quarta-feira, 11 de julho de 2012

#Anos70feelings

Relendo reportagens sobre o caso Waldomiro e os rolos Cachoeira/PT/Garotinho etc. 8 anos atrás, estávamos relembrando, eu e um amigo que também era do partido, alguns momentos inacreditáveis de nossa vida petista.

Durante a campanha de 2004, quando fui candidata a primeira vez, ele disse que o Diretório de Pinheiros, do qual ele fazia parte, estava precisando muito de recursos e sugeriu insistentemente (= encheu o saco rsrs) que eu fizesse uma contribuição. Ok, fiz. Achava bom mesmo ajudar meu partido.

Depois fiquei sabendo que membros do Diretório tinham ficado p. comigo: "Qual que é dela, ela não é desse Diretório, tá querendo se aproveitar?"

Ai.

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No evento de sábado (reunião-almoço em uma padaria perto da Paulista, bem conhecida especialmente porque fica aberta 24horas), conversei com alguns de seus funcionários. Todos moram longe do trabalho, quase todos vieram de mais longe ainda, principalmente do nordeste do país. Alguns bem pequenos, outros já chegando à idade adulta.

Um deles é de Vitória da Conquista, Bahia. Disse que volta lá todo ano para visitar a família, mas não tem a menor intenção de morar lá outra vez. "O pessoal sofre muito. Agora com a seca, então...". "Mas Vitória é uma cidade grande, não é tão afetada; pior é lá no sertão, não é"?

"Olha, o sertão é bem ruim mesmo pra lavoura e pra criação. Mas vai carro-pipa lá e pras pessoas não falta água. Na cidade grande não vai carro-pipa, e a água é racionada. Minha tia mesmo às vezes fica uma semana sem água, então tem de dar um jeito de guardar enquanto tem. Mas chega uma hora  que não tem jeito, a água não chega mesmo pra tudo o que tem de fazer".

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E, pelo que a gente vê e sabe, também tem cidade pequena onde o caminhão-pipa não passa... Hoje mesmo, na TV, uma senhora contava da caminhada de uma hora pra ir e mais uma pra voltar do açude onde consegue um balde de água barrenta. Açude cada vez mais baixo, e a expectativa de chuva é só no ano que vem.

Desde que eu estava no Primário (1973-76), no governo da ditadura, o flagelo da seca era um dos principais emblemas de um país cruel, atrasado, injusto. E as histórias vinham de muito longe... Vidas Secas, Morte e Vida Severina, Asa Branca... Aquilo nos tocava e as freiras faziam questão de cutucar mesmo nossos sentimentos.

Naquela época falava-se muito em "acabar com a seca". Assim como nós nos perguntamos "qual vai ser o governante que finalmente vai acabar com as enchentes em São Paulo?", os brasileiros esperavam o presidente que ia realmente levar chuva para o sertão.

Ainda há quem pense assim - que dá para "acabar com a seca". Aliás, a bilionária, absurda e arrastada transposição do São Francisco ia servir para levar água pra todo canto e "acabar com a miséria", eita!

Eu um dia ouvi o Aziz Ab'Saber dizendo que não tem como acabar com a seca; ela é característica daquela região. O que é preciso é criar condições para viver COM a seca. Foi uma epifania. E pensar que aprendi tudo errado a vida toda!

Enquanto isso, o governo continua com a ideia lá do meu curso Primário, as promessas faraônicas dos anos 70, a prática de mentir sobre as verdadeiras condições da população brasileira do governo da ditadura.

4 comentários:

  1. por essa de ter de dar dinheiro pra partido ou pedir dinheiro para partido é que me recuso a participar do partido.

    e não entendo, partido tem verba repassada pelo governo e tem q viver dessa verba (2011 a verba foi de ~ R$250 milhões), mas deixa pra lá... enquanto sistema político estiver muito aderente ao sistema monetário eu to fora!

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    problema da grande distancia que a pessoa com menos educação precisa percorrer para executar uma determinada tarefas é aceito pela nossa cultura burguesa como algo normal e aceito por todos os atores.

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    o Brasil não se empodera das tecnologias que poderão resolver o problema de uma região geografia que tem uma característica climática conhecida, é tipo piada quando olharmos para toda a ciência que existe e não é aplicada.

    No Brasil a educação e as soluções tecnológicas que surge desse processo parecem ser negativo, o Brasil foi educado a esperar um Salvador e por isso não se organiza para resolver sem ele, é tipo uma alucinação coletiva...


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    Com esse discurso do Senador Mario Couto do Pará dá vontade e sair dando pancada no sistema político brasileiro inteiro... sistema parece ter assumido um comportamento tão desviado para se adequar ao sistema monetário que a coisa só vai por total hipocrisia das pessoas!

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    e tudo isso foi só pra cobrar vc Soninha, KD o site da campanha? A fanpage do facebook? O user youtube com vídeos a 10 mins explicando cada projeto? user do twitter bombando informação tbm é bom...

    ou vc esquenta a campanha ou a mídia vai fazer o de sempre...

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  2. fora do tópico...

    dica: fazer propostas de soluções para São Paulo no concurso do Google! dá pra usar a tecnologia deles pra resolver muita coisa...

    tipo essa minha... http://www.creativesandbox.com.br/ideia/18410/%C3%94nibus_S%C3%A3o_Paulo

    #sorte

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  3. Já existem leis que obrigam centros comerciais a terem bicicletarios... só que ela não é cumprida pela imensa maioria dos prédios da cidade.

    Se ela fosse, seria bem simples ir trabalhar com a bike. Acho que os prédios devem ter fiscalização melhor para estas vagas obrigatórias e ganhar incentivo quando oferecer em real infra estrutura como vestiarios e chuveiros para o ciclista se higienizar sem preocupações.

    Ai vc vai ver ciclista brotando de qq esquina...

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    1. Felipe 'chronos' Prenholato = > Só lugar pra colocar bicicletas não basta. O mais importante é uma politica pública que garanta a segurança do ciclista durante o trajeto. Precisamos de ciclovias decentes que funcionem em dias úteis , e levem grandes quantidades de ciclistas do bairro até o centro e vice versa com segurança. O assunto é tão importante que , além de melhoras significativas no transito, e na poluição do ar, diminuiria , a longo prazo, os gastos com saúde pública... (problemas do coração e outras consequências da obesidade). O ganho a longo prazo é gigantesco. e o salto na qualidade de vida também.

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