quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Tudo errado, todo mundo errado...

... na greve de professores no Rio:

1) A Polícia Militar

Comete os erros mais visíveis, como usar spray de pimenta quando não há ameaça que justifique e disparar bala de borracha, essa coisa cretina que não serve pra nada a não ser causar ferimentos graves em alguém atingido meio ao acaso.

Aliás, a PM do Rio parece paródia do Tropa de Elite - 2. O caso Amarildo repercutiu MUITO POUCO. Um crime bárbaro, hediondo, envolvendo muitos policiais, inclusive de patentes mais altas (um Major?!).

Quando houve o famoso caso da Favela Naval em Diadema, muitos anos atrás, o mundo parou para vermos e revermos aquilo, chocados. Entrevistando um representante da PM no estúdio do Bom Dia Brasil, Renato Machado não se aguentou quando ouviu dele que era "um caso isolado". Puto, reagiu: "O sr me desculpe, mas todos nós sabemos que esse não é um caso isolado. A diferença é que foi gravado".

E no Rio???

2) Os manifestantes mascarados

Os Black Blocs tem a prepotência de acreditar que, sem eles, protestos não servem pra nada. "Se não houver destruição, não sai na mídia". Ainda que fosse (seja) verdade: justifica? Destruir orelhões, vitrines, placas, agências bancárias, bancas de jornal, lixeiras etc para sair na televisão é legítimo?

3) Os grevistas

Bom, eu já acho péssimo greve na Educação e na Saúde. Entendo que é o último dos últimos dos últimos recursos. E olhe lá. Como paralisar o atendimento em Saúde? Como deixar crianças semanas sem escola?

No caso, os professores entraram em greve porque não concordam com o plano de cargos e salários apresentado pelo prefeito na forma de Projeto de Lei, que é como tem de ser. Direito de discordar? Claro que tem. De dizer "ou sai do jeito que queremos ou ninguém tem aula por tempo indeterminado"? Não. Isso não é mobilização e pressão, é coerção.

O plano tem defeitos, ô se tem. Mas ainda preferiria mil vezes que eles se manifestassem sem parar as aulas.

4) O prefeito

"Os grevistas são do PSOL, partido que derrotei na última eleição". Provavelmente ele tem razão - muitas greves tem "filiação partidária". PSOL, PT e PSTU são os partidos que mais comandam sindicatos importantes de servidores públicos e muitas vezes fazem greve para emparedar e enfraquecer o governo, mais do que para garantir direitos e conquistar benefícios. Há casos em que mudam a pauta das reivindicações com o tempo, aumentando-a cada vez mais. Fazem reivindicações impossíveis de atender, como "60% de reajuste". Condicionam a volta ao trabalho à "melhora da educação pública".

Como tem grande poder de organização, aumentam o número de manifestantes com apoiadores solidários - trabalhadores de outras categorias, estudantes, assessores parlamentares, filiados ao partido de modo geral. Às vezes até com "manifestantes profissionais", que comparecem porque foram pagos para isso.

Ok.

Mas afinal, o que a prefeitura propõe, custa dizer. E daí que o PSOL foi derrotado na última eleição? Democracia é assim - tem eleição e alguns são derrotados. Só não tem derrota quando não tem disputa. Tratar o partido derrotado como "loser" é ridículo.

5) A imprensa

Ah, essa não tem jeito.

O QUE estabelece o projeto de lei do Plano de Cargos e Salários? Qual é o resultado prático disso para os professores que já estão na Rede Municipal e os que vão entrar nos próximos anos? Qual o impacto no orçamento do município?

O QUE reivindicam os professores? Do que eles discordam e por que? O que seria viável entre suas demandas?

Esquece... Ela só vai mostrar cenas de confronto do lado de fora, as palavras de um, as palavras de outro. Quem quiser informação que se vire para conseguir.

7 comentários:

  1. Não sei se mudei muito, ou foi você, mas minha tendência atual é mais discordar do que concordar com sua opiniões.

    1. Concordo plenamente.
    2 e 3. São reflexos de 4 e 5. Então, quem deve mudar primeiro?
    Em tempo: sugiro ir à fonte sempre. Hoje vou de sessão extraordinária na Tv: TSE e Marina, vejamos onde TUDO isso vai parar...rs

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  2. Sônia, caríssima.
    Permita um arrazoado, um depoimento pessoal.
    Em primeiro: Sou funcionário da Justiça Eleitoral, concursado (a justiça eleitoral possui um contingente imenso de funcionários requisitados, não concursados ).
    Pois bem, esse contingente misto é responsável pela conferência de assinaturas.
    No começo estranhei a atribuição, porque isso é tarefa afeita ao Cartório de Notas.
    Repare bem, há duas maneiras de se reconhecer a firma de determinada pessoa, segundo as regras NOTORIAIS brasileiras: por semelhança e por autenticidade.
    Por autenticidade: o sujeito precisa comparecer pessoalmente e assinar o documento no Cartório de Notas.
    Por semelhança: a conferência é feita pelo Cartório de Notas, com base em cadastro prévio, feito pelo próprio sujeito, ocasião em que ele assina mais de uma vez, e de diversas formas.
    Veja o absurdo da questão dos partidos: a conferência é feita por semelhança, com base em assinatura lançada pelo sujeito no caderno de votação, no dia em que ele foi votar...
    Mais: a conferência é feita pelos funcionários da justiça eleitoral, com seus quadros mistos, e cujas funções são diversas daquelas exercidas pelos servidores dos Cartórios de Notas, esses sim, especializados na tarefa de conferir.
    Não é só: a conferência é feita com base em apenas uma assinatura modelo (aquela lançada no dia da votação).
    Sim, tem mais: a assinatura lançada no “apoiamento ao partido” também é única, muitas vezes colhida na rua, à pressas.
    Daí já se vislumbra as inúmeras possibilidades de divergência entre assinaturas feitas por uma mesma pessoa.
    Outra possibilidade, muito comum na Justiça Eleitoral: alguém votou no lugar do titular, por uma razão qualquer.
    Assim, quando o titular assina no campo errado, no lugar de um homônimo, por exemplo, os mesários (e o digo com a experiência de funcionário da justiça eleitoral) orientam o próximo eleitor a votar no espaço em branco deixado por aquele que assinou no seu lugar (um erro justificando o outro...).
    E por aí vai.
    A pergunta que fica é: o sistema de apuração das assinaturas é legítimo? É confiável? É feito por funcionários especializados?
    Respondo por mim: no edital do concurso que prestei não constava a atribuição de conferência; não me sinto apto a fazer declarações peremptórias acerca da autenticidade de assinaturas; e não confio no modelo base (folha de votação), esse sim, eleito aleatória e indevidamente como modelo e meio confiável de conferência, sabe-se lá por quem...

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  3. E aí? Assistiu a sessão?
    Vai ficar para a pré-história...huhuahuahu.
    Sabe que eu até gosto quando o Mendes improvisa né!?
    Sim, porque se daqui de casa já foi um saco ver a ninfa Luciana consolando o partido com aquela vozinha de mamãe-que-dá-segunda- chance, imagino ao vivo.
    E as lições de moral com alentar de esperanças por se tratar de um "projeto"!
    Afe Maria, dai-me um saco maior porque o meu já tá raspando o chão.
    Tudo isso para não falar do auto-engano acerca do legalismo.
    Juiz de Tribunal Superior se justificando com essa é no mínimo patético.
    Quem decide sabe muito bem como saí uma sentença da cabeça de um ser humano.
    Se não sabe é um idiota.
    E se sabe e repete a baboseira legalista é um pateta desonesto.
    Quanto à Carmem, a quem respeito, fica evidente a dificuldade de alguém em lidar com uma questão coorporativa quando preside a instituição envolvida no imbrólio, o mesmo se diga quanto à Corregedora: apontar o dedo para os subordinados, cortar na própria carne requer elevação extraordinária, suprema...
    Falhamos todos.
    Aqui não havia a sanha de condenar, ao contrário.
    Falhamos, portanto.
    Veja a injustiça suprema, minha cara: o medo de fazer "causuísmo", perpetuando o erro eterno. Um justificando o outro, como sempre.
    Nem acredito que o Brasil não pratica mais a escravidão.
    Note o argumento vencedor: porque com os outros foi assim, com esse também será: toca pro Pelourinho!!...huahuahuahu
    A jurisprudência não muda não?
    Não é justamente nesses casos limítrofes que a mudança vem?
    Quando se deve dar o primeiro passo?
    Quando não há simpatia?
    Ou quando odiamos mesmo?
    Talvez quando nos achemos neutros, porque temos essa ilusão, oh, se temos!
    Não fazer justiça para não ser acusado de causuístico, meu Deus do Céu!?
    Que não se enganem os senhores de voz branda (todos ontem aliás, com a exceção mencionada), porque, assim como as assinaturas recusadas pela justiça eleitoral, tampouco a decisão de ontem teve qualquer justificativa para os seres pensam.
    IN-JUS-TI-FI-CÁ-VELLLLLLLLLLLLLLLL.

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  4. "...Isso não é mobilização e pressão, é coerção."
    Fala Soninha blz...muito interessante sua colocação, essa frase retrata um de nossos maiores dilemas, o de como alcançar um entendimento às partes interessadas que proporcione a sensação mutua de satisfação mantendo um equilíbrio justo. Nos leva a refletir sobre qual é o ponto na cadeia de eventos que deixamos de ser prejudicado e passamos a causar prejuízos. Frente a esse cenário, tenho uma duvida curiosa, no Brasil nos temos uma característica em que todas as pessoas se veem como técnicos de futebol e se sentem dirigentes da seleção brasileira, essa característica se repete na politica, muitos dos que conheço apresentam uma leitura sobre os fatos e acontecimentos como o citado em seu post, formulam uma reflexão critica, discursam e a defendem em diversos locais, mas ainda assim vemos e sentimos uma realidade tão discrepante dessas atitudes permitindo praticas tão absurdas!
    Na vida partidária isso é diferente?
    Como que você, nossa futura prefeita, governadora ou presidente, lê, sente e trabalha essa questão?!
    Valew
    Abs
    Felipe

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  5. "...Isso não é mobilização e pressão, é coerção."
    Fala Soninha blz...muito interessante sua colocação, essa frase retrata um de nossos maiores dilemas, o de como alcançar um entendimento às partes interessadas que proporcione a sensação mutua de satisfação mantendo um equilíbrio justo. Nos leva a refletir sobre qual é o ponto na cadeia de eventos que deixamos de ser prejudicado e passamos a causar prejuízos. Frente a esse cenário, tenho uma duvida curiosa, no Brasil nos temos uma característica em que todas as pessoas se veem como técnicos de futebol e se sentem dirigentes da seleção brasileira, essa característica se repete na politica, muitos dos que conheço apresentam uma leitura sobre os fatos e acontecimentos como o citado em seu post, formulam uma reflexão critica, discursam e a defendem em diversos locais, mas ainda assim vemos e sentimos uma realidade tão discrepante dessas atitudes permitindo praticas tão absurdas!
    Na vida partidária isso é diferente?
    Como que você, nossa futura prefeita, governadora ou presidente, lê, sente e trabalha essa questão?!
    Valew
    Abs
    Felipe

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  6. Eu vou ter q confessar meu preconceito. Achava q vc n tinha cérebro. Estava redondamente engado. Se puder aceitar minhas desculpas eu agradeço.

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  7. Vou pelo caminho contrário do Robson. É a primeira vez que estou participando, pretendo acompanhar mais.

    A Soninha sempre foi o que me causa conflito nas minhas visões políticas. Ela tem projetos de extrema coerência e de baixo custo, com resultados possivelmente de grande impacto. Entretanto, apesar de amador em filosofia, sociologia e história, não consigo apoiar um partido socialista, por motivos históricos. Assim como, não vejo os projetos apresentados como socialistas, mas como democráticos e humanistas. Com um estado regulador e não impositor.

    Sempre terei com a Soninha 2 possibilidades de candidato e espero que se um dia ganhar, mantenha essa apresentação de honestidade e integridade, e que o idealismo continue até acima do partido.

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