segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Minha Vida em Duas Rodas - episódio final da temporada :)

Cumprindo a promessa do outro post, o passeio noturno foi assim:

Um casal de amigos nos convidou para pedalar até o centro da cidade (ou a Mooca, já não me lembro muito bem), parar em um bar para cerveja e batata frita e voltar em uma terça-feira qualquer.

Apesar de andar muito e subir bastante escada (#naotenhosacoparaesperarelevador), eu fiquei seriamente preocupada com a possibilidade de não aguentar pedalar de Perdizes até o centro e voltar. O amigo era ciclista viajante, super experiente, não valia como parâmetro. Mas a amiga me garantiu: "Eu que sou uma ameba aguento, imagine você".

Pedalamos e foi ótimo - e muito, muito fácil de aguentar. Lição número 1: por incrível que pareça, andar motorizado por aí faz com que a gente perca a noção de distância - e ache que elas são maiores do que realmente são! É tão enjoado e demorado andar de carro pela cidade que o caminho parece mais longo!

***
Segunda história prometida - a longa viagem ZL-ZO.

Era um sábado de manhã, dia da inauguração do Bicicletário na estação Guilhermina do metrô. Um pequeno passo para um ciclista, uma grande conquista para a cidade rsrsrs. Fui de metrô até lá, levando a bicicleta, enquanto vários cicloativistas foram pedalando.

Pretendia voltar de metrô, mas eles me incentivaram a entrar no comboio: "Vem com a gente. A hora que você cansar, aí você pega o metrô".

É uma bela de uma esticada para uma senhora quase sedentária (exceto pelas tais escadas) - uns 15 km mais ou menos. Pensei que arregaria ali pelo Tatuapé, mas que nada. A ZL é bem plana e viemos numa boa até o Mercado Municipal, onde fizemos uma parada para reabastecer (rs) e seguimos cada um seu caminho.

O trajeto era bem acidentado - seguiamos pela calçada junto ao muro do metrô, pensando "aqui podia perfeitamente ser uma ciclovia!" (agora é \o/) enquanto desviávamos de postes, buracos, guard-rails entortados etc. Às vezes o jeito era atravessar a Radial para o outro lado (é uma via expressa, não dava para dividir asfalto com os carros e ônibus não) e os momentos mais complicados eram as subidas dos viadutos. Primeiro porque o acesso a eles é tenso; segundo pela subida em si.

Aí aprendi uma segunda lição, maravilhosa para tudo na vida.

Para encarar a ladeira, eu diminuía um pouco o ritmo antes dela para me desgarrar do grupo e ter espaço para correr um pouco mais. Quando achava que tinha campo suficiente, começava a correr para conseguir atacar a subida usando o embalo da velocidade adquirida no plano.

#queestúpida.

O que acontecia? Na metade da ladeira (no máximo!), o embalo já tinha acabado, eu estava exausta e tinha de "engatar primeira" para continuar subindo, com muita dificuldade. Até que o Arturo Alcorta, da Escola de Bicicleta, percebeu minha estratégia genial, emparelhou comigo e disse: "Ladeira a gente não começa, a gente termina".

#mudouminhavida :o)

É muito melhor subir devagar desde o começo, usando a marcha adequada (a mais mole que tiver), dosando a energia e mantendo o ritmo, do que gastar muito na arrancada e faltar força justamente quando mais se precisa dela...

E foi assim, somando experiências e instruções, que descobri que usar a bicicleta como locomoção, mesmo em uma cidade pouco amigável como São Paulo ainda é (tá melhorando, tá melhorando), é POSSÍVEL sim para pessoas dos mais diferentes perfis - e às vezes é tenso, mas muitas vezes é uma delícia.

***
Neste ano da graça de 2011, tenho andado muito pouco em duas rodas por aí. A localização do meu trabalho - Rua Boa Vista, entre a Praça da Sé e o Largo São Bento - faz com que seja ridiculamente fácil fazer o trajeto diário de ônibus e metrô (ou só de ônibus). Então não só o carro fica um tempão parado na garagem, a moto também passa semanas quieta no seu canto.

As bicicletas estão sempre à mão - uma em casa, outra na minha sala na Sutaco (sou Superintendente do Trabalho Artesanal nas Comunidades nessa autarquia ligada à Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do governo do estado). Quando tenho uma reunião na região central, pedalo - a Sala São Paulo tem bicicletário, a Câmara Municipal tem paraciclo (e deu um trabalhão conseguir instalar um lá, viu? #inacreditável rs), várias estações de metrô tem lugar para estacionamento das bicis, o que facilita bastante. Mas minha bicicleta é dobrável, então, se for o caso, ela vira bagagem e entra comigo...

E hoje tenho certeza de que a melhor maneira de se deslocar por São Paulo é a intermodalidade. Mesmo.

Em vez de pensar que você vai escolher um meio para se locomover em todas as situações - carro, moto, bicicleta, táxi, transporte coletivo - perceba que cada trajeto tem suas próprias possibilidades e exigências; cada viagem tem sua hora e seu tempo. E o mais inteligente é, antes de cada partida, pensar no caminho e no meio de locomoção. Coisa que a gente faz quando é turista, mas não na própria cidade.

Dá para ir de metrô? Qual é o melhor jeito de ir até a estação - bicicleta, moto, táxi, ônibus? A pé? Meu destino tem estacionamento? É caro? Se eu for de carro, posso parar a umas 4 quadras de distância e caminhar até lá? Para ir de bicicleta, qual é o melhor jeito de evitar as ladeiras e avenidas?

Assim, sem deixar de pensar no que é melhor para você, estará dando sua contribuição também para uma cidade melhor. Vivemos em um mundo - o urbano... - em que a disputa por espaço é feroz. Ao analisar a real conveniência de sair de carro por aí (e surpreender-se com a quantidade de vezes em que ele é a pior escolha), você vai liberar espaço no asfalto um par de vezes, deixando de ser mais um "congestionador" (ou o congestionamento é feito só pelos outros carros, não o seu? Hmpf). Como quase tudo que a gente faz é contagioso, talvez outras pessoas se inspirem e São Paulo mude radicalmente seu modo de ver as ruas e os deslocamentos.

E com isso eu termino minha novela enquanto blogueira do Salão Duas Rodas , que começa amanhã no Anhembi - quem sabe a gente se encontra por lá ou em alguma estação, trem, ônibus, calçada, avenida, ciclovia ou ciclofaixa pora aí :o)

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