quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Por que Belo Monte não?


- Porque é uma obra CARÍSSIMA - mesmo com todos os indícios, para dizer o mínimo, de que os custos estão subestimados.

- Porque o setor privado refugou do interesse e precisou entrar o BNDES para que as empreiteiras se interessassem pelo negocião – ainda assim, com o governo como sócio.

- Porque a real capacidade de geração de energia é motivo de controvérsias – pelo regime peculiar do Xingu, cuja vazão é dez vezes menor em época de seca, e pela previsão de diminuição do volume dos rios da Amazonia nos próximos anos em função das mudanças climáticas.

- Porque a população local, segundo previsões oficiais (e talvez subestimadas), vai DOBRAR em curtíssimo espaço de tempo. Já há imensa demanda não atendida pelos precários serviços públicos  e infraestrutura locais e a pressão sobre eles vai explodir. (Em um ano, os índices de violência em Altamira já aumentaram em 28%!)

- Porque com a absorção da população local na construção civil, falta mão-de-obra para a agricultura, que já não dá conta do abastecimento local (a comida lá vem de muito longe).

- Porque não tem cabimento desmatar uma área enorme naquela região - para acolher o aumento da população, a instalação de cimenteiras e outras fábricas, a construção do reservatório etc.

- Porque um reservatório enorme como esse (o terceiro maior do mundo) tem um impacto socioambiental brutal e existem alternativas hoje a esse modelo de “megausina”.

- Porque além do impacto do alagamento, há o “secamento” do rio depois da barragem, prejudicando os que vivem às margens do Xingu por muitos e muitos km adiante.

- Porque povos tradicionais serão afetados negativamente de maneira irreversível.

- Porque espécies animais serão extintas. Vegetais, possivelmente, também.

- Porque não é verdade que “sem Belo Monte, haverá uma catástrofe energética “, ou que a única alternativa a ela é a energia de alto carbono.

- Porque somente 3% da energia gerada será utilizada no próprio Pará. Isso significa, entre outras coisas, que a receita de ICMS – cobrado no consumo e não na geração – será baixíssima para tamanho impacto (mesmo considerando os royalties, que aliás variam conforme a energia gerada portanto caem muito na “seca”).

- Porque o processo de licenciamento foi repleto de inconstitucionalidades e a concessão de licença “parcial”, para início de instalação de canteiro de obras enquanto condicionantes NÃO foram atendidas, é uma aberração de fato e de direito.

***
Ontem, no debate no Setembro Verde da Matilha Cultural, documentário exibido mostrava uma liderança local falando do papel do ex-presidente Lula no processo: “O presidente veio aqui e garantiu que não ia enfiar o projeto goela abaixo. Mas puxa, a equipe dele de Energia não pensa como ele”.

Tadin’ do Lula, tão bem intencionado, cercado de gente tão malvada. [NOT]

Um comentário:

  1. Então, essa de Belo Monte é mesmo uma coisa meio estranha, parece um capricho, coisa de quem quer ter "a usina hidrelétrica com o terceiro maior reservatório do mundo". Ainda que fosse para ter o primeiro! (seria pior, convenhamos...) Mas o fato é que, em se tratando de energia elétrica, que é possível ser transmitida de uma região para outra com uma eficiência até satisfatória (senão ITAIPU só serviria o Paraguai) nós teríamos, realmente, muitas alternativas "verdes". Temos uma região problemática em relação à seca e ao excesso de insolação (sertão do NE) -> soca usina solar lá! E temos 8000 km de litoral, pra ficar só aí, em que SEMPRE há vento. EÓLICAS!!! Mas, fazer o quê, BELO MONTE tem um MONTE TÃO BELO (de coisas estranhas...)

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