Para confirmar (ou não) minhas impressões, pedi socorro ao Roberto Smeraldi, do Amigos da Terra , que mandou o seguinte:
- Não é a primeira vez que o INPE altera o número de imagens, especialmente na primeira avaliação (às vezes por conta de falta de recursos, ou para antecipar os dados). A rigor isso não deveria alterar significativamente os resultados, pelo menos em anos nos quais não haja explosão de desmatamento em novas áreas (e não deveria ser este o caso). O desmatamento ocorreu mais ou menos nos lugares tradicionais (cobertos pelas imagens do INPE) e portanto a redução nas imagens não deveria levar a GRANDES distorções. De repente ela pode subestimar dados de RR, AP etc., mas isso não deve influenciar muito os números totais.
- Por outro lado, é verdade, nos últimos anos, o INPE tem subestimado os dados na primeira avaliação (taxa estimada) e depois os reajustou um ano depois, na "taxa consolidada", que tem sido superior, normalmente na ordem de uns 10-12%. Isso fez com que às vezes se anunciem reduções, quando na realidade o desmatamento continua no mesmo nível há 3 anos. Depois, à luz dos dados verificados, se compreende que não houve redução. Por exemplo, a redução anunciada agora não seria tal se o dado do ano anterior não tivesse sido reajustado pra cima, de 6.400 para 7.000. Se de novo o dado atual for reajustado para cima em 2012, significa que seguimos nos últimos 3 anos com uma taxa de aprox. 7 mil, o que é ainda MUITO alto, frente ao contexto geral da atualidade, que não pode mais ser comparado com o do da primeira metade da década passada.
- Minha preocupação não é tanto com 600 km2 a mais ou a menos, e sim com o fato que, depois da redução dos níveis pornográficos para níveis graves, não estamos saindo dos tais de níveis graves. É como uma dieta do superobeso: nas primeira semanas perde dezenas de kg mas depois o desafio é a continuidade e a dificuldade de perder cada quilinho marginal aumenta.
c.q.d.
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