quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Você sabe quanto custa o gás?

Um botijão vazio sai por R$160,00.

"Tem até por $20, mas aí não compro não", disse a Nena, da Associação Futuro Promissor.

"Não dá pra se arriscar comprando alguma coisa meia boca, né?".

"Não é por isso não, é porque é roubado".

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Foi a única que se preocupou com isso. Uma liderança comunitária digna de medalha de honra ao mérito. Não que outras mais "flexíveis" não tenham também muito valor, mas quando você teima em certos princípios (tipo "não recorrer à bandidagem"), a maratona vira prova de IronMan.

TODO mundo pra quem perguntamos se tinha botijão vazio para doar ou emprestar respondeu: "Você encontra por R$40/R$20/na Feira do Rolo".

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Por coincidência, ontem vieram pedir ajuda para conseguir um botijão de gás duas mulheres que não se conhecem mas estão exatamente no mesmo pé: acabaram de se separar de maridos violentos e estão recomeçando do zero. Ou melhor, precisam se esforçar para chegar ao zero, inclusive porque ficaram com filhos para cuidar sozinhas (grande novidade).

As duas são lá da ZN de São Paulo: Brasilandia, Cachoeirinha, por ali.

Uma apanhava do marido a torto e direito. Trouxe o irmão do Rio Grande do Norte para ajudar na sua proteção, mas ele "entrou na pedra e ainda batia nela junto com o marido". Se ela denunciasse, ele "acabava com ela". Uma vizinha pediu socorro onde sabia que ia encontrar: no crime. Deram um pau no cara, juraram, ela se viu livre do traste mas está sem nada. Consegue uma coisa daqui, outra dali, agora precisa de um botijão de gás.

A outra "fez o marido, assim dizer: ela carregou a pizzaria nas costas. Se hoje ele tem alguma coisa, é por causa do trabalho dela". Ele também "batia feio" na mulher, "até na frente dos clientes ele humilhava ela". A muito custo conseguiu se separar, mas ficou apenas com um imóvel ~gentilmente~ cedido em um predio simples no Jardim Paulistano e o filho. De resto, NADA NADA NADA. "A roupa do corpo". Algumas coisas já conseguiram, mas o bendito botijão de gás ainda não.

- Ela tinha que por ele no pau. Nem pro filho ele dá nada?!
- Ele diz que mata ela.
- Claro que diz. Foda-se, vai pra cima.

Não, Sonia, você não está entendendo. Não é aquele falar grosso de homem folgado que ameaça a mulher para que ela se encolha (o que já é bem grave). "Ele fala pra ela: Já matei uma, não me custa nada. E matou mesmo a ex-mulher dele. Era quando ele tava na cadeia que essa montou e manteve a pizzaria que hoje sustenta ele. Fora as casas de aluguel que ele tem".

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Bom, se alguém tiver um botijão de gás para doar... Manda um email que a gente dá um jeito de ir buscar: rp@soninha.com.br

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(No bairro onde eu moro tem gás encanado. MUITO mais barato, MUITO mais prático. Será que existe alguma meta de canalização para a cidade toda??)

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