Reunião do PAB, Programa do Artesanato Brasileiro, no MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Se o Programa de Artesanato deveria estar alocado nesse ministério? Acho não.
Poderia estar no do Trabalho e Emprego - onde já esteve, aliás. No MDS, no MinC...
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Em São Paulo, a Sutaco, Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades, é uma autarquia vinculada à SERT, Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho. (Essas siglas todas fazem o texto parecer um diálogo de MIB ou coisa parecida. MIB, Men In Black rsrs).
Se fosse um órgão ligado à Cultura, a atuação seria bem diferente. Como estamos no campo do trabalho, a missão da Sutaco é o fomento ao artesanato como forma de geração de renda E a preservação e difusão do artesanato enquanto manifestação da cultura do estado de São Paulo - nessa ordem.
Isso nos permite lidar com formas de trabalho manual que não passariam pelo crivo da Cultura... O que não quer dizer que a Sutaco trabalhe com “bugiganga”, hmpf.
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Costumamos lembrar os artesãos - e o público em geral, que fornece recursos para nossa atividade... - que uma coisa ajuda a outra. Apoiar o artesanato como forma de geração de renda ajuda o artesão a permanecer em sua atividade - e evitar que um mestre artesão vá trabalhar em uma borracharia de beira de estrada, como já aconteceu. E quanto mais o trabalho manual incorporar elementos representativos da cultura local, mais valor a peça adquire e mais ele contribui para a promoção do desenvolvimento local - com a associação com o turismo, por exemplo.
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O PAB foi criado há um bom tempo - coisa de 20 anos, creio (vou verificar) [Já verifiquei: conforme este Decreto, foi criado em 1991 e transferido para o MDIC em 95]. Já foi definido em legislação de forma bem interessante, abrangente e coesa. Hoje em dia está reduzido a uma relação de ações - 3 ações. Não se constitui, absolutamente, em um Programa. As ações são, se não me engano: Capacitação; Comercialização; Organização de Núcleos Produtivos.
A Capacitação tem se dado na forma de parceria com a UnB (Universidade de Brasília) para formação de artesãos e multiplicadores quanto à organização do negócio. Cada Coordenação Estadual - designação atribuída aos órgãos estaduais encarregados da política de artesanato em seu território - tem direito a um ou dois módulos (São Paulo terá o seu no segundo semestre).
A Comercialização significa participar em quatro ou cinco feiras por ano, com o espaço bancado com recursos do PAB - isto é, o estande. Todo o restante (passagens, diárias, combustível, hospedagem etc) sai por conta de cada estado. Frequentemente eles só conseguem concluir as negociações para cessão do espaço a pouco mais de 45 dias antes do evento, o que torna muito difícil a organização para participar dele...
A Organização de Núcleos Produtivos, segundo a descrição oficial da Ação, é feita conforme a disponibilidade de recursos provenientes de Emendas Parlamentares. Isto é: planejamento zero, projeto zero, programa zero :o(
>>> [Escrevi isso de memória, aqui vai o link para a nomenclatura e explicações corretas: Macro Ações do PAB . Aqui também tem, com mais detalhes: Perguntas Frequentes]
>>> [Escrevi isso de memória, aqui vai o link para a nomenclatura e explicações corretas: Macro Ações do PAB . Aqui também tem, com mais detalhes: Perguntas Frequentes]
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Nos últimos nove anos, segundo o PAB e os Coordenadores Estaduais mais antigos, muita energia, muita mesmo, foi empregada no desenvolvimento de um sistema de cadastramento único dos artesãos de todo o país. O sistema consiste em um Banco de Dados que reúne os dados coletados pelas coordenações estaduais. Cada artesão tem seu cadastro - um formulário bastante extenso, com dados referentes a sua condição socioeconômica e a atividade artesanal em si.
Nos últimos nove anos, segundo o PAB e os Coordenadores Estaduais mais antigos, muita energia, muita mesmo, foi empregada no desenvolvimento de um sistema de cadastramento único dos artesãos de todo o país. O sistema consiste em um Banco de Dados que reúne os dados coletados pelas coordenações estaduais. Cada artesão tem seu cadastro - um formulário bastante extenso, com dados referentes a sua condição socioeconômica e a atividade artesanal em si.
O acesso ao Banco de Dados - que não é exatamente amigável - só é possível para quem tem uma senha. Ou seja, não vale como fonte de consulta para o público em geral. Só constarão dele os artesãos que quiseram se formalizar - muitos nem tomarão conhecimento dessa possibilidade, outros não terão interesse. Portanto, também não serve como mapeamento.
Por enquanto, ele serve para emitir uma carteira do artesão de validade nacional - o que tem valor para alguns como fonte de “autoestima” para o artesão. “Em MG, pelo menos, ainda não há nenhum benefício para o artesão com carteira, mas eles se sentem muito bem por terem uma”, disse o Coordenador de lá. Hmm. Um dia os brasileiros vão se encher desse papo de autoestima, mas deixa isso pra lá agora.
A carteira será obrigatória para os artesãos participarem de atividades promovidas ou apoiadas pelo PAB. Eles também estão tentando obter benefícios junto às aduanas de Argentina, Paraguai e Uruguais.
Mas é só.
Ah, os funcionários do PAB também alegam que o Banco de Dados (nome oficial, SICAB - Sistema de Cadastramento do Artesanato Brasileiro) servirá para demonstrar a importância do artesanato e conseguir, assim, mais recursos orçamentários.
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Eles fazem o que podem - o Programa é, na verdade, um departamento(zinho) dentro do MDIC. Uma sala com cinco ou seis funcionários. A Sutaco já é pequena para São Paulo. O PAB é minúsculo para o Brasil...
Eles fazem o que podem - o Programa é, na verdade, um departamento(zinho) dentro do MDIC. Uma sala com cinco ou seis funcionários. A Sutaco já é pequena para São Paulo. O PAB é minúsculo para o Brasil...
Mais ainda porque a gente sabe que a União é a grande, imensa sugadora de impostos dos cidadãos, municípios, estados. E devolve pouco e mal. Hmpf.
No começo do ano passado, fomos informados que o PAB seria realocado para a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, a ser criada e vinculada diretamente ao Gabinete da Presidência. (Aqui no meu blog, a palavra “presidenta” não entra. E se me chamarem de Superintendenta, eu não atendo).
“O Artesanato vai ter a importância que merece!”, anunciou o Secretário do MDIC ao qual o PAB está subordinado. “A Secretaria será lá NO PALÁCIO DO PLANALTO, muito mais perto da presidenta [aí não tem jeito, é “sic”], portanto ela vai dar uma atenção toda especial, até porque tem muito carinho por artesanato”.
É uma mãe! E carinhosa. [NOT]
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(Não, a Secretaria não foi criada)
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Na reunião no oitavo andar do ministério, não havia wifi. Quem quisesse usar internet, que consumisse dados do seu 3G.
Na reunião no oitavo andar do ministério, não havia wifi. Quem quisesse usar internet, que consumisse dados do seu 3G.
A reunião - do Ministério com 27 coordenadores dos estados + Distrito Federal - não tem secretária. Ninguém grava ou toma nota do que está sendo discutido, anunciado, proposto. Depois colaboramos todos para a “memória” da reunião.
O PAB não tem site, tem uma página beeem meia-boca no site do Ministério.
A parte mais legal da reunião (são quatro por ano, se não me engano) é a apresentação que cada estado faz de sua estrutura e ações. Assim, os 27 + os funcionários do PAB ficam sabendo quais são e como funcionam as políticas de cada um; aprendemos muito, é ótimo! Mas... Fica ali entre a gente.
Gravação em vídeo? Não tem. Possibilidade de acompanhamento à distância? Também não. Quase liguei minha webcam para fazer um webcast ehehehe. Compartilhamento das apresentações? Bom, a gente combina entre a gente, porque o PAB não tem um espaço para isso em sua pobre página.
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A gente vê que eles se esforçam, se matam, para produzir o pouco que conseguem. Confessam sua frustração na reunião (“É pouco? É, mas já é uma conquista”). Não sei se passam raiva no dia-a-dia ou se “apenas” se matam de trabalhar. Também relatam seu esforço junto à CGU, aos organizadores de feiras etc. Mas parece um esforço modesto, humilde demais, de quem implora por compreensão e ajuda. Sei como é, porque já fui Subprefeita rsrs. Eu implorava sim, mas eu BRIGAVA ahahaha. Quebrava o pau.
A gente vê que eles se esforçam, se matam, para produzir o pouco que conseguem. Confessam sua frustração na reunião (“É pouco? É, mas já é uma conquista”). Não sei se passam raiva no dia-a-dia ou se “apenas” se matam de trabalhar. Também relatam seu esforço junto à CGU, aos organizadores de feiras etc. Mas parece um esforço modesto, humilde demais, de quem implora por compreensão e ajuda. Sei como é, porque já fui Subprefeita rsrs. Eu implorava sim, mas eu BRIGAVA ahahaha. Quebrava o pau.
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Agora um pouco sobre Brasília... [Continua no próximo post, abaixo]
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