alguma coisa muito errada estava acontecendo e que talvez eu, dando o meu melhor e juntando gente disposta a dar e ser o melhor possível poderia fazer, quem sabe, um Capão Redondo diferente, uma São Paulo diferente, um Brasil diferente, um mundo diferente. Utopia? Nós achamos que não, mas infelizmente, com o 'infelizmente' mais triste que eu já senti, estou vendo que talvez tenha idealizado o impossível, pois quando um projeto que precisa de R$ 47 mil por mês pra fazer a diferença para mais de mil pessoas e inspirar e mudar o paradigma de sabe-se lá mais quantas, tem que parar, penso que o mundo está tão cheio de valores errados a ponto de que um sonho realmente as vezes tenha que se contentar em ser um sonho, utópico sonho construído com histórias lindas, mas que terminam aqui.
Obviamente muitas pessoas não só acreditaram como investiram no projeto. Cito aqui o Junior e o João Madeira do Afroreggae que mesmo com o projeto completamente engatinhando lá no seu inicio nos deram fôlego e inspiração pra continuar, ou da nossa "fada-madrinha" Bitoca Nascimento que literalmente vestiu nossa camisa nas situações mais difíceis, ou ainda a Silvia Morais do Instituto Hedging Griffo; a família da Dani Fainberg e o pessoal do Instituto Geração; a família da Silvana Brito; a minha mãe, tia, irmã e cunhado; a Renata, Fabiana e Nora da Atuação Social; a Suzi e a Gabi da Natura; Cris Morales; a produção do TV Xuxa; a direção do Mercado Livre Brasil; o jornalista Gilberto Dimenstein; Andre Skaff, Joana Rudiger, Joao Carlos Silva, Ronaldo Kolozuk, Sylvio Gomide, Lyto da Drywash, o Marcelo Vit e o Levy, Gisely Cordeiro, Elaine Dominic, Angela Rios, Osni Diniz, Tuca Dias, Marlon Alvarenga, Carlos Rossi, Abraão Dantas, Rosana Sperandeo, Cristiane Verderesi, Cecilia Rosa, Luciana Vincenzo, Flavio Jacobsen, Marilena Borges, Flavia Souza, Sidney Santos, o pessoal da LegoEducation, da Condor, da Solvi e da Giroflex e o núcleo administrativo gestor mais comprometido e apaixonante que já existiu (Felipe Junior, Cleiton Silva, Eliana de Castro, Mafe Carmo, Gal Martins, Elaine Garcez), graças a todos esses, as muitas conquistas que tivemos (que não foram poucas) aconteceram. Quiçá o mundo fosse feito somente de pessoas assim, que cartas como estas nunca precisariam ser escritas e projetos como o nosso seriam a regra e não a exceção.
Pensei muito antes de escrever essa carta e senti vergonha. A Fábrica é justamente uma alternativa ao assistencialismo e um convite ao protagonismo. Não queremos pedir dinheiro, queremos vender um produto de mudança social. É isso que temos feito pelas pessoas que participaram do projeto nestes três anos e é isso que temos feito enquanto coordenadores e professores na direção cuidadosa do mesmo. É isso que sabemos e queremos fazer. É para que isso não pare de acontecer que você está lendo essa carta. É porque eu ainda acredito que seja possível trocar essa placa aqui na frente de "Vende-se esse sonho" por aquela para a qual a Fábrica foi feita: "Aberta para todos os sonhos".
Grande abraço,
Denilson Shikako
Diretor - Fábrica de Criatividade
www.fabricadecriatividade.com.br
Tel (11) 5511-0055 / Cel (11) 8516-5983
Fábrica de Criatividade
A Fábrica de Criatividade é uma ONG situada no Capão Redondo, região periférica de São Paulo com mais de 300 mil habitantes e totalmente desprovida de equipamentos culturais. A Fábrica atua como um espaço cultural e educacional oferecendo mais de 20 cursos gratuitos a comunidade, entre eles, por exemplo: teatro, dança, robótica, violão, inglês, desenho, história em quadrinhos. Dentro de sua política cultural oferece mensalmente a comunidade uma programação de eventos de qualidade tais como: exposições, shows, saraus, vernissagens, espetáculos de teatro e dança e mostra de cinema.
Além de ser um espaço conceito quanto a sua arquitetura (portas de bolinha de gude, chão de garrafas, pias sem ralos nem torneira, uma praia na cobertura, salas temáticas, etc), a Fábrica também quer criar um novo paradigma no 3º setor, trabalhando com profissionais de ponta, metodologia político-pedagógica consistente baseada em formação contínua de educadores e atendimento integral e afetivo aos alunos, além de uma séria e real postura de planejamento, metas, resultados, sustentabilidade e transparência contábil e financeira disponibilizada na internet.
Em quase 3 anos de funcionamento a Fábrica já se tornou uma referência, sendo inclusive chamada pela UNICEF para representar trocar idéias sobre iniciativas e projetos desenvolvidos nas periferias.
Além disso muitos veículos de comunicação já fizeram matérias sobre nós. Se você quiser saber mais detalhes sobre a Fábrica de Criatividade segue abaixo links para ver algumas destas matérias:
-Rede Globo – Antena Paulista: http://www.youtube.com/watch?v=oLrcoWdtVeM
-Rede Globo – Ação – Serginho Groisman: http://www.youtube.com/watch?v=XXTntWL02jc
-Rede Globo – TV Xuxa: http://tvxuxa.globo.com/TvXuxa/0,,MUL750628-15581,00.html
-Rede Record: http://www.youtube.com/watch?v=5RTplXGVR8s
-Folha de São Paulo – Glberto Dimentein:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd010206.htm
-Revista Educação: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=10739
-Revista Veja São Paulo: http://veja.abril.com.br/vejasp/010605/misterios.html
-Revista do 3º setor:
http://arruda.rits.org.br/rets/servlet/newstorm.notitia.apresentacao.ServletDeSecao?codigoDaSecao=4&dataDoJornal=1151692952000
-Site educação pública:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/internet/sitedavez/0050.html
Como você pode ajudar?
-Fazendo uma doação direta:
A Fábrica de Criatividade possui projeto aprovado pela Lei Rouanet (PRONAC 06 10648), ou seja, a sua doação tanto de pessoa jurídica como física pode ser deduzida do imposto de renda:
Banco Brasil (01)
Agência: 1547-4
Conta Corrente: 22361-1
Se você desejar fazer uma doação direta para a nossa ONG (sem dedução do imposto):
Banco Itau (341)
Agência: 2978
Conta: 12105-7
Ambas em nome de Associação Amigos da Fábrica de Criatividade
CNPJ 08332986/0001-00
-Sendo um associado mensal:
Via boleto ou depósito em conta
-Contratando um de nossos produtos da nossa política de sustentabilidade:
Já elaboramos e estamos pondo em prática o nosso plano de sustentabilidade de médio e longo prazos, a saber:
-Estamos com a documentação quase completa para participarmos de editais públicos e privados (muitos deles dependiam de dois ou 3 anos de "existência" da ONG, que atingimos só agora);
-Conseguimos a aprovação e prorrogação da Lei Rouanet;
-Estamos conseguindo montar um grupo de pessoas físicas que estão dispostas a nos patrocinar;
-Estamos focando em fazer a comunidade que quer estudar na Fábrica, e tem condições financeiras melhores, pagarem seus cursos com bolsas parciais (os cursos que normalmente custariam algo em torno de R$ 200,00 são pagos por no máximo R$ 70,00 por quem pode);
-Estamos, como já dito, fazendo os grupos formados na Fábrica terem apresentações semi-profissionais, cobrando cachê que é revertido para o grupo e para a instituição;
Por exemplo:
-Show da orquestra de sucata (instrumentos feitos de material reciclado e percussão corporal com temática focada no meio ambiente);
-Show de grupos formados na Fábrica de Criatividade (como Dança Contemporânea, HipHop, Teatro, Orquestra de Violões, etc) para aberturas de Sipat, por exemplo;
-Contratando os nossos serviços de personalização de festas internas da empresa (como dia das mães, natal, aniversário da empresa) com grupos de teatro, caricaturas ao vivo, grupos musicais, etc.;
-Palestra de Criatividade e Inovação – ministrada pelo fundador da Fábrica e especialista – Denílson Shikako;
-Formação de educadores sociais e arte educadores;
-Vindo nos conhecer
E vendo onde você ou sua empresa pode ser nossa parceira neste sonho de tornar o nosso mundo um lugar melhor.
Empresas que já são nossas parceiras:
Instituto Hedging Griffo, Mercado Livre, Vega engenharia ambiental, Natura, Grupo Cultural Afroreggae, Odontoprevi, CJE-Fiesp, Lego education
Fábrica de Criatividade: criatividade como meio, cidadania como fim.
Para saber mais:
www.fabricadecriatividade.com.br
R. Dr Luis da Fonseca Galvão, 248 (a 100 metros do metro Capão redondo)
Pq- Maria Helena – Capão Redondo – SP
Fone 5511-0055 / 5513-3512
Celular: (11) 8516-5983 (Denílson Shikako – núcleo gestor)
denílson@fabricadecriatividade.com.br
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uau! é de cortar o coração... e ai? será q ele já tentou a Milu Vilella da fundação cultural banco Itau?
ResponderExcluirPorque este pessoal de ONGs acham que a sociedade deve sustentá-los e aos seus projetos?
ResponderExcluirNão importa o quão bom ou bem intencionando seja um projeto "social". Uma ONG só pode se considerar bem sucedida se tiver um planejamento financeiro que a viabilize a médio prazo. Se uma ONG fale, a culpa é só e somente só de seus administradores. Botar a culpa na sociedade é miopia e falta de modéstia.
A sociedade brasileira já paga em tributos quase 40% de sua renda, em média. É recurso mais que suficiente para cuidar do social no país. Ninguém tem o direito de esperar mais recurso de uma sociedade que já dá tanto.
Se querem fazer a diferença, trabalhem para que estes 40% da nossa riqueza sejam usados para o bem.
E se alguém sujeito à mesma carga tributária quiser fazer mais do que isso? Tem de ser modesto, tem de ficar quieto, tem de esperar a viabilidade financeira do seu empreendimento? Não há recurso que chegue para "cuidar do social" se a sociedade como um todo mantiver o modelo de "pirâmide", em que os poucos que têm mais têm muito mais facilidade para se manter com mais do que os que têm nada para conseguir alguma coisa. E esse racioncínio é uma mistura doida de capitalismo e socialismo - 1) "quem não tem competencia, não se estabeleça" e 2) "os impostos pagos são suficientes para que o Estado resolva tudo". Concordo não. É mais complexo que isso, a revolta do Denilson é de fígado e coração e eu compartilho dela. Em meia duzia de camarotes de uma boate de luxo se gastam em uma noite os 57 mil reais que a Fabrica precisaria ter por mes para sobreviver. É compreensivel ficar revoltado. Será que o certo é se conformar, "o mundo é assim", "quem pode pode", quem tem dinheiro que gaste como bem entender desde que (se é que...) paga impostos?
ResponderExcluirSoninha, a revolta "de fígado" contra a desigualdade, a probreza, a falta de oportunidades para os miseráveis é compreensível e louvável. Minha crítica é quanto à direção dada a ela.
ResponderExcluirAcho que você pode compreender isso. Você está gastando seu tempo e seu energia na tentativa de fazer com que o monte de dinheiro dos impostos seja melhor gasto. Tentou no legislativo, viu que tava difícil, migrou pro o executivo e continua tentando, enfretando dificuldades mils, muitas delas impostas exatamente pela falta dessa revolta "de fígado" em muitos dos seus "colegas de trabalho".
Você não gostaria de ter muitos Denilsons trabalhando ao seu lado? Eu acho que isso seria ótimo para a sociedade.
O que eu critico é a pessoa criar uma ONG para poder atuar com a liberdade da iniciativa privada, mas, querer ser sustentado pelo dinheiro do público e ainda chiar quando não recebe tudo que gostaria.
A propósito, os comentários acima são meus. Como usei meu OpenID pra logar, tava aparecendo apenas um código pra identificar o autor. Foi um problema técnico, não foi de propósito. Não gosto de emitir opiniões de forma anônima.
ResponderExcluirSoninha, só agora fui ver que vc publicou no seu blog…eu mandei a carta só pra algumas pessoas que eu sei que conheciam a Fábrica e sua proposta, mas ao vê-la no seu post e os comentários dela não posso deixar de falar:
ResponderExcluirEm primeiro lugar obrigado por não só por postar isso no seu blog, pois de repente através disto as idéias possam ser debatidas e soluções encontradas, mas tb obrigado por compartilhar um pouco do nosso pensamento.
Geraldo, realmente eu acho o fim quando uma sociedade que já paga quase 40% do seu imposto ainda tem que se preocupar com o ‘social’ só que o fato é que infelizmente, e acho que é tb por isso que por exemplo a Soninha está na política, ainda há muita desigualdade e estes 40% não voltam pra ‘sociedade’...
e eu não preciso de pesquisas pra comprovar o que eu falo não, o Capão Redondo por exemplo tem quase 300 mil habitantes e praticamente nenhum espaço público como um teatro ou centro cultural, voltado pra arte e cultura por exemplo e sem dúvida nenhuma isso colabora pra que não só cresça a criminalidade, ócio, e outros índices negativos (como de fato eu ‘senti na pele’ com o assassinato do meu pai e com mais um monte de exemplos práticos que eu vi de perto neste últimos 10 anos).
Sem dúvida acho que temos que mudar muita coisa de base e por cima (e é por isso que existem Soninhas, e outras pessoas publicas q realmente estão tentando ‘legalmente’ transformar processos, leis, organização pela via ‘normal’) mas sem dúvida enquanto não existirem Tias Dags, Fundações Cafus, Projetos VidaNova, Capões Cidadãos, Coperifas, Intitutos Rukhas e isso só pra ficar em algumas Organizações da Zona sul, que através da iniciativa privada e de indivíduos tentaram fazer um pouco mais do que seus 40%, isso tudo que a gente vê de negativo vai continuar existindo em escala ainda maior..
Sem dúvida acho q falta competência sim no terceiro setor e eu me incluo nisto, inclusive este foi um dos motivos de vergonha da minha carta e de contínua preocupação e treinamento meu e da minha equipe nestes 3 anos, mas se eu, de classe media, com mais de uma formação superior, uma família estruturada e junto com mais um montão de gente super gabaritada e estruturada não conseguimos manter um projeto que já tinha até sede e repercussão na mídia, o que farão pessoas dispostas a acrescentar valor a sociedade mas que por estarem a mercê das oportunidades não conseguem nem pagar seus 40% por não participarem do mercado formal, político e de protagonismo no que tange a mudanças macros...
Eu realmente acho que sim, dá pra fazer um trabalho de formiguinha e juntar pessoas que: cobram o poder público, que participem dele, que ajudem na prática com mão de obra organizações que comprovadamente estejam fazendo, que ajudem financeiramente, que ajudem com materiais, com contatos, que criem mais organizações destas, que ajudem na gestão, que ajudem com idéias, que ajudem na sustentabilidade, e que façam 1, 2 ou mais itens destes ao mesmo tempo, e acho que sim, isto pode fazer a diferença pra gente nesta geração e nas próximas.
E foi de verdade, sem demagogia, pensando nisso que eu gastei tempo e dinheiro nisto, por achar que talvez com isso poderia começar mudando algo que eu não concordava na prática, mostrado uma prática que eu acreditava (pra mim seria/é cômodo viver com a renda das minhas 2 empresas de tecnologia e treinamento, pagando os 40% e ‘fazendo minha parte’) mas acho que se juntarmos gente disposta a ‘andar a 2ª milha’ estas pessoas/projetos vão motivar outras a fazer o mesmo, e estas farão o mesmo com outras e que vai acabar criando literalmente um ‘ciclo do bem’ que por mais clichê e piegas que pareça, acho que pode mesmo acontecer, pois já vi acontecer na prática várias vezes por aqui.
Enfim, só de ter gente discutindo isso já me dá uma esperança, várias pessoas que eu nem esperava leram minha carta e me mandaram respostas práticas, teóricas, sugestivas, e motivadoras, quase todas dispostas a fazer algo e acreditando que ainda dá, eu tb acho: ainda dá! Quero lutar pra ter um projeto sustentavel, quero lutar pra nao ter assistencialismo, quero lutar pra ter um planejamento financeiro de medio, longo e infinito prazo, quero lutar pra sociedade nao ter q arcar com isso, quero um monte de coisa que eu sei que dá, mas principalmente quero lutar pra poder continuar querendo, sonhando e porque não agindo!
Denilson Shikako