quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Redondinhos

"No Dia das Mulheres, o cara do bar colocou uma faixa "Parabéns a todas as Mulheres do Redondinho". Pô, aí, não".


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Tinha ido todo mundo embora - menos eu. Pau de enchente, curva de rio, âncora... Apelidos que já me deram desde a faculdade porque eu vou me enroscando, vou ficando.

O bar tocava uma das músicas do Bezerra da Silva esculachando político. "Vai ser candidato na próxima eleição", não sei mais o que.

"Vou mesmo!", gritei, mas ninguém entendeu.

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Foi minha primeira agenda de rua com o Serra "ever". Em 2006, meu candidato era o Mercadante. (Se eu ainda precisava de motivos para sair do PT... O episódio "aloprados" foi quase a bala de prata). Em 2010, eu não saía de trás do computador. Terça-feira era para eu ter ido ao Cursino - onde, segundo o Edson Aparecido, eu tive minha melhor votação, vejam vocês - mas perdi a hora (na internet, vejam vocês).

Fiquei feliz que era em Heliópolis, nos famosos prédios redondos do Ruy Ohtake. Tinha a maior curiosidade de conhecer.



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Metrô até o Sacomã, beleza. Só tive de rodar mais que o usual para achar lugar para parar o carro. Ah, se tivesse uma garagem integrada à estação Vila Madalena... Mas não me incomodo de andar 1km até a a estação, acho até bom. Problema é quando estou atrasada ("raro").

Segundo o Google, saindo da estação eu deveria caminhar até o 3047 da Bom Pastor e pegar o Vila Arapuã.

Bom, aí você sai da estação e não faz ideia de em que número da Bom Pastor está. Pelo adiantado da hora, já tinha decidido pegar um táxi e queria saber o ponto de onde faria o caminho mais curto para cruzar a Juntas Provisórias.

Mapa no térreo da estação?




Hmpf. Só lá em cima na plataforma. Me dá uma raiva...

Vou tuitar as fotos para o metrô. O resultado costuma ser melhor do que mandar mensagem pra Ouvidoria ehehe.
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Taxista me reconheceu. Estava aliviada com a queda do Russomanno ("já pensou"?). Agora vai de Serra.

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Desço do táxi, o MC anuncia. "Já está aqui a Soninha, que foi candidata pelo PPS e agora está com o Serra! Soninha, amiga de José Serra!".

Juro que ele não falou por mal.

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O Haddad disse que o Chalita é "amigo pessoal de longa data". Ninguém foi lá encher o saquinho deles.

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Mal cheguei, veio uma equipe da TVT, TV dos Trabalhadores acho eu. Conheço o repórter dos tempos de ESPN. Ele gostava muito de mim, até eu sair do PT e fazer campanha para o Serra em 2010. Serra, "o conservador". "Não me conformo com seu apoio a ele", disse depois de me entrevistar no final daquele ano.

"Posso te fazer uma pergunta?"
"Claro".
"Por que o Serra não fala com a gente? Você pode pedir para o Serra responder UMA pergunta que a gente quer fazer a ele?"
"Olha, não posso convencer alguém a ser como eu. Entre os colegas políticos, eu sou uma exceção, porque respondo qualquer pergunta de qualquer pessoa. Mas é raro... Não é?"

Pronto, era só isso. Uma pergunta.

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Serra chegou em seguida, fui cumprimentar. Ao lado dele, o Dalton Silvano. Afe, como ele me irritava na Câmara, todo histriônico, caricato... Não cumprimentei porque estávamos ali no "tumulto"; estender a mão eu quase sempre estendo (não cumprimentei o Maluf depois do debate da Record, em que ele "sacou" a Época pra me chamar me maconheira, nem o Levi, por motivo semelhante. Se viessem cumprimentar eu não me recusaria a retribuir, sem sorriso falso, mas não tomei a iniciativa).

(Achei um horror a mesária se recusar a cumprimentar o Russomanno)

Dalto: "Não convida mais vereador?"
Eu: "?"
Ele ainda repetiu a pergunta antes de se dar conta que queria dizer "cumprimenta" rs.

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Serra: "Você já tinha vindo aqui?"
Eu: "Não, tinha a maior curiosidade"
JS: "Por dentro, os apartamentos são de uma funcionalidade incrível. Eu achava que era "coisa de arquiteto", mas ficou muito bom".

Imagino ele na reunião conhecendo o projeto e trolando o Ruy Ohtake com sua famosa paciência e proverbial delicadeza.

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Essa é só uma parte do batalhão que o acompanha. 

Eu: "Você reclama, mas fazer campanha com imprensa é completamente diferente, pô".

Nem ele nem os repórteres prestaram atenção na primeira parte ehehe.

JS: "Você não tinha imprensa nas suas agendas?!"
Eu: "Nada. Não, tinha sempre um herói solitário da RedeTV!"
Alguém atalhou (acho que o Walter Feldman): "Tinha o SPTV"

Eu: "Duas vezes por semana. E só".

Hmpf.

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Enquanto o bolo de gente ia para um lado, alguém me puxou para um canto até então sossegado: "Ele vai entrar em um apartamento desse prédio. Já fica por aqui, você não queria conhecer?"

Ao nosso lado, um senhor de olhar muito doce em cadeira-de-rodas estava esperando o Serra há um tempão. "Fica aqui que a gente vai tentar fazer o Serra chegar perto do senhor, seu João", disse uma assessora.

"Tentar fazer uma ova. Nem que eu tenha de deitar no chão pra segurar o pelotão. Ou tirar a roupa".

Morreram de rir. Fosse uma das minhas filhas, ficaria preocupadíssima. 

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Fui lá buscar o Serra: "VEM AQUI CONHECER O SEU JOÃO. Tá aqui te esperando há horas". Ora, ora. Fácil, gente, é só ser atrevida ehehe.


Pelo que ouvi, seu João teve DOIS AVCs. Ele não fala. Não tem nenhuma dificuldade para entender. Sua esposa disse que ele trabalhava no Hospital Heliópolis. Ela também tinha sido servidora - acho que da Educação. Estavam super emocionados.


Pedi pro Serra chegar mais perto; Seu João tirou os óculos para sair na foto :o). Pena que não consegui pegar o sorriso dele, muito bonito.

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Incrível a quantidade de repórter que coube dentro do apartamento da mulher que permitiu que eles entrassem. Na hora de ir embora, não parava de sair gente lá de dentro.





No meio da conversa dos que estavam aqui para trás, um tirou sarro: "Não vai ter fight hoje?"

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Enquanto ainda estávamos lá embaixo, eu estava fora do "bolo" e um dos rapazes com uniforme da TVT veio reclamar comigo, agressivo:

"Um policial me ameaçou. Ele estava com roupa normal. Me ameaçou e saiu por ali. Isso não ajuda a campanha de vocês".
"Como você sabe que ele era um policial"?
"Ele falou que era. Veio pra mim e disse "bando de pau no cu, vocês da imprensa"".
"E se for mentira? Vai ver não era policial p. nenhuma, só veio causar."
"Ele tava aí, no meio da segurança".
"Te xingou e foi embora?"
"Saiu, porque eu encarei e ele saiu fora".
"Cadê, pra onde ele foi? Vamos atrás. Seja quem for, ele não pode ameaçar. Vamos ver isso já".
"Ele subiu aí".
"Ué, você não falou que ele tinha ido pr'aquele lado?"
"Foi, mas depois ele subiu".

Hmm.

"Como ele é?"
"Cabelo curto, camisa azul clara".

Realmente, não ajuda nada. Só não achei o tal com essa roupa - e não deveria ser difícil. 

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Fiquei para trás ouvindo as histórias, as reclamações.

Como em 80% das broncas sobre a Saúde, a maior queixa é... ser mal tratado pelos profissionais. F.  

"Eles põe lá a placa dizendo que desacato é crime, mas tratam a gente feito lixo. A pessoa vai no posto não é porque quer, é porque tá doente".

Massss...

Falar nisso é tabu. 

Tem de ter melhores condições de trabalho, tem de ter melhores salários (quando falam em Saúde só lembram dos médicos - enquanto isso os fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, técnicos, auxiliares, pessoal da recepção e administração etc são esquecidos e eles sim ganham mal!). Mas pelo amor de deus, tem de ter seriedade e comprometimento dos profissionais!

Reclamar da brutalidade policial é fácil, não exige coragem. Mas a brutalidade de outros profissionais tem de ser denunciada também.

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Enquanto isso... Nilson é enfermeiro especializado em Oncologia. Estudou feito doido, participa de tudo quanto é Congresso, SONHA trabalhar em sua especialidade.

"Tenho 45 anos, não consigo. Às vezes acho que vou desistir. Lutei tanto, me matei pra fazer faculdade à noite, mas continuo trabalhando de porteiro em um condomínio".

"Posso tirar uma foto pra fazer um anúncio?"



Aí está. Propostas de trabalho para rp@soninha.com.br (não sei se posso colocar o email dele aqui).

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"Soninha, me ajuda. 20 anos que eu tenho isso. Dói demais, demais. Um médico diz que é reumatismo, o outro que não-sei-que, não me dão nada pra dor".



Taaanta gente com dor, meu deus. Será possível que não tem mesmo nada para aliviar a dela?

Vou ver se descubro qual seria o melhor caminho. Laboratório de Dor do HC? Cartas para a redação.

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Quando eu digo que "nome de rua" não pode ser tratado indiscriminadamente como "projeto pouco relevante", povo que avalia desempenho de vereador não dá muita atenção.

Aqui um caso clássico.


São dois conjuntos com vários prédios; o endereço que consta para todos eles é o da rua mais próxima. Essa ladeira aí no canto inferior direito não tem nome; a rua que divide os conjuntos também não.

Aí o carteiro faz o que? Larga a correspondência nessas caixinhas, a meia quadra de distância, que OS MORADORES providenciaram.

Diz que não pode subir, que o condomínio "não tem CNPJ". 

Aí uns pegam sua correspondência sem cuidado, deixam cair a conta do vizinho no chão...

Na hora que eu estava indo embora, uma moradora viu que a gente estava falando de corrrespondência e mandou: "Já falei pro carteiro que a hora que eu vir ele aqui dou um tiro lá de cima, pein!". Ela estava brincando. 

"Coitado, não é culpa dele".
"Não é culpa ele o que!? Ele tem a obrigação de separar a correspondência".
Eu - "De repente ele é mal orientado. Ou tem má-vontade".
"Se ele tivesse boa-vontade, faria".

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Outras queixas:

- Transporte coletivo: tem UM ônibus que passa perto, o ponto é isolado, a rua fica deserta, "dá medo". "No domingo, passa a cada 40 minutos, uma hora". Eles queriam ter uma lotação que fizesse ponto lá  no conjunto. Justo!

(Eu peguei o ônibus para voltar para a estação Sacomã. Faz um caminho que, sem conhecer perfeitamentee a região, achei desnecessariamente comprido).

- Comércio: é longe. 

EU SEMPRE DIGO ISSO! Conjunto habitacional tem de "vir" com um conjunto comercial!

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Ai como eu quero ser prefeita.
Enquanto não for, vou torrar muito as paciência.
Espero que seja do SERRA.

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Mais fotos


Repórteres, repórteres, repórteres


Cozinha do apartamento


Parquinho é bonitinho. A quadra é bem boa também.


As outras caixas improvisadas


Curti o grafite ali no segundo andar :o) (Ao lado da Estação Sacomã)

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Ah, a moça que reclamou da faixa no Redondinho, o enfermeiro, a do carteiro e mais uma fizeram questão de me acompanhar até o ponto de ônibus. Uns queridos :o)

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