Desde meados da década de 80 ouço dizer que precisamos "tirar os jovens da rua".
Ah, tem um jeito fácil, é só dar um videogame pra cada um :oP
Falando sério, o que precisamos é de ruas legais para os jovens, idosos, crianças, casais de namorados, para quem quer caminhar ou correr, ler, tomar sol, conversar, jogar bola ou xadrez, fazer nada. A rua da casa onde cresci era o lugar mais legal do mundo e tenho lembranças maravilhosas daquele tempo.
Quanto mais tiramos as pessoas da rua, pior para todos.
Lembrei disso agora por causa de uma pergunta no Ask.fm - fui buscar uma entrevista respondida meses atrás para o Comunicare e resolvi compartilhar aqui.
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1) Quando foi a última vez que comeu fora? onde?
Terça, no Buca da Oscar Freire. Bruschetta, Minestrone e capuccino. :)
2) Quais seus lugares preferidos para comer, em são paulo?
Eu gosto TANTO de sair pra comer - até porque eu não bebo, então essa é a minha vida social ehehe - que é impossível lembrar de todos. Café Raiz (João Ramalho x Cardoso de Almeida), Pasta Gialla (Lorena e Floriano), Di Baco (Bartira X Cardoso de Almeida), Intervalo Forneria (Shopping Bourbon), Café Latte (Rua do Comércio), Ponto 13 (Rua 3 de Dezembro), Restaurante do Jóquei (Rua Boa Vista), restaurante do CCBB, restaurante do Patio do Colegio, Jacó da Rua da Quitanda, Casa de Francisca, Nama Baru, Blu Bistro, Café da Fazenda, America, Braugarten, Floriano, Pão com Manteiga, Pedaço de Pizza... etc, etc, etc rs
3) Sai para jantar com qual frequência?
No mínimo uma vez por semana. Geralmente, mais.
4) E em casa, o que come?
Nada que preste ehehe. Quando a Tania cozinha, aí sim - arroz, feijão, abobrinha, brócolis, yakissoba, estrogonofe... Mas não é raro comer macarrão com salsicha, sopa de envelope, misto quente... Miojo...
5) Come comida de rua, quando viaja? onde?
Em qualquer lugar em que eu esteja! Na Alemanha, que eu amo e para onde tive a sorte de ir várias vezes a trabalho, gosto dos Hot Dogs feitos por ambulantes na Alexander Platz, sopa vendida em um trailer na feira livre... Como pesticos na praia, milho, pastel, acarajé, bolo, batata frita... Aqueles biscoitos retorcidos em Nova Yorque (como chamam mesmo?). Pão caseiro em Katmandu, feito à moda tibetana e vendido antes do amanhecer para quem faz meditação logo cedo...
6) Que tipo de comida de rua gostaria de achar na cidade?
Olha, penso em tudo que já tem e não sei nem o que falta... Tem de yakissoba a cachorro-quente, pastel a massas (Sumaré com Caiubi :o))... Acho que sinto falta de mais barracas com cara de "cafezinho" - só consigo me lembrar agora das senhorinhas que montam seu tabuleiro vendendo café e bolo na entrada das estações de trem, metrô e ônibus... Ia ser muito legal se tivesse mais disso (e regularizado, porque as pobres estão o tempo todo sujeitas à apreensão). Ah, e talvez comidas de "temporada" - pinhão no inverno, por exemplo. E comidas "natureba", ehehe. Na Benedito Calixto, por exemplo, tem empanadas de massa integral... Mas não é fácil encontrar por aí.
7) Conhece a comida de rua servida em outros países? o que acha?
ADORO.
8) O que achou do sucesso estrondoso dos eventos "O mercado" e "Chefs na rua"?
Totalmente previsível!
9) Em sua opinião, o que a comida de rua tem a acrescentar na cultura gastronômica de uma cidade?
Mais do que tudo, a experiência de estar na calçada, na feira, na praça junto a outras pessoas que podem ser executivos, estudantes, turistas, trabalhadores braçais, jovens, idosos... Tudo que favorecer o encontro e a convivência no ambiente urbano.
10) É a favor da legalização da comida de rua? qual seu plano de ação para isso, se eleito?
Sim! Assim como várias outras atividades "de rua"... Música de rua, comércio de rua... O plano é simples: identificar áreas que sejam ao mesmo tempo atraentes e que não representem transtornos para a circulação de pedestres e bicicletas (porque não adianta encontrar uma área que não atrapalhe mas não tenha movimento nenhum...); criar identidade visual para as barracas; reafirmar as normas sanitárias (conservação e manipulação de alimentos) e estabelecer novas quando for o caso (por exemplo, oferta de álcool gel); publicar edital de chamamento e selecionar interessados. Criar uma instância de decisão compartilhada - exemplo, "conselhos locais de comida de rua" (o nome pode ser melhor do que esse rs). Depois fazer e divulgar um mapa com os treilers, carrinhos, barracas e estandes "individuais" e das feirinhas. Complementarmente, instalar muito mais bancos e floreiras pela cidade, para criar espaços agradáveis onde as pessoas possam desfrutar um lanche na rua. E, claro, associar a comida de rua a outras atividades que tornam a experiência mais convidativa e agradável - música, artesanato, banca de jornais/livraria, flores :)
Mais uma coisa: as feiras livres precisam urgentemente de uma requalificação. Precisamos superar a fase "caminhões carregam tábuas/ barracas são montadas e desmontadas/ lixo deixado para trás". Os feirantes precisam poder comprar (linhas de crédito especiais, isenções e abatimentos) veículos utilitários que já sejam, eles mesmos, as barracas. Com refrigeração quando for o caso, proteção para os alimentos, coleta de resíduos etc. Tá mais do que na hora de um "apgreide" ehehehe.
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