terça-feira, 6 de novembro de 2012

Eu, Adjetiva

Deu na Carta Capital. Tava com uma preguiça doida mas acabei lendo (um monte de gente me mandou o link) e comentando (no texto, em itálico).



A adolescência política
31.10.2012 10:01

A eleição de 2012 transformou ‘Soninha’ em adjetivo

Não deixa de ser uma contradição. O País que se gaba de ter um dos mais modernos e eficientes sistemas de votação e apuração é ainda um adolescente quando o assunto é maturidade política.
>>>Ah, vá.
Há três dias, desde o fim da campanha eleitoral, pipocam por todos os lados, em todas as bandeiras partidárias, sintomas graves de que não estamos perto, mas nem um pouco perto, de cravar, ao menos desta vez, que vivemos num sistema permanente de aprimoramento democrático. Neste mundo ideal, ainda distante da realidade, vencedores governam, oposição fiscaliza e o contraditório impele a avanços, não a rancores. Tese, antítese e síntese é tudo o que não se vê no rescaldo eleitoral.
>>>De acordo.
 Pelo contrário. A depender das declarações públicas recentes, estamos mais próximos de transformar em adjetivo um tipo de candidato e eleitor que mostra as garras, com métodos cada vez mais rudimentares, a cada dois anos. É o candidato/eleitor “Soninha”, que em 2012 se transformou em sinônimo de quem se treme diante do contraditório, perde a compostura quando não tem mais argumento, e é adepto do “quanto pior melhor”. (Vide “ave de agouro”, “piti”, “#mtoloco”, “sinais dos tempos”).
>>>> “Treme diante do contraditório”? Putz, é de mim mesmo que ele está falando? Sério? 
Sinceramente, imodestamente, não conheço ninguém  tão disposto a debater, argumentar, defender pontos de vista civlizadamente quanto eu - da legalização do aborto e da maconha às razões pelas quais eu saí do PT; da importância de se considerar a bicicleta como meio de locomoção desejável e viável à desaprovação ao governo federal. Tudo eu explico por que, em qualquer ambiente...
Pra defender o voto no Serra no segundo turno, por exemplo, tive de ouvir “argumentos” do tipo “Você só quer garantir uma boquinha para você e sua família”; “o PPS é servil ao Nosferatu”; “sua patricinha da Vila Madalena, o que você conhece de São Paulo?” etc.
Quanto às aspas e hashtags usadas como exemplo do “quanto pior melhor”... Não entendi. Talvez seja referência a posts anteriores. Meu aí tem o “mtoloco” - vale a pena retomar a história? Qdo eu achei “mtoloco” estar numa linha do metrô que funcionava na mais absoluta normalidade enqto estava um caos na outra, e nas redes sociais chegaram  à conclusão de que eu estava “desdenhando do acidente” e “defendendo o governo tucano”?
“Ave de agouro” foi uma expressão usada pelo Lula para se referir à oposição.
Em outras palavras, é o candidato/eleitor que se comporta durante o processo de sucessão como quem berra numa arquibancada de futebol. Que, a dois meses da posse de um prefeito eleito, deixa claro o quanto torce para que tudo dê errado. E que, no primeiro tropeço do candidato eleito, não contém o sorriso para dizer “bem-feito, eu avisei”.
>>> Sim, fui candidata e SOU eleitora. E às vezes berro na arquibancada, como todo mundo. Ou é direito de alguns torcedores-blogueiros, torcedores-jornalistas e não de outros?
E quem pode definir o “primeiro” “tropeço” do candidato eleito? O que é “tropeço”, qual é o “primeiro”? Pra mim, o candidato já “tropeçava”  antes de eleito, oras. Prometendo coisas que não seria capaz de cumprir - se é que isso é um “tropeço” e não uma... trapaça, o que é muito mais grave.
Aí o candidato eleito diz que duas duas  principais promessas/trunfos de campanha não são para o ano que vem, mas para o segundo ano de mandato.
E a oposição não pode pegar no pé?
Parece aquele cara que toma uma multa por passar no sinal vermelho a 100 por hora e depois diz: “Pô, eles só querem multar, não orientam!”.
A oposição, no “mundo ideal”, deve “fiscalizar”. Mas não pode sorrir e dizer “eu avisei”?
Hmm.
E aposta que, se 10% das obras prometidas pelo rival estiverem prontas, faria no corpo uma tatuagem do “inimigo”.
>>> Aposto. Pode não? Depois de 10 anos de obras do “PAC” ridiculamente atrasadas, não posso colocar em dúvida a capacidade administrativa do prefeito eleito? Não posso considerar que sua promessa de “Arco do Futuro” é tão fantasiosa quanto era a do Fura-Fila na campanha do Pitta? Não posso levar em conta que os “novos campi” das Universidades Federais entregues pelo prefeito eleito até hoje são “puxadinhos”, pouco melhores que “escolas de lata”?
O eleitor/candidato Soninha não é só sintoma de um sistema imaturo. Ele é o adolescente político. E, como adolescente, não se sente representado por quem governa sem o seu voto e manifesta rebeliões das mais eficientes: bater o pé, chorar, dizer “não, não e não”.
>>>> “Não se sente representado por quem governa sem o seu voto”. Uai, sou obrigada? Sou obrigada a reconhecer como prefeito, governador, senador, presidente, aquele que foi eleito. Mas não a me “sentir representada”.
Adepto do “nós contra eles” (discurso corrente também em alas petistas), o candidato/eleitor Soninha pensa que, como no futebol, a vitória nas urnas representa a automática eliminação do adversário num sistema mata-mata.
>>> Eeeita, não seria esse o pensamento corrente de quem ganhou a eleição? De quem fazia contagem regressiva para “a morte política de José Serra” e agora escreve seu “obituário”, como a Carta Capital?(tá na capa da última edição).
A doença atinge inclusive ministros que, diante da crise de segurança do governo “rival”, corre para dizer: “eu ofereci ajuda, não pegou porque não quis. Bem-feito”.  
>>> O Haddad, por exemplo, fez isso - e quem vira adjetivo sou eu?
Atinge também mesários que, ao ver um ministro do Supremo Tribunal Federal que não vota como ele quer, parte para o “método CQC” de conscientização política: o método que esculacha, não informa, confunde alhos com bugalhos e criminaliza o sistema ao repetir velhos chavões. Porque, para o adolescente político, não basta divergir do contraditório. É preciso eliminar tudo o que o representa.
>>> “Mesários”? UM sujeito foi mordaz e mal-educado com o Lewandowski, mandando um abraço para o José Dirceu. Outro recusou-se a estender a mão para cumprimentar o Russomanno. “Atinge mesários” é um pouco demais para reforçar a tese da adolescência e imaturidade. E mesários, em todo caso, não são funcionários da Justiça Eleitoral ou coisa que o valha - são cidadãos comuns convocados para trabalhar um dia. Comparar “mesários” com “ministros” também é um exagero sem tamanho.
É o caldo que permite o protesto indignado (e seletivo) de quem acusa quando há suspeita, condena quando tem acusação, pune quando há julgamento e cobra o direito à eliminação, de votar ou respirar, de quem está julgado, condenado, punido.
Nas redes sociais, o eleitor Soninha nada de braçada. Por exemplo: bastou o prefeito eleito de São Paulo explicar que o bilhete único mensal pode ficar para 2014, em razão do rito democrático básico – apresentação do projeto, apreciação pela Câmara, detalhamento de orçamento, aprovação e sanção – para propagar seu grau de diferenciação política. “Parabéns pra você que acreditou em um partido condenado por ser uma quadrilha”.
>>>>Pois é, “bastou”... Durante a campanha, o “rito democrático” foi solenemente ignorado diante da promessa do Paraíso nos transportes... Tanto é que, seja em 2013, 2014 ou 2020, tudo isso tem de acontecer: apresentação do projeto, apreciação pela Câmara, detalhamento do orçamento... E enquanto  eu dizia, durante a campanha, que o Bilhete Mensal não era assim a maravilha simples que eles prometiam E EXPLICAVA POR QUE, a propaganda eleitoral dizia “eles são contra o Bilhete Mensal porque não gostam dos pobres e governam para os ricos”.
Argumentação madura, civilizada. Ô.
Se você é dessas correntes, caro leitor, você é também um sujeito Soninha. Você não entendeu nada do que foi o “mensalão” e nem tem ideia de como funciona uma eleição. E se você acredita também que só a alienação leva à vitória do candidato A, e não do seu querido B, talvez devesse conversar com eleitores de fora de sua bolha. É o método mais eficiente de se combater a alienação – a sua.
>>>>”Sujeito Soninha” = alienação. Fantástico.  
Porque o mundo real, este que permite tragédias como o chamado “mensalão”, é de todos, e não do seu rival, e só a lógica da arquibancada permite o elemento irracional do “nós contra eles”. A lógica da vida democrática, não.
>>>> “Tragédia”? Parece até que a gente está falando de um “hurricane”, uma força da natureza que acomete o planeta e não há nada que possamos fazer a não ser limpar o estrago. O “mensalão”  foi uma prática criminosa, sistemática, conduzida no seio de um governo de modo a corromper pessoas, partidos, instituições. “O mundo real é de todos”, mas o “mensalão”  não é. Que é isso, devemos todos ser condenados pelo que o governo praticou? Ou, se não for pra condenar o mundo todo, que não se condene ninguém?
E, eventualmente, na vida democrática, acontece um “nós contra eles”. Em um segundo turno, por exemplo. A “lógica” seria as pessoas poderem adotar posições, inclusive “contra eles”, “contra todo mundo”, sem serem condenadas por isso.
Quando você transfere um método para o outro, você passa longe de espalhar consciência política. O que você faz é reduzir o mundo entre bons e maus, “tucanos elitistas que não gostam de pobres” de um lado e “pobres petistas comprados por benesses eleitoreiras” de outro.
>>> De acordo.
Sim, porque para cada tucano que contém o sorriso ao ver um ex-ministro petista condenado há um petista feliz diante da atual crise de segurança em São Paulo. A lógica do “nós contra eles” é sintoma, e não patrimônio partidário.
>>>> De acordo - em termos. Comemorar uma condenação na Justiça pode ser revanchismo e  rancor mas pode ser “apenas”  a satisfação de ver as instituições democráticas funcionando e que não houve, nesse caso, impunidade - apesar do status do réu. Outra, BEM diferente, injustificável sob qualquer ponto de vista,  é regozijar com uma onda de violência porque ela demonstra um fracasso do governo tucano. Absurdo comparar as duas coisas. Que seja a comemoração de um petista feliz com a condenação de um “demo”.
O Brasil pós-ditadura completou em 2012 quase 30 anos de tradição. Já passou da hora de abandonar a puberdade.
>>> E a patrulha. Ainda mais quando hoje ela assume, como antes de democracia, ares governistas. É feio fazer oposição ao PT.

[Enquanto isso, o presidente do partido do governo federal comemora o “cinturão vermelho” em torno da capital, como se falasse de um jogo de War. E o ex-presidente da República diz, em programa popular na TV aberta, “não podemos deixar o PSDB governar de novo este país”. E  a adolescente imatura que  não suporta o contraditório sou eu].

2 comentários:

  1. Absurda essa publicação da Carta Capital...
    É PROIBIDO fazer oposição ao PT e pelo visto você os tem incomodado.

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  2. Instituição jurídica que passou a funcionar, pasmem, justamente num governo abusadamente ladrão.

    Mil vezes melhor do que o engavetador geral da república, indicado pelo partido que você milita a favor.

    E não seja tola, não estão comemorando o funcionamento da justiça coisa nenhuma. Estão comemorando o PT estar na cadeira. Ou será que vão comemorar também quanto a tucanada foi julgada e condenada.


    O dia que você for uma alternativa DE VERDADE, penso em votar em você.

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