Quantas árvores tem a Lapa? A Pompéia? A Barra Funda? O Jaguaré?
Não sabemos. Ninguém sabe. Ninguém nunca soube.
Todas as Subprefeituras tem um controle de pedidos de poda e remoção e contabilizam as árvores removidas, as substituídas, os novos plantios. Mas esse é apenas um balanço de demandas e serviços executados, não um mapeamento de toda a população arbórea.
Há muito tempo vinha sendo desenvolvido um programa para o cadastramento georreferenciado de todas as árvores. Tanto tempo que eu já estava quase desistindo dele (meu pessimismo galopante tem se alimentado muito bem). Mas agora está pronto e sendo implantando em projeto piloto na Lapa, um dos lugares mais críticos da cidade quanto ao cuidado necessário com suas árvores. (Por que? Porque, felizmente, tem muitas – mas são velhas, de grande porte, muito maltratadas ao longo do tempo ou tornadas inadequadas com o passar dos anos. Uma falsa seringueira plantada na calçada, por exemplo, traz muitos problemas, por suas raízes muito invasivas e destrutivas).
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Ano passado, foram nomeados agrônomos (dezenas deles) aprovados em concurso. Muitos foram contratados para trabalhar nas Subprefeituras, mas dez deles ficaram concentrados na Secretaria de Coordenação das Subs para desenvolvimento desse piloto do SISGAU – Sistema de Gerenciamento de Árvores Urbanas.
A pedido deles, a Lapa enviou a relação de todos os SACs (pedidos feitos ao Sistema de Atendimento ao Cidadão) relativos à poda e remoção de árvore. Quase caíram duros: eram 4.543 – and still counting, isto é, aumentando a cada dia.
A primeira providência foi buscar redundâncias – muitos pedidos são feitos para a mesma árvore e nem sempre isso é identificável à primeira vista. Com essa primeira filtragem, 500 pedidos foram “eliminados”. Os outros 4 mil foram então distribuídos no mapa da Subprefeitura, segundo um código:
- Ruas pintadas de azul: 1 SAC, isto é, apenas 1 pedido
- Verde: 2 a 5
- Amarelo: 6 a 10
- Laranja: 11 a 20
- Vermelho: 21 pedidos pendentes ou mais.
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O distrito com mais ruas pintadas de vermelho foi o de Perdizes. Escolheu-se então o quadrilátero mais crítico para começar o SISGAU por lá. 12 Engenheiros Agrônomos e 1 Engenheiro Florestal foram a campo, examinando árvore por árvore do perímetro entre as ruas Turiassu, Diana, Pedro da Costa, José Donateli, Piracuama, Prof. Alfonso Bovero e Sumaré.
Para cada árvore foi preenchido um formulário de diagnóstico que compreende mais de 60 itens, relativos à localização, condições do entorno, canteiro, permeabilidade, características dendrométricas, avaliação do sistema radicular, do colo, do tronco, da copa... Uma avaliação minuciosa a partir da qual pode-se montar um plano de trabalho que não apenas seja capaz de atender às demandas das pessoas, mas resolver problemas que ainda nem foram identificados por elas e, mais do que isso, evitar problemas.
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Os resultados desse piloto do SISGAU são interessantíssimos, espantosos até.
O total de árvores existentes no espaço público (calçadas, canteiros centrais, praças etc) é 1239.
Dessas, só 120 não precisam de intervenção alguma.
904 precisam de algum tipo de manejo (poda, ampliação de canteiro, remoção de protetor etc).
196 precisam ser removidas.
Dessas, 152 podem ser substituídas, e há potencial para plantio de 643 novas árvores. Ou seja, mesmo com as remoções, a previsão é que no final do projeto tenhamos 1.838 árvores, isto é, 51,78% a mais.
Ah, sim: o número de SACs registrados para esse perímetro era 263. Ou seja, os pedidos eram muitos, mas o serviço a ser executado era muito, muito maior do que isso.
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Feito o diagnóstico, agora é fazer o serviço.
Há uma tabela dividindo as tarefas pelos vários responsáveis por elas: Subprefeitura, Eletropaulo, Secretaria do Verde, CET... Vamos “atacar” a partir desta semana.
Enquanto isso, continua o cadastramento do restante do distrito de Perdizes, com uma parte dos agrônomos da Secretaria (outra parte vai começar o serviço em São Miguel, se não me engano) e uma parte dos agrônomos da SubLapa (os demais precisam continuar atendendo os pedidos que chegam).
Com o tempo, pretendemos ter um aparelho para preencher o formulário já em formato digital (hoje é em papel). Mas é ótimo já ter começado, uma notícia muito boa neste mundo tão cheio de problemas.
Soninha, este cadastro georreferenciado está sendo feito com qual programa? Mapinfo, Maptitude, Arcgis? Posso ajudar se for preciso! Abraços, Dennys.
ResponderExcluirQue boa noticia Soninha!...Bem no comecinho do ano!!Parabéns!!...Uma luz no fim do túnel...uma árvore...no meio desta floresta!!!..um grande abraço....Carlos Eduardo (Conseg Lapa)
ResponderExcluirSoninha, sou morador da Pompéia e pensei o seguinte: porque não montar um projeto colaborativo, onde os próprios moradores podem indicar em um site as árvores que tem na sua rua? Tipo, o moriador tira a foto da árvore e manda a foto com endereço para a sub via um site. Tenho certeza que dá para fazer isso de graça no Google Maps mesmo. Você acha que rola? Precisa de ajuda para fazer ou da forma que vc comentou já é o melhor? Abs
ResponderExcluirGenial Soninha, Parabéns...
ResponderExcluirVeja em http://wp.me/sK66D-60 . Nós tinhamos este projeto em mente, mas nenhuma condição de implementar, por falta de recursos humanos e materiais.
Nossa Associação é do Jardim Bonfiglioli, Sub do Butantã, onde cortar árvore é esporte preferido dos funcionários municipais.
Estou fazendo apenas um levantamento fotográfico e de localização da árvore, sem nenhuma sofisticação.
Parabéns p/ todos! Que dê muito certo! Pequenos detalhes, fazem a diferença. E o sistema dando certo, pode ser exportado p/ outras prefeituras pelo Brasil e mundo...
ResponderExcluirDe Soninha para Emerson:
ResponderExcluirEmerson,
A ideia é legal mesmo, e alguns moradores já deram sua contribuição, mandando fotos, descrições e endereços de árvores. Enquanto não saía o tal do SISGAU, eu fiquei pensando em uma maneira de montar esse sistema pra não acontecer o que a Lylian te falou (e algumas árvores passarem batido, coitadas). Mas agora que tem o programa de cadastramento, o serviço é mais aprofundado, porque tem todo o diagnóstico detalhado da situação da árvore.
Mas não desisto desse modelo colaborativo não - ele pode servir para uma descrição mais afetiva, com a história da árvore por exemplo. Aceito contribuições!
Parabéns a todos que participaram e vão colaborar para o fechamento de tão importante projeto. Sempre que vejo alguém derrubando uma árvore aqui do condomínio ao lado, fico com o coração dolorido. Os caras usam um grande facão e vão cortando até chegar no fim do tronco. Tudo isso para não atrapalhar a visibilidade das cameras de segurança. Sempre me pergunto: será que isso está certo? Não seria melhor podar ? Será que a Sub Lapa deu autorização para isso ? Infelizmente além de rapidos eles efetuam o "serviço" nos fins de semana, quando sabem que não existe fiscalização.
ResponderExcluirSoninha, muito interessante e legal esse trabalho!! Da maneira como foi apresentado e dados os primeiros resultados, só fico otimista em relação ao sucesso dessa empreitada. Realmente não é um trabalho fácil, mas muito aprofundado, e muito disso com certeza se deve ao empenho que cada um dos engenheiros e funcionários que participam disso. Boa sorte e bom trablho a todos!! Que o SISGAU tenha sucesso. []'s!
ResponderExcluirSoninha, boa noite!
ResponderExcluirSou vereador em Piúma - ES, litoral sul do estado, e preciso muito falar com vc. Por isso, preciso de um contato contigo, pode ser por e-mail ou por telefone. O e-mail pode ser o prrainha@gmail.com. Aguardo seu contato, obrigado!
Nilson Rainha