No meio da tarde, caiu uma chuva forte, tocada a vento, que não espantou todo mundo não. Alguns (o Esteves, o Ricardo e a Ana Estrella, o Alexandre Schutz) continuaram plantando na chuva. A equipe que estava instalando a mesa de xadrez e os bancos de cimento até que tentou, mas teve de desistir.
Já a molecada se esbaldou - jogando bola, se atirando (ou atirando uns aos outros) nas poças d'água, ajudando a plantar e recolher os sacos plásticos das mudas. Quem não se animou ficou espremido debaixo de uma tenda da Sub.
O grafite foi suspenso, continuou depois que parou a chuva, mas não tardou a começar a chover outra vez... Suspendemos o DJ e o cinema na praça.
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Mais pedido de ajuda: "Soninha, eu quero uma bolsa pra fazer faculdade, não quero ficar nessa vida, é uma humilhação". O rapaz é da equipe de manutenção de logradouros contratada pela Sub. "Vamos conversar, vamos ver o que a gente pode procurar juntos. Mas não diga que o trabalho é humilhação... Não é, é trabalho, tão importante...". O senhor ao meu lado, também na equipe, fez "sim" com a cabeça. Meio triste, cansado.
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Na vila ao lado da favela, com construções organizadas, consolidadas, o pedido é outro: "Precisamos de lugar para parar o carro. Na época ("do Janio e da Erundina", segundo ele) a gente não pensava e não precisava dessas coisas, mas agora... Já me roubaram carro duas vezes aí na rua... Tinha de fazer um cercado, com uma vaga pra cada um, com portão, cadeado...". Mas onde? "Ah, come ali um pedaço da praça...". "Puxa, isso não é bom, se começar a comer a praça para parar carro não sobra mais praça. Pra caber o carro de todo mundo, vai ter de tomar tudo!".
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A praça já ficou mil vezes melhor do que era/estava. O serviço não terminou (equipes voltarão na segunda) e a manutenção terá de ser compartilhada com as pessoas ali.
Queríamos (queremos) fazer mais: reforçar a iluminação, botar uma pista de skate, equipamentos de ginástica... Calçar os caminhos (onde não cresce grama e o barro vira lama)... Vamos indo.
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Também precisamos aperfeiçoar nossos mutirões.
Mas a miséria... Ah, essa continua. Como dói.
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No domingo, fui à praça onde estava o pessoal do Pedal Verde, plantando árvores nas encostas.
Eu moro há doze anos em Perdizes/Vila Pompeia e NUNCA tinha ido àquela praça, atrás de uma imobiliária (Frema) na Avenida Sumaré. Preciso botar uma placa na avenida! Praça legal, com brinquedos, quadra, bancos. E uma coitada de uma amoreira sufocada sob erva-de-passarinho, preciso fazer uma poda drástica pra ver se ela consegue se recuperar.
De lá fui para o aniversário da Viva Pacaembu. Agradecimentos e reivindicações, sugestões e reclamações... É inevitável.
Na volta para casa, sobre o viaduto Sumaré, uma moça com sinal de choro recente pediu R$2,50 para a condução. Bonita, com roupa de passeio, disse que o bilhete único estava com carga para uma viagem só e ela não sabia. Morta de vergonha. "Esquenta não, já passei por isso, já precisei pedir dinheiro pra condução... Acontece". Tirei uma nota de cinco. "Vamos comigo na estação, eu compro o bilhete e te dou o troco". "Não precisa" (me deu uma preguiça...). Ela chorava, chorava... "Que humilhação. As pessoas pensam que eu vou comprar cigarro". "Deixa, acontece". "E o seu troco?". "Um dia alguém vai te pedir dinheiro pra condução, e assim vai".
Uau! parabéns a todos! dedicar um finde inteiro ao trabalho comunitário...
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senti falta de fotos, o antes e depois...
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que a compaixão sempre te acompanhe nesta tarefa diária!