quinta-feira, 4 de outubro de 2018

O "Brasil que que queremos"

Graças à matéria da Sonia Bridi sobre o "Brasil que que queremos", que corretamente creditou a fonte das informações utilizadas (repórter séria é outra coisa!), cheguei a um trabalho espetacular da Câmara Brasileira da Indústria da Construção: "Impacto Econômico e Social da Paralisação de Obras Públicas", publicação de 70 páginas que ao mesmo tempo mata a gente de raiva e enche de esperança - ao menos em tese... (Não necessariamente no contexto atual).

A parte da raiva vem de constatações como estas:

- Estima-se que, se as obras em corredores viários da chamada saída Norte fossem concluídas e operassem em sua plenitude, os produtores de grãos do Centro-Oeste se beneficiariam com uma redução no custo do frete destinado à exportação que, sozinho, resultaria em ganhos de US$ 765 milhões por ano.

• Obras paralisadas e não iniciadas de saneamento poderiam, apenas nos três municípios com as menores taxas de acesso a redes de água e esgoto do país, reduzir substancialmente os gastos em internações e afastamentos do trabalho por doenças associadas às condições sanitárias e ao mosquito Aedes Aegypti, que somaram em anos recentes (2007-15)
nada mesmo do que R$ 300 milhões (sendo o custo das obras inferior à metade desse valor).

Reformulando: com R$150 milhões, o equivalente a menos de 1/10 do custo para reformar um estádio de futebol para a Copa em Brasília, concluiriam-se obras de saneamento nos 3 municípios com a menor taxa de água encanada e esgoto tratado no país, onde foram gastos R$300 milhões com a dengue e suas consequências. Sem falar no sofrimento cotidiano das pessoas, mesmo as que não tiveram dengue.

Dá um ódio...

Alguns detalhes:

"A BR-163 apresenta obras inacabadas, incluindo um trecho de 100 km que carece de pavimentação adequada, especialmente 60 km que não têm nenhum trabalho de asfalto. A má
qualidade da estrada resulta em perdas estimadas em US$ 400 mil por dia, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleo de Soja (Abiove), devido à paralisação do tráfego de caminhões, especialmente no período de chuvas".

PQP VSF. Não conseguiram pavimentar 60 km de estrada???????????????

Sem contar o que isso significa de sofrimento na vida dos caminhoneiros, das suas famílias...

Outra informação mais detalhada:

Obras de saneamento básico paralisadas, 2018
Órgão Executor............................Número de obras paralisadas
Ministério das Cidades.................283
Ministério da Saúde (FUNASA)....188
Total..............................................471

Isso se a gente contar só os dois órgãos, e sem levar em conta as obras atrasadas e aquelas que já poderiam, mas ainda nem começaram.

🤬

Tem mais essa aqui: "As interrupções em obras de creches estimadas por comissão do Senado retiram anualmente R$ 424 milhões da renda dos responsáveis (especialmente das mães) das crianças prejudicadas e subtraem R$ 273 milhões anuais em benefícios futuros pelo investimento não realizado na primeira infância e seus impactos em indicadores variados,
como os relacionados a saúde, criminalidade e produtividade do país". O estudo explica direitinho como chegou a esses números.

Então qual é a parte da esperança? Aquela em que a gente vê que com UM PINGO de competência e honestidade dá pra fazer investimentos relativamente simples com altíssimo impacto positivo. Não é nada tão complexo, diacho. O fim da violência urbana, enfrentamento ao uso nocivo de drogas... São OBRAS!

Link para o trabalho:
cbic.org.br

**Post  original no Facebook em 4 de out de 2018 18:55

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