"Queremos estacionamento!"
Oh my God.
Foi isso quevivemos no final do ano em relação à ocupação dos baixos do Viaduto da Lapa.
Há MUITO tempo mal utilizada, a área está (ou estava) prestes a ser revitalizada e devolvida à população em condições melhores, mas alguns moradores se mobilizaram e barraram o projeto que a Sub tinha aprovado.
Logo no começo do ano passado, moradores vizinhos ao viaduto perguntaram em uma reunião do Conseg: "O que vocês pretendem fazer ali? Na época da Erundina havia quadras esportivas - tão boas que o piso e a sinalização no chão ainda estão razoáveis. Seria bom recuperá-las. E também oferecer atividades para terceira idade, porque são muitos os idosos que moram e circulam por ali".
"Faz tempo que eu não vou lá. Como está agora?"
"Uma zona, tem gente estacionando carro ali, tem um lava-rápido clandestino usando água da prefeitura..."
Fui lá ver, estava uma zona mesmo. Começamos a tomar providências para impedir o uso indevido e a pensar no que fazer para recuperar a área, usando como base um projeto simples mas bem feito apresentado pelos moradores.
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Logo depois, uma entidade nos procurou em busca de um espaço para desenvolver suas atividades - capacitação profissional, geração de renda, formação em cidadania etc. Precisavam de um espaço. Indicamos o viaduto da Lapa - com a condição de que eles nos ajudassem a atender a demanda dos moradores. Mostramos o projeto, eles concordaram. Fizeram contato com o autorda proposta e ficou tudo acertado. Nem todas as expectativas seriam atendidas, mas com pequenos ajustes seria possível.
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Passamos um ano tocando a papelada para firmar a parceria. Enquanto isso, saíram comunicados no Diário Oficial (ok, ninguém lê), matérias em jornais locais (aqui, todo mundo lê) e eu mencionei o projeto em várias reuniões públicas. Estava tudo indo bem.
Até que...
Ao fechar de vez o estacionamento clandestino etc., causamos, é claro, incômodo a quem o utilizava. Não sei se os prejudicados foram os responsáveis por isso, mas a partir daí começou a circular uma história completamente distorcida a respeito do que seria feito debaixo do viaduto. Quando a diretora do projeto foi visitar as instalações para começar a tomar providências, foi cercada por moradores - e muito maltratada.
Eles vieram até aqui em comitiva, e nós os recebemos. Eram, na maioria, idosos preocupados com "o lixão" que ia se instalar ali (a atividade proposta é de reciclagem de produtos eletrônicos) e "a baderna" decorrente da utilização das quadras.
Explicamos que não tem nada de "lixão"; seria um lugar para lidar com baterias de celular, peças de computador, etc. Tudo sem cheiro, sem chorume, sem bichos. E que as quadras teriam sua utilização monitorada, agendada, organizada. Ninguém ia ficar batendo bola ali a noite toda.
Aliviados, pareceram convencidos de que seus temores não tinham razão de ser. Quiseram acompanhar as atividades de perto, para garantir que o viaduto não seria invadido por maloqueiros drogados interessados em usar a quadra como ponto de drogas (sabe como é...). Ok, garantimos a eles que o uso ia MELHORAR o lugar, não piorar!
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Dali a alguns dias, como se nada tivesse acontecido, houve novas manifestações. "Somos contra, a população não é ouvida, nós temos direito, queremos ser consultados". Os bestas aqui não fizeram ata da reunião, não pediram para os presentes assinarem... Não adiantou explicar, com a maior clareza, quais eram os planos. Não adiantou ouvir a preocupação das pessoas e garantir que nós estávamos atentos a isso.
E aqui estamos nós, quase na estaca zero. Recebi a cópia de um abaixo-assinado enviado ao prefeito; estou elaborando uma resposta (quilométrica, por isso não terminei ainda). Vou blogá-la em capítulos para que todos os interessados possam avaliar o projeto - e, ao que parece, ver o que estamos perdendo.
(A diretora da instituição não se sente nada confortável em começar um trabalho que conta com rejeição tão forte - de uma parte apenas da população, mas uma parte organizada e barulhenta. Talvez tenhamos de começar tudo de novo)
Hay govierno? Soy contra...
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