quinta-feira, 10 de junho de 2010

Três Lagoas - 2 - "Um dia vai ter jeito?"


Duas pessoas me perguntaram, em momentos diferentes, praticamente a mesma coisa: “Será que um dia vai deixar de ser assim”? O sujeito da oração (“vai deixar de ser”) era “a política”; o “assim” = “com tanta corrupção, desvio de propósito” etc.

Vai. Não porque eu seja uma otimista convicta – não sou, ao contrário. Sou pessimista em tudo – futebol, política, mundo. Mas tento olhar as coisas à distância, para frente no tempo e para trás. Comparo aqui com outros países, as barbaridades que já viveram e superaram, os momentos que nós também já vivemos e superamos.

Penso na Nova York do começo do século passado... Uma guerra nojenta entre imigrantes em um lugar violento, sujo, hostil. Os quadrinhos do Will Eisner dão aflição e esperança. Penso em Berlim, devastada por guerras, fraturada pelo Muro... Penso no Brasil mesmo, no que a gente já caminhou, acho que uma hora chegamos lá.

“Lá” não é ser uma das “5 maiores economias do mundo”, como alguns almejam/festejam – adianta nada ter um PIB gigantesco e o povo “na merda”, como o Lula constatou outro dia (e prometeu, como se candidato ainda fosse, “eu vou tirar o povo da merda”!). “Lá” é um país equilibrado, com menos miséria, menos lixo pra todo lado, menos violência, menos coronelismo, corrupção, salve-se-quem-puder, menos culto à malandragem.

Então vamos tratar das últimas décadas, desde o fim da catz ditadura militar. Elegemos o último presidente por meio indireto e venceu o candidato da oposição. Morreu antes da posse (até hoje há quem diga que foi um atentado), mas o país seguir seu rumo sem voltar atrás. Assumiu o vice que era uma mala, mas fazer o que?,  cumpriu-se a regra do jogo. Ele não deu um golpe, ele foi o escolhido da aliança. Depois veio a eleição direta, a vitória de uma farsa (“O Caçador de Marajás”), o impeachment, assumiu o vice. Enfim, um começo tumultuado, mas ninguém virou a mesa.

Onde quero chegar: as instituições democráticas alcançaram a estabilidade. Não quer dizer que não tenham defeitos, que funcionem perfeitamente, que não precisem de nenhuma correção... Mas seguem de pé esse tempo todo – temos eleições a cada 2 anos, os eleitos tomam posse, e se eventualmente perdem o cargo isso acontece dentro das regras, das leis.

Depois da estabilidade do sistema político, veio a estabilidade econômica. Assim como no caso da primeira, hoje já se dá de barato que as coisas são assim, mas porque a gente mal lembra como era antes (ditadura, censura, repressão; inflação, confisco, carestia).  Gastava-se uma energia enorme por conta da instabilidade básica.

Com a estabilidade e também a evolução tecnológica, a globalização etc., temos mais gente ingressando no fabuloso mundo do consumo – que realmente é capaz de fornecer conforto, satisfação, informação, integração, inclusão. Digo “realmente” porque costumo condenar a idéia de que consumo = felicidade; de que é sinônimo de realização pessoal e sucesso de uma nação. Isso não quer dizer que não reconheça que é bom as pessoas terem a possibilidade de ver TV, DVD, geladeira, tomar banho quente e ter computador com internet em casa.

Mas agora falta o próximo salto: a estabilidade social; a evolução no nível de educação da população em geral. Porque somos eleitores, somos consumidores, mas ainda não somos cidadãos como deveríamos ser. Temos objetos de consumo onde não temos muita informação, conhecimento... De história, geografia, português, matemática, biologia, política, cidadania (palavrinha gasta, mas um bom resumo para “direitos+deveres”). Então as pessoas tem o famoso “consumo de primeiro mundo” mas jogam seu lixo fora – e agora produzem muito mais lixo – nos padrões “de terceiro mundo”. Compram carros e se sentem cidadãos de primeira classe – e começam a achar (ou confirmam a ideia) que pedestres e usuários de transporte público são de segunda classe...

Quando a gente der o terceiro passo, o passo do verdadeiro crescimento, do desenvolvimento da nação a partir do desenvolvimento dos seres humanos, de suas capacidades e talentos bem como de sua noção de responsabilidade para com o todo e respeito ao outro, a política vai mudar também. Vamos estar menos vulneráveis aos coronéis, aos donos dos currais, às lideranças carismáticas. Vamos olhar menos para “quem vai melhorar as coisas para mim”, “quem vai me dar o que eu preciso”, e fazer exigências mais sofisticadas. Vamos sempre divergir sobre quem é o melhor para governar a cidade, o estado e o país, mas vamos ter menos parlamentares toscos, grotescos, desqualificados.

Falar que educação é a solução para todos os problemas é uma coisa meio enjoativa, mas o diabo é que não tem mesmo nada igual. Democracia, dinheiro, tudo isso é importante, mas sem educação pode-se fazer muita besteira com a democracia e o dinheiro...  E a gente caminhou com esses dois e continua muito, muito, muito atrasado exatamente com a educação. Mas quem sabe agora vai, nos próximos dez ou vinte anos,e a imagem de um país que lê pouco, que desconhece muito,  que é super vulnerável a crendices, mentiras, charlatanices etc. seja só uma lembrança remota.

8 comentários:

  1. Soninha desculpe a sinceridade mas está te faltando coerência, ou tu és muito ingênua ou este texto não passa de conversa para boi dormir. Vejamos quando acabar o coronelismo, pergunto e o que tu fazer para avançarmos para acabar com o coronelismo? Se alia ao PSDB e o DEM, ora faça-me o favor... Queremos políticos sérios e comprometidos, não pessoas que gostam de escrever textos bonitos, vazios e sem significados. Onde está a Soninha que conhecíamos na MTV, com um discurso forte, progressista... agora vem esta, aliada dos coronéis, nos poupe.

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  2. Confesso não ser muito "politizado", não tenho nenhum partido definido, até porque são tantos! é tanto bla,bla,bla que se torna difícil optar. Porém, venho tentando me interar melhor dos assuntos políticos nos últimos 10 anos. Admiro sua perseverança em tentar entrar de vez nesse mundo ainda sujo que é a política brasileira, acompanho sempre que possível suas colocações aqui no blog e eventualmente na tv. Entendo que precisamos de uma reforma política urgentemente, acredito que os desejos de todos são basicamente os mesmos, porém há uma certa dispersão de forças entre os diversos partidos existentes. Sei que vc não tem tempo pra entrevistas, mas peço-lhe se for possível que me esclareça algumas coisas:
    Como disse o comentário anterior, será que não existe uma maneira de envolver-se na política, sem se 'curvar'(de certa forma) aos grandes partidos? será possível redirecionar o foco dos grandes partidos para decisões mais amplas em prol de todos e não somente de interesses políticos/comerciais? Como é a sua relação com os movimentos estudantis ? Como você tem preocupações ambientais e com o desenvolvimento sustentável, qual sua visão sobre as idéias do Partido Verde? Você será andidata a qual cargo nessa eleição ?
    abraço.
    Fábio Magalhães , pobre mortal ...
    fabioesporte@gmail.com

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  3. nao sei teu email entao publiquei minha carta pra voce.
    segue
    http://naotrabalharemos.blogspot.com/2010/06/uma-carta.html

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  4. Soninha respondeu ao João lá no blog dele.

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  5. na minha humilde opinião, o maior falta do lula foi não aproveitar sua popularidade para forçar uma reforma politica.
    Fato, fidelidade partidaria e uma visão mais municipalista, me parecem pontos chaves.
    (ps: acho triste as pessoas não reconhecerem no governo collor a abertura economica, base para estabilização economica...mas vamos lá)

    Concordo plenamente que somente o PIB não indica muita coisa MESMO!

    democracia estabilizada com instituições fortes. seguridade social. certos fatores tem que ser levado em conta.

    por outro lado, não sei o quanto podemos esperar, visto aos nossos possiveis presidenciaveis (por exemplo)...como diria o thunderbird: "se é que vc me entende" =o)

    sds,

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  6. Olá de novo.
    Gostaria de colocar alguns ponto de vista, que podem, ou não consterna-la.
    1- acho que a maior caracteristica do Kassab é gostar de São Paulo
    2- acho que em certo modo, o serra tem posturas "coronelistas" em relação ao PSDB
    3- acho essa entrevista bem lucida:
    http://www.revistaviverbrasil.com.br/impressao.php?edicao_sessao_id=551

    sds,

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  7. Antes de qualquer coisa, quero agradecer o seu comentário em meu blog, obrigado!

    Sua reflexão é importante, creio que ela deveria ser o foco do debate presidencial que se aproxima. O Brasil, de fato, alcançou a estabilidade econômica, fez reformas institucionais importantes, mas ainda falta muito. O que conseguimos até aqui é pouco para desatarmos os “nós” históricos que nos sufocam: como o patrimonialismo e o coronelismo. O Nordeste brasileiro precisa, urgentemente, ser contemplado pelo desenvolvimento e pela educação, para que criemos empreendedores, educadores, no limite, indivíduos autônomos que se desgarrem das velhas lideranças personalistas. O problema atinge regiões como o Norte e outras partes do país. Precisamos avançar muito. Ainda convivemos com o trabalho escravo, infantil, a prostituição infantil, não só nos confins do país, mas em São Paulo temos problemas como estes a céu aberto. A desigualdade regional é a chave do problema e, para dirimi-la, é preciso desenvolver regiões pobres, isso se faz com investimentos em infra-estrutura, na educação e combatendo à corrupção São Paulo tem segurado bolsões enormes de pobreza, que poderão estourar a qualquer momento, o resultado pode ser venal.
    O Brasil tem avançado economicamente, mas a concentração de renda ainda é alta. Nem tudo pode girar em torno do consumo. Estacionar um carro do ano, comprado em vezes intermináveis, e estacioná-lo em frente ao barraco, não é exemplo de cidadania. Cidadão é aquele que tem oportunidades, noção de limites, que tem seus direitos sociais, políticos e civis garantidos e, por conseqüência, sabe de seus deveres. A economia cresceu. O mercado consumidor idem. Mas as pessoas continuam comendo porcarias e os valores estão derretidos, a violência se alastra e as epidemias rondam nossas cabeças. É preciso senso de cidadania até para vencermos um mosquito de dengue. A educação é base de tudo? Também! Precisamos pensar na educação do futuro, que garanta profissionais, oportunidades e senso de cidadania. Uma educação com sentido e propósito, que coloque o país de pé na era do conhecimento e da tecnologia.
    Um país desigual, violento e sujo, entra na era da globalização feito um bêbado equilibrista – é preciso mais. Mercado consumidor pode evaporar a qualquer estresse da economia. Cidadãos leitores, autônomos e conhecedores de seus direitos, não perdem tal condição, nem nas piores recessões econômicas. Economia não pode ser um fim em si mesmo. É preciso articulação entre sociedade e poder público, deliberação, para resolvermos as questões sociais. Democracia não é só um método de escolher elites representativas, ou pelo menos, não deveria ser.
    Outra questão de fundo que não podemos perder de vista, é a reforma urbana. Sem ela, a questão social não será solucionada. O Brasil ainda possui um déficit habitacional grande e crescem as invasões ilegais. Meio-ambiente é destruído, casas são tragadas por deslizamentos em épocas de chuvas, formam-se favelas, aumenta-se os bolsões da pobreza, com eles, a violência vem junto e cria uma agenda insuportável para as escolas que recebem crianças de ambientes hostis. É preciso investimentos em saneamento básico - como foi feito aqui em São Paulo pelo governo estadual - e reforma urbana urgente. Um novo modelo nacional de desenvolvimento das cidades: o modo como se tratam as praças, os programas de asfaltamento precedidos por esgotos e casas populares boas em bairros planejados. Os governos continuam colocando os pobres em casebres e a favelização é percuciente. Lamentável. O Brasil mal conseguiu as conquistas da modernidade e já entra no mundo “pós-moderno”, da globalização, com problemas terríveis, que os europeus, canadenses e australianos resolveram há tempos. Agora, que alcançamos a estabilidade democrática, temos que colocar a questão social no centro do debate presidencial. Algum presidencial se habilita? O que podemos fazer em curto prazo? Qual a política de desenvolvimento nacional visando o futuro?

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  8. a carguista, amoral, sem caráter e ex-subprefeitinha, como sempre escrevendo as suas idiotices. A canalha se alia ao que há de pior e mais amoral na política nacional, que se chama PSDB e DEMo e ainda assim se acha santa... quando escreve sobre lixo deveria olhar para o próprio rabo e verificar que a caterva, ou melhor, o governo municipal do qual apoiou e fez parte, por falta de investimento do prefeitinho amiguinho dela, em cooperativas, não tem reciclado grande parte do lixo de S.P., jogando-o em aterros...mas engraçado que a verba para publicidade, assim como o gângster do ex-governador que ela apoia, aparece e sempre bem gorda...a hipócrita e amoral, cala a boca quando o quadrilheiro que apoia para presidente, processa sindicato dos professores por se posicionar e os recebe no palácio dos bandeirantes com bombas e cacetetes...hipócrita, amoral e carguista de merda, você deveria pedir o hollerit de um professor da rede pública com anos de magistério e compará-lo, por exemplo, com o salário do boçal, sem caráter e citado no mensalão do DEMo, que é o seu chefinho do PPS, o ex-comunistinha de merda vendido que ganha 12mil reais na prefeitura para ficar passeando pelo país afora...

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