Como o Nelson Alexandre, espectador da ESPN Brasil, escreveu no mural no nosso site (digo, no site da TV), o Uruguai tem uma baita dupla de ataque (Forlan e Suarez); a África do Sul é a "centésima e tralalá no ranking da Fifa) - "deu a lógica".
Mas a lógica às vezes vai passear, e podia ter dado um tempo nesse jogo...
A África do Sul é muito fraca e não teria a menor chance se não fosse o time do país-sede. Provavelmente nem teria se classificado. Mas com o apoio da torcida local e a simpatia do mundo inteiro, ganha uma força adicional, mas evidentemente insuficiente.
Agora precisa ganhar da França (não é impossível...) mas precisa também torcer para empate entre França X México (para que as duas estacionem em 2 pontos) e depois torcer por empate ou contra o México na partida contra o Uruguai... Mas se tiver um vitorioso entre França X México, já haverá dois times com 4 pontos, e suas chances caem a quase zero.
Pena, pena... Em qualquer lugar, a eliminação do país-sede dá uma brochada geral. Quando se trata de um país que desperta tanta simpatia, solidariedade e compaixão, mais ainda.
Enfim, com seu próprio time fora do páreo, o mais provável é que os sul-africanos elejam o Brasil como "seu". Que nós não os decepcionemos.
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Hoje, 16 de junho, se rememora na África do Sul um episódio muito marcante na sua história, a passeata de 15 mil estudantes que terminou em tragédia. Eles protestavam contra mais uma medida ridícula, indecente, abominável de segregação e exclusão dos negros. Como em outros momentos, a tragédia serviu como ponto de partida, momento de virada. No Brasil, muitos atribuem à morte violenta de Vladimir Herzog esse ponto de virada, de BASTA.
O que sempre me assombrou no apartheid foi, além da crueldade abjeta do sistema, o fato de que era uma imposição da minoria branca sobre a vasta maioria negra. Com a força do dinheiro e das armas, a minoria calou a maioria durante muito tempo. E como sofreu essa maioria para conseguir encerrar esse absurdo, mesmo com pressão internacional, sanções e campanhas.
Às vezes é bom relembrar essas conquistas. Pensar que eu cresci "convivendo" com o apartheid, abismada, me sentindo impotente e descrente da humanidade, e ele... acabou. Racismo e discriminação não acabam facilmente, mas deixar de ser política oficial era fundamental. Parecia uma causa perdida, mas o mundo venceu essa atalha. Sinal de que outras coisas com as quais a gente não se conforma ainda tem jeito.
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E que figura o Desmond Tutu!
Poxa, Soninha, eu sei que é uó, o fim da picada, pedir essas coisas por aqui mas eu cacei a net inteira atrás do seu e-mail pessoal e não consegui!
ResponderExcluirQueria falar contigo sobre educação, aliás, sobre um problema envolvendo educação.
Eu imagino como deva estar a sua agenda em ano de eleição e vou entender se você não quiser (ou não puder) passar seu e-mail. Mas eu não podia deixar de tentar. Valeu! juniorda@gmail.com
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ResponderExcluirÉ interessante notar que hoje quando se fala da história da África do Sul e seus líderes, não vejo falarem de Steve Bantu Biko e olha que o filme no qual foi interpretado por Denzel Washington teve repercussão e rendeu uma indicação ao Oscar para o americano.
ResponderExcluirA vitória da África do Sul seria simbólica, assim como foi a conquista do time de rúgbi, mostrada nos cinemas, porém a vida em alguns momentos é maior que contos e lendas, entretanto, na sua maioria das vezes acontece o provável. (Infelizmente).
Pelo menos com a Copa muitas coisas do países passam a ser expostas. Pontos negativos como o alto indíce de estupros, as políticas polêmicas de Jacob Zuma, a discriminação racial e social.
Entretanto, aspectos positivos são mostrados, é cenas de uma país africano no qual a cidade não parece cenário de Mad Max, observar que Nelson Mandela manteve sua essência e não se tornou um Robert Mugabe além de ver que ainda existe uma esperança, mesmo que pequena.
Achei relevante você tocar num continente tão esquecido pelos jornalistas.