quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tem gente que... - opiniões sobre a Copa e sobre opiniões sobre a Copa

Tem gente decepcionada com o nível dos jogos da Copa. Como é de 4 em 4 anos, é fácil esquecer... Copa do Mundo é isso aí. Futebol bom, mas bom mesmo, é mais fácil ver na Champions League, a Copa dos Campeões da Europa, com muitos times de alto nível, os melhores  jogadores de todos os países e uma disputa mais alongada. As diferenças fundamentais são duas: o fato de serem mesmo TIMES, entrosados, evoluídos, que realmente podem (tanto quanto o dinheiro permite) buscar as melhores opções para cada uma das posições e setores do campo. E o fato de ser mais longa... A brevidade da Copa do Mundo leva os times a serem mais cuidadosos – até demais.

(Ontem li um post muito interessante – sobre o medo de perder até mesmo por parte de quem não tem nada a perder, como Argélia, Eslovênia e outras zebras. É o texto "Humano, demasiado humano", do blog In The Jungle)

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Até aqui, gostei da Argentina e também da Nigéria, de EUA X Inglaterra, da Alemanha e do Chile. Gostei de ver que a Coréia do Sul continua firme (simpatizei muito com eles em 2002). Não me empolguei com Portugal ou Costa do Marfim

Tem gente que ainda se surpreende com os EUA – como se eles já não fossem uma seleção competitiva, amadurecida (vide a Copa das Confederações, em que eliminaram a ótima seleção espanhola e deram um calor no Brasil na final).

Outros se espantaram com o futebol leve da Alemanha, mas em 2006 eles jogaram exatamente assim – velozes, envolventes. Mas todos nós temos um piloto automático que reproduz velhas idéias sobre tudo, como a do “futebol alemão mecanizado”. Joachim Low, o técnico atual, era auxiliar do Klinsmann – e todo mundo sabia o quanto ele era importante ali na comissão técnica. Pode até ser que a Alemanha jogue mal de agora em diante, mas a estréia foi condizente com sua última participação – aliás, na estréia em 2006 eles foram ótimos e golearam a Costa Rica.

(Ah, sim, é quem diga que a Alemanha teve a vida facilitada porque “a Austrália era muito fraca”. Peraê, tá cheio de time “muito fraco” mas ninguém mais goleou. Eles fizeram o jogo ficar fácil e gostoso. Time fraco tem uma capacidade incrível de tornar tudo muito chato e difícil).

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Tem gente que se decepcionou com o Brasil. Esperavam uma goleada contra a fraquíssima seleção da Coreia do Norte.

Eu não...

Estreia em Copa pode ser bem complicado – tem muito nervosismo, expectativa, pressão. E o Dunga, com sua estratégia de clausura, “nós contra todos”, acabou, creio eu, deixando todo mundo mais nervoso ainda. O clima de camaradagem virou estresse – vide o comportamento de alguns jogadores nos amistosos e treinos (e o desempenho do Luis Fabiano na estréia; embora ele insista “estou tranqüilo”, é evidente que não está. A sisudez nas entrevistas já sugeria isso).

E time fraco é um saco. Era óbvio que a Coreia se fecharia loucamente, apostando em contra-ataques com seu astro solitário. Aliás, eu achei até que, por distração e avaliação equivocada da nossa defesa, a Coreia marcaria primeiro... (Meu palpite para o jogo era 3 X 1). Marcou depois, mas a causa foi basicamente a mesma.

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Como eu não tinha a expectativa de goleada, também não achei o jogo tão ruim quanto a maioria.

Gostei das trocas de passes entre Robinho e Elano desde o começo do jogo; Maicon “entrou” depois, no início estava meio preso. Kaká pelejou, mas não foi bem. Luis Fabiano estava irriquieto, inseguro – ficou em impedimento várias vezes (incluindo algumas em que nem chegou a receber a bola, por isso mesmo).

Michel Bastos também foi melhorando durante o jogo. Felipe Melo e Gilberto Silva não comprometeram – o primeiro, aliás, lançou Elano o lance do gol do Maicon. Lúcio é meio afoito nas subidas ao ataque, mas confesso que gostei – esse é o tipo de partida em que o “elemento surpresa” pode ser muito útil. (O Mauro Cézar, da ESPN, só acha que ele sobe tanto que deixa de ser surpresa...). Juan foi muito bem. Julio Cesar não teve quase trabalho nenhum.

Quando o bloqueio é difícil de romper e a troca de passes não está funcionado, a jogada individual pode fazer diferença – a finta, o drible, um toque diferenciado, imprevisto. Por isso eu queria a entrada do Daniel Alves. Trajano e PVC queriam a saída do Elano; eu sugeri Felipe Melo porque achei que podíamos tranquilamente abrir mão de um jogador  de marcação – e até recuar um pouco o Elano, mas podendo contar com seu bom passe e visão de jogo pela direita, enquanto Daniel podia cair tanto pela direita quanto pela esquerda.

Não cheguei a pensar nele no lugar do Kaká, mas bem que podia. E depois Nilmar entrou bem demais no jogo. Ramires não chegou a fazer diferença.

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Elano é um daqueles caras escolhidos... para ser zoado. É um jogador muito técnico, inteligente, competente, dedicado, polivalente capaz até de alguns brilhos (pergunte aos argentinos). Naquele time do Santos que revelou Robinho e Diego, tinha um papel super importante. Mas virou símbolo da mediocridade, da falta de ambição. Sacanagem. Acho que se jogasse em outra seleção, reconheceríamos facilmente o quanto ele é bom.

“Ele errou muitos passes!”, disseram alguns. Quando a gente não gosta de um cara, enxerga todos os erros e despreza os acertos... Daniel Alves errou um passe longo bisonho, e daí? Ninguém deixa de gostar dele por isso. Se fosse o Elano...

Elano acertou muito, e com criatividade (acertar passe de lado é fácil). Fez a enfiada para o gol do Maicon e concluiu muito bem a jogada com Robinho. O que mais querem dele? De novo, se jogasse no Real Madri, valorizariam mais sua participação.

Sempre há cismas, implicâncias, preconceitos. Meu queridíssimo Alex, camisa 10, foi muito vítima disso. Galvão Bueno era líder da torcida adversária... O Zinho ficou com a fama de enceradeira – mesmo que precisasse segurar a bola porque não tinha um cristo desmarcado para quem ele pudesse passar Em 2006, o símbolo da mediocridade e falta de ambição etc. era o Zé Roberto! Escalado como volante, ele realmente parecia ocupar uma vaga que podia ser mais bem aproveitada por um jogador de criação. Ninguém lembrava que o Zé era talentoso, driblador, criativo, só estava mal escalado.  E na Copa ele acabou sendo justamente o que mais nos agradou.

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Prossegue discussão eterna sobre futebol bonito X futebol de resultados (pois se é eterna...). Quase sempre, uma bobagem.

Futebol pode ser bonito de várias maneiras – com jogo envolvente, cheio de fintas e dribles e muita movimentação e liberdade; com esquema super organizado, baseado em defesa firme e contra-ataque. Um drible de entortar é tão legal quanto uma troca rápida de passes, uma antecipação ou um desarme.

E futebol pode ser feio... Tenho discutido com um gaúcho (que faz muita questão de afirmar sua posição de “nós do sul contra vocês do centro”...) que parece não admitir isso - que exista algo chamado “futebol feio”; eficiência parece ser para ele algo que absolve qualquer time, qualquer jogo. “Feio é perder”.

Não concordo, acho que um time pode vencer e ser feio, chato de ver jogar. E a gente não precisa escolher a chatice como caminho para a vitória... Até porque uma não garante a outra. A gente pode jogar de um modo absolutamente sem graça e perder, e aí não sobra nada. Então eu prefiro um jogo gostoso de ver, com marcação forte e com ousadia, criatividade, talento individual – podemos perder jogando assim, mas ao menos teremos tido prazer com a partida em si. A alegria no final nunca é garantida; fiquemos com a alegria enquanto caminhamos.

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E a Espanha? 
 
A Espanha não jogou feio nem bonito, jogou mal. Nervosa, ineficaz. Pode melhorar muito.

Um comentário:

  1. Querida Soninha, não nos deixe sós. Não nos deixe com o Tuma, que quer a reeleição; não nos deixe com o Quércia, que dispensa comentários; não nos deixe com o Netinho e a Marta, jactância pouca é bobagem;
    Dois terços do Senado Federal poderão ser renovados. Precisamos de renovAÇÂO, precisamos de você lá! Aprendi muito sobre o funcionamento da Câmara de Vereadores, graças ao seu mandato transparente.
    Num ano em que o Presidente da FIESP vira socialista; o Aldo Rebelo, do PCdoB, abraça os ruralistas; o PT nos faz engulir o MICHEL TEMER. Que TEMERidade! Fora o apoio a Roseana, lá no Maranhão. Já a escolha do vice do PSDB, hora é Dornelles (o tal dos tempos verbais e outras podridões mais), hora é Kátia Abreu -- nova amiga de Aldo.
    Eu sei que essas escolhas envolvem um milhão de interesses e são escolhas complexas e dificílimas.
    Soninha: Quércia, Tuma, Netinho, Marta, Chalita, ai não, né!!! SÔNIA FRANCINE, PARA O SENADO, JÁ!

    " Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar." Trecho de poema de António Machado

    Agita esse PPS aí!

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