Uma mulher cadeirante veio hoje ao Gabinete. "Ela quer trabalhar, como é que faz? A prefeitura não deixa!"
Pedi para um assessor descer e conversar com ela e entender a situação. Tem TPU, já teve? (Termo de Permissão de Uso, a licença concedida para o comércio ambulante). Não, ela queria uma licença nova - coisa que a prefeitura não está concedendo.
Foi embora irritada, e reclamou com as pessoas que a acompanhavam: "Por que me trouxeram aqui? Não sei o que eu vim fazer aqui. Disseram que iam resolver minha situação... Vim à toa".
Eu cheguei a dizer a um dos acompanhantes, que falou comigo enquanto o assessor conversava com ela. Ele: "Essa prefeitura precisa parar de perseguir os pobres. As pessoas querem trabalhar". Eu: "Também acho que a gente precisa ter muito critério para distinguir o que é irregular e o que é ilegal; quem só quer trabalhar e não consegue e quem quer ganhar dinheiro do jeito mais fácil". "Mas como faz alguém como essa coitada?". "Eu não vou dizer "pode ficar quieta lá em um canto que eu não deixo meu fiscal mexer com você". Não é correto, não é justo e não vai dar certo. Além do quê, a gente tem de arrumar algo melhor para ela fazer do que dar um pedaço de calçada pra trabalhar. Tem Secretaria da Pessoa com Deficiência, tem lei de cota, tem Conselho da Pessoa com Deficiência... A gente tem é de batalhar por uma colocação profissional, capacitação, carteira assinada..."
Assim, quando o assessor voltou com o relato, pedi para que fosse atrás da moça e pegasse um contato dela - e explicasse por quê.
Voltou com as informações: ela é paraplégica, isto é, tem os movimentos dos braços. 31 anos. Nunca estudou. Quer SIM estudar, arrumar um trabalho melhor, sair dessa vida. Um dia desses foi atingida por um carro. Deixou endereço, telefone, etc.
Assim que tiver novidades sobre o caso dela, informo.
Sinto muito, mas calçada foi feita para pedestre poder caminhar. Praças foram feitas para as pessoas usufruirem de forma ordenada e civilizada. As coisas estão sendo invertidas com essa "desculpa" do quero trabalhar. Devido a isso temos que andar no meio da rua ( devido ao número laramente de ambulantes ),não temos como usufruir e até sentar nas praças , uma vez que as mesmas foram tomadas por ambulantes,moradores de rua, consumidores de drogas, vagabundos em geral, além de estarem depredadas, sujas e abandonadas. Em qualquer local, quem quer trabalhar, monta a sua churrasqueira ou coisa similar e tome fumaça e mais e mais sujeira por todo lado.E a pinga corre solta! Nas principais ruas da Lapa não se consegue andar nas calçadas, temos dificuldade para atravessar nos sinais,nas passagens por baixo da linha dos trens, transitar por baixo de viadutos e por aí vai...
ResponderExcluirTodo mundo quer trabalhar num só lugar e ocupando um espaço que é ou deveria ser público e está sendo indevidamente ocupado,emporcalhado e sujo por essas pessoas ( que não residem no bairro ). São dezenas de "moradores de rua" espalhados por locais estrategicos, que dormem o dia todo e trabalham a noite... nesse caso também, tome entulhos e lixo de todo tipo, muita sujeira,drogas pesadas, bebida, maus tratos a animais ( espancamento, estupro, tortura ) e nada se faz...
Toda essa gente não é do bairro, não têm identidade nem identificação com ele, mas têm mais direito que os moradores e contribuintes. Ninguém meche com eles, fazem o que querem, quando e onde querem. É um soco na cara do cidadão ! Tudo em nome do " quero trabalhar, preciso sustentar a família, não tenho onde morar, sou dependente quimico, etc. etc. etc.
A Lapa hoje é um lixão , um bairro degradado e um bairro ( para centenas de pessoas ) de passagem e onde se ganha dinheiro comercializando contrabando, comidas suspeitas, trambiques e coisas do genero. Agora, com a tal "crise", a coisa toda tende a se expandir a velocidade da luz.
TPU para as pessoas venderem cover de tudo não dá. É TPU pra relógio Cartier fake, é TPU pra tênis Nike de Sorocaba, é TPU pra bolsa Louis Vitton do Brás...
ResponderExcluirTPU tem que ser dado pra quem comercializa coisas legais, e não só no sentido de bacaninhas.
FINALMENTE alguém chegou pra essas pessoas e perguntou: filho, diz aí, tu não prefere arranjar algum coisa mais legal de que vender cristais de plástico na calçada, disputando espaço com menino cachorro lixo e transeunte?
Então não é que vai haver o recadastramento de TPU's? Então não dá pra incluir esse questionário na ficha? E não dá pra perguntar pro cabra que catso é que ele comercializa na banca dele?
Ser criterioso é um saco. E mexer com camelô é mexer com o demo.
Use patuá duplo blindado ecumênico. Só por garantia.
Acredito que a Soninha tomou a atitude certa, dar uma TPU não irá mudar muito a via dessa mulher, mas tentar reintegrar ela à sociedade e encaminha-la para estudar e buscar uma inserção para ela no mercado de trabalho foral através dos programas sociais e cotas seja o mais correto e vai valorizar a vida dela e acredito que e mais esperança a ela nessa vida limitada pela deficiencia dela, mas que ainda assim dá a ela o direito de se sentir útil à sociedade.
ResponderExcluirSugestão de leitura: "A política como vocação", de Max Weber (em Ciência e Política: duas vocações).
ResponderExcluirEm minha última leitura disso lembrei-de de você e de suas situações diversas vezes. Vale a pena! rs
Independente da condição, física, escolar, racial, etc, toda pessoa que deseja trabalhar tem o direito, mas tem que aceitar as normas existentes e correr atrás. Não pode desistir por qualquer inviabilidade burocrática que existe no nosso país.
ResponderExcluirhay que endurecerse sin perder a ternura jamás
ResponderExcluirCh.G.
Soninha, talvez o local seja impróprio, mas o tema é o mesmo. Fiz um concurso da prefeitura ano passado, pra AGPP. Previstas no edital eram 2.400 vagas. Chamaram 7 pessoas até o momento. Aqui na sub de Pirituba tá caótico, pois venceram os contratos dos terceirizados e com exonerações mais aposentadorias, baixou de 25 pra 10 os atendentes. Talvez o mesmo problema ocorra ai na Lapa. Vc tem alguma posição sobre este concurso? Obrigado (sei que vc não é mais vereadora, mas felizmente vc é a prefeita da Lapa, então a gente continua recorrendo. Talvez vc não lembre, mas mandei pra vc sobre um corte de árvore aqui no bairro...)
ResponderExcluirCorrigindo, atendentes não, funcionários em geral, de atendentes tem geralmente 2 a 3
ResponderExcluir"Um dia desses foi atingida por um carro". É terrível ver os cadeirantes terem que passar pela rua, em meio a motoristas sem a menor consideração, porque as calçadas da cidade são em forma de degraus, para facilitar a passagem dos carros por cima dela. :(
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