sexta-feira, 28 de maio de 2010

Crianças, adultos e bichos

Hoje vi um menino pedindo dinheiro no farol.
Se a sua reação foi um irônico "Ah, não me diga...", pense bem no absurdo que é termos nos acostumado com isso.
Enfim, vi um menino, como volta e meia a gente vê por aí. Por que esse chamou especialmente atenção? Não sei. Talvez porque estivesse sozinho - geralmente, as crianças tem duas ou três outras por perto, ou um adolescente, ou um adulto.
E ele estava bem vestidinho, limpinho, acho que com um uniforme da escola.
Era um menino escurinho, sem sorriso, com uns oito anos de idade. Pedindo dinheiro, e ganhando.
Eu fiquei louca da vida de ver aquele menino ali. Aliás, essa é muitas vezes a minha reação - de raiva: do mundo, do sistema, da história, o cacete.
E o pensamento que me ocorreu foi: "Cadê a mãe desse menino?"
Respondi "talvez ela esteja trabalhando". E: "Então cadê a avó? A tia, a vizinha, quem tinha que estar olhando por ele, sabendo onde ele está, não deixando ele vir pra rua?"
E sabe de uma coisa? Em nenhum momento eu pensei "cadê o pai?".
Que merda, a gente já nem conta com eles. Já supõe uma mãe responsável sozinha por cuidar das crianças.

***
Logo em seguida, me liga uma avó.
Meu cachorro teve os cinco minutos e mordeu a mão de uma menina. Eu quis morrer.
A menina foi mexer no cachorro - que é fofo, expressivo e manso - e o disgramado mordeu a mão dela.
A menina, claro, levou um baita de um susto. Doeu, machucou, e ela chorou muito.
A preocupação da avó era saber se o cachorro estava com as vacinas em dia.
E o medo - PAVOR - que eu fiquei de não estarem?
Porque eu sou a rainha do "preciso marcar dentista", "preciso marcar veterinário" e... não marco.
Liguei para o veterinário. Ele me devolveu a paz: "Tá aqui, ele tomou vacina em janeiro de 2010".
E eu devolvi a paz da avó, ainda bem. Ela passou em casa para pegar a carteirinha da vacina, para ter a certeza de que estava tudo bem - V10, antirrábica - e, principalmente, mostrar para a filha. Porque é claro que, tanto quanto eu, ela estava se sentido hiperculpada pelo que aconteceu, e desesperada para ter certeza de que não havia maiores riscos.
A menina, fofa que só ela, estava com um bandeide colorido na mão. Pedi dois milhões de desculpas. Tomara que ela fique bem.




9 comentários:

  1. Soninha, o mesmo que vc sentiu com o menino de rua se passa diariamente nas marginais quando mais um motoqueiro sofre um acidente. É mai um e não MENOS um ser humano indo trabalhar ou trabalhando. A sociedade só pensa no transito, na marginal parada... essa é a notícia.

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  2. Os meninos de rua só vão desaparecer quando a sociedade não tolerar mais esse descaso. Quando as pessoas pararem de dar esmola e também quando o Estado for ativo e participante.

    Não sou especialista no Estatuto da Criança e do Adolescente, mas deveria haver um mecanismo onde os policiais ou a guarda civil pudesse ter o poder de retirar o garoto da rua tantas vezes quantas ele insistisse em ficar pedindo. Simplesmente deveríamos proibir a criança de ficar pedindo em semáforo. Enquanto isso for tolerado, vai se repetir.

    Quanto ao cachorro, já passei pelo mesmo. Sua conduta foi exemplar. E paciência, acontece.

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  3. Para Daniel:
    entao a tua soluçao é mandar a polícia encima dos meninos de rua? entao vc acha que se deixamos de dar esmola o problema se soluciona? Nossa! Acho que vc nao devia opinar sobre política social. Acho que vc só ta preocupado en vc mesmo e no teu grupino de gente filhinha de papai.

    E para vc Soninha, que é a ídola da minha irma:
    misturar un asunto tao delicado e importante sobre crianças de rua com o asunto particular do teu cachorro...? fica parecendo que está fazendo comparaçao. Mas te felicito por falar de estes asuntos (dos mieninos de rua).
    Moro na España faz más de dez anos, e este é un asunto que da muita tristeza.

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  4. oh my God...

    Titi,
    Sobre a opinião do Daniel, não entendi como vc. Ele não disse para a polícia "ir em cima" dos meninos. Pelo que entendi, ele quis dizer que a polícia (que deve ser o órgão do Estado que ele sabe que faz rondas pelas ruas) deveria ter um mecanismo para encaminhar essas crianças para algum lugar seguro. Aqui no Brasil, é proibido uma criança trabalhar. Por mais que eu tenha começado com 14 anos, minha mãe com 12 e este menino com uns 8, 9. Mas não pode. É lei. Eles deveriam estar em casa ou na escola, alimentados, amparados, estudando, brincando. Enfim... vc foi intolerante e só pensou na pior parte.

    Agora, sobre a Soninha falar do cachorro, se vc pensar bem, ela comparou a preocupação e cuidado da avó da criança mordida pelo cachorro, com a falta de atenção de um adulto responsável por aquela criança no farol. Se ela é atropelada, quem se responsabiliza? Se um cachorro - da Soninha era vacinado e se fosse um sem vacina, doente? - morder este menino, quem se responsabiliza?

    Um conselho: sempre pensar nas piores intenções faz mal para a alma.

    Eu uso para minha vida um simples ditado: prefiro ser 100% enganada, que 100% neurótica.

    um beijo. Morro de vontade de conhecer a Espanha. Espero que vc esteja bem feliz aí. :o)

    Lylian

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  5. Oi Soninha, boa noite. Vou lhe confessar uma coisa, por vezes perco um pouco a esperança por dias melhores quando penso que a grande maioria das pessoas se acostumaram e vêem essa cena como parte integrante e comum da paisagem urbana. Triste, muito. Graças a Deus consigo manter um pouco minha sensibilidade e, diariamente me entristeço e reflito sobre isso. Com relação ao fato da inexistência do pai na história, também fico triste e impressionado. Participo de um trabalho social, no final do ano, em comunicades extremamente carentes, uma grande festa para famílias dessas comunidades, e nunca s vêem os pais, somente os filhos e as mães. É impressionante. Teve um dia também, que indo para o trabalho, de manhã, tenho o costume de observar as cenas, comuns, e vi uma mãe, pequena devia ter cerca de 1,60 m de altura,levando sua filha, de uns 10 anos, no colo, andando na calçada. Faz um bom tempo que vi isso. Nunca me esqueci. Ficou gravado. Como as mães são guerreiras! Sempre penso nessa mãe, e procuro cuidar dos meus pequenos, Vini e Laura, com o maximo possível de amor e dedicação que eu possa dar. Um grande beijo pra você.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Como é bom saber que veterinário serve para uma situação dessas...

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  8. Soninha:
    Circula na internet uma carta, como se fosse sua, a um seu amigo, dizendo as qualidades do Serra e concluindo que vota nele, pois o mesmo não é nada do que diziam[dizem], muito pelo contrário. Preciso de sua confirmação para saber se repasso ou não para meus quase 500 contatos.

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  9. Edmar,

    Pode repassar, se for esta aqui (compare): http://soninhafrancine.ning.com/profiles/blogs/questionada-sobre-seu-apoio-a

    Abs,

    Lylian

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