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fonte:http://todoprosa.blogspot.com/
O Jardim Pantanal e a lógica de Soninha Francine

Dia 8 de dezembro choveu muito. São Paulo mais uma vez padeceu com as enchentes.Passaram-se semanas e o abandonado e sempre alagado Jardim Pantanal na zona leste de São Paulo continuou abandonado e alagado com o transbordamento do Tietê. Passaram-se semanas e a prefeitura do Kassab não tirou a água que empesteava a região. Um menino morreu de leptospirose. Outras pessoas padecem dessa doença e de outras, derivadas da miséria e do descaso das autoridades. Fosse em qualquer outro bairro mais ,digamos, "nobre" e o senhor prefeito teria ficado mais esperto. Nesses dias anda chovendo muito, de novo. E o alagamento que não foi limpo recebe de novo novas águas imundas no moto-contínuo do descaso. "En passant" comentei, de leve, o assunto no twitter e mandei um "bleargh" para a dona Soninha Francine, agora aliada e sub-prefeita da Lapa na gestão do Kassab. A moça não gostou e me devolveu um "bleargh" perguntando ainda se é pecado se aliar ao DEM .É não Soninha!! o feio, o muito feio, o obscenamente feio é se aliar ao oportunismo ! e , vamos e venhamos né , se aliar a um prefeito que não trata da mesma maneira gregos e troianos, ou melhor, pobres e ricos... Feliz ano novo pra você Soninha. Que o ano novo traga luz para você iluminar os seus conceitos confusos sobre o que é política e o que é oportunismo...

Postado por Ricardo Soares às 21:58

"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros". Che Guevara

Respondi:

Eitcha, que história mal contada!

Alguém (nem me lembrava quem – então foi o Ricardo Soares?) tuitou um bleargh antes do meu nome (“... a (bleargh) @Soninhafrancine), sem nenhuma explicação do porquê do nojo. Não tinha referência a DEM, prefeitura, Pantanal ou o que quer que seja. Diante da gentileza, eu simplesmente respondi “bleargh pra você também”.

Muita gente perguntou também do Jardim Pantanal – que é vítima do “descaso” (ou coisa pior), sim, há muito tempo. De quem se omitiu, apoiou ou até mesmo promoveu a ocupação de uma área que jamais deveria ter sido ocupada. (Anos atrás, gravando uma matéria para a MTV perto da Billings, moradores – que nos receberam com revólver em punho; foi a primeira vez que me apontaram uma arma – disseram que não iam sair de onde estavam porque não eram invasores: “nós compramos a área; foi um vereador que vendeu”.) E que já sofreu muito com inundações até chegar a essa, que foi horrorosa (acho que foi em 95 que houve outra medonha). Não é só “obra da natureza”, é resultado de ações e inação de vários governos. Pelas imagens aéreas, análise de especialistas e a própria experiência dos moradores, uma das construções que ajudaram a bloquear o escoamento das águas foi o CEU – construído pela gestão Kassab em área designada pela gestão Marta. É muito comum governos oscilarem entre a remoção e a melhoria; não é mesmo fácil definir o que é fato consumado irreversível e o que pode ser revertido, entre a urbanização e a retomada da vocação original da área. Na Câmara, vereadores sempre apresentavam projetos de denominação (para ruas identificadas simplesmente com uma letra ou número) em áreas de manancial, por exemplo. Ou seja, propondo a consolidação de uma ocupação e não a reversão. Eu discutia muito o assunto com um de meus assessores (estávamos os dois no PT; ele continua): “É certo avalizarmos a consolidação da ocupação nesse lugar? Por outro lado, se não houver nenhum plano de remoção, não é melhor urbanizar como se deve em vez de deixar tudo mal acabado?”. Em muitos casos, não conseguimos informações suficientes para tomar uma decisão...

De todo modo, a enchente do Pantanal não pode ser debitada só dessa gestão – como quase todas as enchentes de grande proporção. Muita gente pensa que é só fazer uma manutenção simples, manter as ruas varridas e as bocas de lobo limpas para que não haja mais alagamentos e tragédias. Sim, esses serviços precisam ser feitos com muito mais eficiência. Não, só isso não adianta. Se fosse do PT a gestão atual – como é em Osasco, onde as chuvas diluvianas causaram estragos imensos – o Pantanal estaria com água do mesmo jeito. É absurdo, horrendo, inaceitável – mas não é simplesmente “culpa do prefeito”.

Por fim, o twit em que eu perguntava sobre ser ou não ser pecado filiar-se ao DEM não tinha nada a ver, como eu já disse, com o bleargh. Mas insisto: não sou do DEM; nem de longe é o meu partido. Nossa maior afinidade é sermos oposição ao governo Lula. Tanto do lado do governo quanto na oposição formam-se esses blocos estranhos, misturados – esquerda, centro, direita. Do lado de cá tem o DEM; do lado do governo o PR, o PP, e por aí vai. Mas quem quiser ser do DEM pode, não pode? E não é porque alguém é do DEM que esse alguém não presta. No DEM, como em todos os outros partidos, tem gente decente e gente indecente. Se eu achasse o Kassab indecente, provavelmente recusaria o convite para trabalhar na prefeitura. Discordo dele em muitos pontos, me aborreço com ele muitas vezes (nunca tive um emprego em que não me aborrecesse com meu(s) chefe(s)...), mas não o considero um personagem nefasto na política nacional, como alguns colocam de cara simplesmente por ele ser do DEM.

Trabalho na administração atual, sim, a convite do prefeito – o que significa que trabalho na prefeitura, não no DEM. Trabalho porque quero fazer tudo o que eu puder em São Paulo, e estou convencida de que é no Poder Executivo que posso fazer mais (minha experiência no Legislativo não deixou vontade de exercer outro mandato como vereadora). Em uma Subprefeitura posso pouquíssimo, na verdade, perto do que gostaria – temos aqui 1 tonelada de responsabilidade e 100g de poder. Apesar de ser um cargo de médio escalão – teoricamente, temos o mesmo status dos Secretários Municipais – nossas atribuições e recursos são muito pequenos. E tome pau... A gente apanha muito mais do que é reconhecido (também, o que não podemos fazer é muito maior do que o que nos compete). Por “oportunismo”, eu JAMAIS deveria ter aceitado ser Subprefeita. Seria muito melhor ficar nas minhas atividades na mídia (ganhando mais, sofrendo menos), fazendo o Blog sobre a Câmara (como eu pretendia antes de saber que seria Subprefeita), observando a administração pública de fora... Seria muito mais “oportuno” para quem quer ser prefeita um dia ficar na posição de pedra, mas eu vim ser vidraça...

Pra terminar: toda doença e morte associadas à enchente são abomináveis, mas o menino não morreu de leptospirose, foi outra a causa (é só uma correção, nada mais).

Abs