segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pra cima e pra baixo sem carro

Sexta-feira, minha moto não quis pegar. Bem feito. Eu ia fazer inspeção de bicicleta na marginal, não tinha nada que sair de moto.

Vim de táxi até a Subprefeitura (minha bicicleta estava aqui e estava muito em cima da hora para vir de ônibus), pedalei até a estação Lapa (Linha “Diamante” da CPTM – ah, esses nomes...), dobrei a magrela e fui até o ponto de encontro (Estação Vila Olímpia, Linha Esmeralda).

Acabei atrasando 15 minutos; os cicloativistas já estavam todos lá. O presidente da CPTM, que em princípio pedalaria conosco, precisou sair para uma reunião, mas o responsável pelas obras ficou e participou da vistoria.

Uma das preocupações era a real necessidade de colocar grades entre a ciclovia e o rio. Desde as primeiras reuniões, eu defendi a idéia de só gradear onde for realmente necessário; essa idéia de separar os humanos do rio é muito paulistana, por razões óbvias... (O rio é sujo, fedido, etc. Mas a gente é mais capaz de conviver com água do que parece... Ninguém pensa em cercar os lagos do Ibirapuera, por exemplo, por medo de alguém cair lá dentro. E se um infeliz tiver a iniciativa de se atirar, não vai ser uma cerca que irá impedi-lo).

Vários ciclistas já postaram seus relatos da inspeção, entre eles o Willian Cruz. A partir do texto dele dá para chegar aos outros (tem link pra tudo quanto é lado).

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Depois da inspeção, pelo menos duas pessoas perguntaram se era certo eu estar lá no “horário do expediente”.

O que diz a regra? Que eu preciso trabalhar 40 horas semanais; não especifica horário de entrada ou de saída. E não é difícil confirmar que eu trabalho bem mais do que isso... Começo cedo, saio tarde, trabalho em casa e tenho mil atividades no fim-de-semana. Porque quero e gosto; porque jamais me conformaria com fazer o estritamente necessário. Sempre fui assim; na MTV vivia enfiando jornadas de 13 horas...

(Mas não, não sou workaholic – adoro lazer, adoro parar, não fazer nada... É que eu gosto de trabalhar).

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Também não considero que a inspeção seja uma “fuga do trabalho”, por duas razões: 1) A ciclovia, quando concluída, chegará até o território da Subprefeitura da Lapa (que começa na ponte do Jaguaré), portanto as obras de implantação nos afetam; 2) Não consigo pensar que o “meu trabalho” é restrito apenas ao território da Sub - se atravessar a rua, já não tem a ver comigo... Se for das áreas de educação, saúde, assistência social, transporte, meio ambiente, segurança etc., também não (Sub não tem autoridade sobre essas coisas)... Aí fica até mais fácil respeitar as 40 horas semanais...

Mas não, obrigada. Eu acho que tudo é “da minha conta”; não posso ser uma burocrata-padrão que diga “não tenho nada a ver com isso” a partir do momento em que atravesso a rua ou que o assunto não seja estritamente “subprefeitício”.

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Hoje saí de novo sem moto – ainda não sei por que ela não pegou no sábado... Repeti o começo da história: peguei um táxi. Mas fui até o metrô Sumaré e de lá para o Paraíso, onde participei de um debate (muito bom) no Colégio Bandeirantes. Tema: mobilidade, trãnsito, transporte. Os alunos muito bem informados e interessados na discussão.

Para derrubar preconceitos: muitos dos alunos presentes usam transporte coletivo para se deslocar, como as perguntas deles revelaram. (“Eu pego o Jardim Miriam”; “Meu ônibus às vezes leva 40 minutos para cruzar a Bandeirantes”, e assim por diante).

Eu mesma seria capaz de apostar que todo mundo ali só anda de carro... Preconceito é uma praga mesmo.

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Voltei de metrô (Paraíso-Vila Madalena), Ponte Orca, trem. Vim lendo ("Prazer em Conhecer - A Aventura da Ciência e da Educação", uma conversa entre o Drauzio Varella e o Miguel Nicolelis, Ed. Papirus). Precisei me esconder da chuva por alguns instantes, mas não foi nada de mais. Não sei se demorei menos do que demoraria de carro; se moto seria mais rápido, sem dúvida. Mas não me estressei como estressaria dirigindo... Economizei dinheiro, poluentes e carbono sem grandes sacrifícios.

Podem xingar, mas continuo defendendo o uso de mais transporte coletivo na região central. Não porque ele seja perfeito (eu tenho tantas ideias de como melhorar...), mas porque em várias situações é mais recomendável do que o carro, apesar dos defeitos.

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A Guaicurus, como sempre, está parada. Beleza - eu vou para a Câmara Municipal de trem e metrô :o)

2 comentários:

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