terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Nós nos comprometemos a participar da próxima reunião


Seis razões p elas quais "desconfio" que os resultados da CoP17 não foram exatamente motivo de celebração:

(As informações foram tiradas do texto Durban traz avanços, mas não resolve ameaça ao clima , de Daniela Chiaretti. Repórter especial de meio ambiente do Valor Econômico, Daniela cobre temas ambientais desde a Rio-92 e acompanhou muito de perto várias CoPs. No site do Valor, só é possível ler o texto na íntegra após fazer um cadastro, mas o link acima tem o texto completo. Meus comentários, abaixo, estão em itálico).

"Os resultados da 17ª CoP das Nações Unidas não levam o mundo a um aumento da temperatura menor que 2 ºC, como a ciência considera prudente, mas a algo entre 3 ºC e 4 ºC, um horizonte de intensos desastres naturais". E isso lá é motivo para dizer que a Conferência foi um sucesso??? (1)
"Outro ponto fundamental foi concordar em negociar um novo marco legal - um outro protocolo que inclua todos os países, fique pronto em 2015 e entre em vigor, no máximo, em 2020". 2015, 2020?? ISSO é motivo p dizer que a CoP 17 foi um sucesso? (2)
"As novas metas de redução não foram definidas pelos europeus, que colocaram apenas promessas. A decisão virá em maio de 2012 e deve repetir sugestões antigas. A Europa deve cortar 20% de suas emissões em relação aos níveis de 1990". Em relação aos níveis de 1990?? ISSO é motivo p celebrar a CoP17? (3)
"A comissária europeia Connie Hedegaard repetia que sua proposta era continuar com Kyoto desde que os outros grandes emissores - China, EUA, Índia e Brasil, principalmente - "prometessem se comprometer", em Durban, com outro instrumento legalmente vinculante que fique pronto em 2015, para entrar em vigor em 2017 ou 2018. No final, a UE conseguiu o que pedia. Mas a data ficou em aberto (com prazo em 2020) e o formato jurídico, bastante vago". Data em aberto, formato jurídico vago. Um sucesso para se comemorar?? (4)
"O Fundo Climático, tão esperado pelos países mais pobres do mundo e pelas ilhas, será um canal de recursos para redução de (...) tem agora seu conselho estruturado, com 24 membros divididos entre países ricos e pobres, e fará as duas primeiras reuniões na Suíça e na Coreia do Sul. (...) Mas não tem dinheiro. Nos últimos dias, a Alemanha prometeu € 40 milhões (US$ 53,5 milhões) e a Dinamarca, €15 milhões (US$ 20 milhões). Mas estima-se que será preciso US$ 100 bilhões anuais, até 2020, para que enfrentar o problema. (...) Não há nenhuma perspectiva de dinheiro a longo prazo. "Este é o novo futuro possível", comemorava a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, ao final das plenárias". Comemorava?? Sério mesmo? (5)
"Suzana Kahn Ribeiro, subsecretária de Economia Verde da Secretaria do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (...), uma das cientistas brasileiras do IPCC, o braço científico das Nações Unidas,(...) é uma das coordenadoras do relatório "Bridging the Emissions Gap", do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP), estudo-referência para indicar o enorme espaço que existe entre o que os cientistas dizem que deve ser feito e o que as negociações internacionais conseguem fazer.
O estudo mostra que, para conter o aumento da temperatura em 2 ºC, as emissões, em 2020, teriam que ser de 44 gigatoneladas de CO2 equivalente por ano. Um estudo feito pela organização Climate Action Tracker (...) estima emissões de mais de 55 gigatoneladas de CO2 equivalente por ano em 2020. Isto significaria um aumento na temperatura de 3,5 ºC ou até de 4 ºC com grande impacto na Amazônia e nos recifes de corais, mais secas e enchentes em países africanos e do sudeste asiático, derretimentos de geleiras
"Não precisamos de mais relatórios e estudos", disse o economista Nicholas Stern, autor do célebre relatório que mostrou que, quanto mais se adiar a redução de emissões globais, mais caro será o processo de adaptação à mudança do clima". E a CoP17 foi um sucesso??? (6)
Ok, é melhor que os países (especialmente China e EUA) tenham saído da CoP dizendo: "Tá bom, vai, nós aceitamos fazer parte desse acordo aí" do que dizendo "me incluam fora dessa". Mas no final foi uma reunião pra marcar reunião... Como se a gente já não estivesse vivendo uma EMERGÊNCIA.

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