Hoje saiu uma matéria no jornal O Globo sobre o impacto da internet nas eleições. Os coordenadores das três "principais" campanhas (Serra, Marina e Dilma) foram entrevistados. Título e subtítulo: "Papel da internet frustra expectativas - Durante a campanha, rede fracassou na mobilização e na promoção de debates. Prevaleceu troca de acusações".
Eu discordo da conclusão... Eu era muito cética no começo (e digo isso na matéria) e fui me surpreendendo com a capacidade de mobilização de pessoas que não são os "militantes" usuais. E não acho que "prevaleceu" a troca de acusações. Ela aconteceu e acontece sempre; mais que acusações, corre muita baixaria. Mas isso não quer dizer que a rede não tenha promovido debates para valer.
Em todo caso, aí vão as minhas respostas na íntegra (tenho a tentação de reler e editar, mas vou resistir):
O GLOBO - Um professor da Uerj disse que achou o uso da internet pelos partidos muito "verticalizado", do comando das campanhas para o eleitor, sem muita troca. Que os partidos ainda não souberam usar a rede. Concorda? E também queria que fizessse um rápido balanço do trabalho na web da campanha do Serra no 1o turno. acima, abaixo do que esperavam?
- Concordo não! rs. Em se tratando de campanha na internet, existem algumas teorias, estudos, experiências e existe a tentativa e erro, inevitável. Nós procuramos aproveitar o conhecimento que já existe e testar outras coisas conforme a realidade brasileira e o contexto, e essas tentativas se baseiam muito no que vem dos eleitores. Eles desde o começo participam com sugestões - para a campanha em geral, para o site, para o programa de governo. Muitas delas, nós aceitamos E, de um tempo para cá, os eleitores passaram a aparecer eles mesmo no nosso site, em destaque, dizendo uns para os outros por que acreditam que o Serra é o melhor candidato.
O trabalho na web foi acima do que eu esperava. Enquanto todo mundo era super exultante sobre o papel da internet, muito em função do "fetiche Obama", eu era mais desconfiada (e já trabalhava na campanha de internet! rs). Mas agora tenho certeza de que ela é capaz de exercer bastante influência, trazendo informações para os indecisos e argumentos para os decididos - que, uma vez engajados, ampliarão a campanha de várias maneiras, na internet e fora dela. E isso aconteceu. A internet foi fonte de informações e de ânimo!
O GLOBO - 2o turno: analistas acreditam que será marcado por muita campanha "negativa", de crítica ao adversário, principalmente pela polarização. E que na internet isso se acentua. Como a campanha do Serra trabalha na prevenção de ataques na rede?
- Como se ela já não estivesse sendo negativa desde no mínimo 2009... Na internet, a baixaria sempre corre solta, em eleição não seria diferente. Quero deixar registrado, no entanto, que uma coisa é a corrente anônima, incontrolável. Outra coisa é a baixaria institucional. "Serra vai acabar com o Bolsa Família", "Serra não é o responsável pelos genéricos", "Serra vai acabar com os concursos públicos", "Serra vai acabar com o décimo terceiro, a licença maternidade e as férias remuneradas", "Serra não tem diploma", "Serra não gosta dos nordestinos" - tudo isso (e mais) foi dito por dirigentes, candidatos e militantes em canais oficiais do PT! Nossa única alternativa é espalhar a verdade - publicar a verdadeira história no site, distribuir por email, replicar nas redes sociais. O próprio Serra, no seu Twitter, vive desmentindo, pela milésima vez, as mentiras que espalham.
O GLOBO - No viés inverso, de que forma a campanha do PSDB vai explorar, na web, temas como o aborto ou outras questões. Qual a orientação?
Podemos expor fatos comprovados e emitir opiniões - essa é a orientação. O site tem textos nossos e a reprodução de matérias publicadas em outros veículos; nós compartilhamos esse conteúdo nas redes sociais.
O GLOBO - Acredita que a internet teve muita importância no crescimento da Marina na reta final? Deu pra se constatar isso? E que correntes de emails falando de Dilma e aborto tiraram votos dela? Essas correntes foram percebidas por vocês também?
Certamente teve, por várias razões: eles mesmos deram muita importância à internet, com várias ações coordenadas que ganharam corpo durante toda a campanha e cresceram mais ainda no final; uma parte grande do eleitorado da Marina tem o perfil "jovem conectado" - e uma parte grande do eleitorado na internet tem o perfil "jovem militante"... Sobre as correntes sobre a Dilma e aborto, tenho dúvidas sobre a real influência que tiveram. Há tanto tempo já circulavam vídeos... Por que teriam influência de uma hora para outra? Será que esse impacto não está sendo superestimado?
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