Da série "não consigo jogar fora antes de guardar um pedaço". Guardarei aqui. Porque cadernos de anotação, também já não tenho mais onde guardar.
1 - "Espírito Crítico"
"O CNT Jornal acertou no conteúdo. A promessa de que ele seria um veículo de boas reportagens vem se cumprindo. Na segunda-feira, o telespectador viu uma matéria sobre os brasileiros presos no Paraguai, depois sobre os travestis assaltantes do Rio de Janeiro e, mais adiante, a mulher que vivia acorrentada como um animal. Sem apelos fáceis. Não que os outros jornais não façam reportagens (estamos aqui chamando de reportagem as histórias da vida real, da vida da gente comum). O que fica diferente no CNT Jornal é a tentativa de mostrar os brasileiros que nunca aparecem no jornal, é a procura de fugir daquela pauta institucionalizada, aquela que aparece na Voz do Brasil e que muita gente ainda segue. Ele não caiu no jornalismo declaratório, que torna qualquer discurso do presidente da República mais importante que tudo. (...) A perfeição plástica tem sido o ingrediente central do embuste do jornalismo na televisão. (...) Mas o tempo passou e o espírito crítico do telespectador mudou um pouco (muito pouco, mas mudou). Hoje ele quer menos teatro e mais informação pra valer. (...) Quer menos ideologismo, menos governismo, mais jornalismo". Eugenio Bucci, especial para o Estado de São Paulo, em alguma data em que os telefones ainda tinha 3 dígitos no prefixo.
Comentários
1 - Aprendi, lidando com o pessoal organizado na defesa dos direitos LGBT, que quando é um homem travestido de mulher, a gente diz "a travesti" :o). 2) Reportagens da vida de gente comum - adoro. 3) A pauta institucionalizada, o jornalismo declaratório... Hoje é menos ostensivo como era nos tempos do Jornal Nacional dos anos 70, mas ainda tratam anúncio de promessa do governo como #fato, declarações de um lado de de outro como "apuração"... 3) Hoje em dia, em vez da "perfeição plástica", o jornalismo tem mais credibilidade com imagens tremidas, de qualidade ruim, de algum cinegrafista amador... O que às vezes vira recurso deliberado - em vez de a imagem tremer porque a qualidade não era, naquele momento, o mais importante, o cinegrafista corre com a câmera sem necessidade para dar mais emoção etc. A tosqueira evidente deixa tudo mais "real", como quando o Datena briga com o cara do VT, pede uma coisa e entra outra... A "autenticidade" funciona. 4) O espírito crítico do telespectador mudou? Mesmo? JURO - acho que não. TV falou, tá falado.
2 - "Notável"
(...) "O brilhante, o magnânimo, o ilustre, o notável do Orestes Quércia resolveu se enxertar no fascículo "Mil Homens Que Fizeram o Século 20" (...) [Outra pessoa que estaria no fascículo] não chega aos pés da estatura moral do estadista. Quércia, descrito no glossário como um político sempre "identificado com as parcelas pobres da população" e que "nunca se compôs com as elites". (Eduardo Logullo no JT, eu acho - o recorte não preservou nem o nome nem a data do jornal :o/)
Comentários
1 - O autor está sendo irônico, antes que alguém ache que é texto a favor. 2 - Não dá uma impressão que certas coisas se repetem ao infinito? "Identificado com as parcelas pobres", "nunca compôs com as elites"...
#insuportável.
3 - "Virtudes"
"Para virar santo - A Igreja Católica reconhece a santidade após cumpridas quatro etapas: Biografia e virtudes (...) - É preciso que o candidato tenha 11 virtudes (fé, esperança, caridade, prudência, justiça, fortaleza, temperança, pobreza, castidade, obediência e humildade)". (Folha de São Paulo de 11/05/67, na cobertura especial da vinda do Papa ao Brasil para a canonização de Frei Galvão).
Comentário
Essa determinação da Igreja Católica em qualificar sexo como pecado, vício, "malfeito" foi uma das coisas que me afastaram da instituição. "Sexo só para procriação", tenham dó. Nunca me convenci de que era a religião católica que estabelecia isso, mas sim a instituição igreja, a "pessoa jurídica". Que graças aos céus já reviu vários conceitos - não vendem mais Indulgências, né? - mas insiste nessa proscrição. No mesmo jornal uma matéria conta o que está escrito nas famosas pílulas de Frei Galvão, distribuídas no Mosteiro da Luz aos fieis: "Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta". Puxa vida).
4 - "Feliz"
"Governo derruba competitividade do país, Dilma fica feliz se 60% do PAC for cumprido, Câmara se enterra no aumento para deputados. Alguém duvida que algo vai dar errado?" (No mesmo jornal, no Tiroteio do Painel).
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Pois é. Isso porque o Zé Aníbal é amigo da Dilma. Mas no fim ela tinha razão - 60% era uma meta muito ambiciosa... Não rolou.
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