quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Balança, trinca, estala, entorta mas não cai

"São dois prédios colados um ao outro. No momento do estrondo, os bombeiros foram chamados e constataram, no último andar, que havia um espaço de 2,5 cm entre os dois edifícios. Mais tarde um pouco, eu subi lá e constatei uma distância de 4 cm, ou seja, ele se movimentou de novo. As pessoas entraram, uma por uma, sempre acompanhadas por alguém da Defesa Civil e retiraram o que puderam dos seus pertences. Hoje de manhã foi a vez dos ocupantes do prédio comercial.


Ainda não é possível saber exatamente o que causou o abalo, mas uma coisa nós já sabemos. Esse prédio comercial (que foi o que se deslocou), uma construção de cerca de 50 anos de idade, foi feito com estrutura modelo “tubulão”, um tubo preenchido com concreto. Sem sapata! A sapata é uma base de concreto quadrada que fica na base do tubulão, absorvendo e redistribuindo o peso. Esse não tem, e a coluna sofreu um reassentamento. Isso aconteceu por causa da movimentação da obra ao lado? Pode ser, é provável. O que não quer dizer necessariamente que a obra é "culpada", que a movimentação foi feita de maneira errada.


Hoje à tarde, a construtora começou a instalação de estacas metálicas para aliviar a pressão e conter o edifício entortado. O prédio residencial não entortou nada, mas precisa ficar interditado porque se alguma coisa acontecer ao vizinho ele será atingio. A obra para colocação das estacas demora uns cinco dias".


Fico tentando imaginar um estrondo, um estalo horrendo de um prédio se descolando do outro, como um imenso velcro de concreto se abrindo. Credo. Já imaginou se fosse o contrário, o prédio residencial entortando, e além do estalo houvesse o movimento?


E fico imaginando agora a cobertura de amanhã. Fotos, aspas, infográficos, opinião de especialistas, rumores... Mas tudo indica que essa novela será curta, mais pra mini-série.

13 comentários:

  1. Bacana o ponto de vista otimista. Minha cunhada e seus dois filhos moram lá e ficaram muito assustados! Tomara que seja, na verdade, uma micro-série!

    Abs e parabéns ao Nelson e toda a equipe da Defesa Civil pelo ótimo trabalho realizado.

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  2. Segundo minha cunhada, que está se pós-graduando em Gestão Ambiental, isto pode se dever ao deslocamento do lençol freático devido às fundações da construção mais nova.

    Quando é assim, a nova nada sofre, mas as existentes correm o risco de tais abalos.

    De novo, questões do plano diretor, que têm de levar em conta não só a ocupação excessiva, a verticalização das áreas, mas também as particularidades do solo de cada região.

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  3. Soninha, não sei se cabe perguntar aqui, você pode respoder pelo twitter. À longo prazo você vê alguma opção de legalização da maconha no país? Aqui quem fala é quem teve o nariz quebrado na tentativa de comprar pelas vias já conhecidas.

    Muito Obrigado

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  4. Soninha, eu não sei se você está mal assessorada ou mal intencionada, mas seu comentário/explicação está mais para justificativa/absolvição!!Você jura que acredita no que postou?? Sou arquiteto há 20 anos e por alguns trabalhei diretamente com fundações, além disso, vou usar de lógica para esclarecer a todos que não procede de forma alguma a explicação apresentada. Senão vejamos:
    1. Tubulão é um tipo de fundação largamente utilizado em solos de boa resistência e que consiste de um 'fuste' que é uma coluna de concreto que inicia no nível inferior do prédio e vai até a 'base' que é também de concreto e que possui o diâmetro de 03 vezes o do fuste e que 'funciona exatamente como uma sapata'. Portanto o argumento de falta de sapata não procede.
    2. A prova maior da eficiência da fundação é que ela cumpriu sua função durante '50 anos'. Este é o 'certificado técnico' dela, pois excede a qualquer prazo de garantia da construção civil que pode chegar 'no máximo', e sob qualquer aspecto, a 25 anos.
    3.Somente agora, após uma intervenção severa no terreno lateral, onde foi removido volume expressivo de solo é que ocorreu uma movimentação. Cabe esclarecer que a distribuição dos esforços de uma fundação não ocorre somente na vertical, mas também lateralmente, o que chamamos de 'bulbo de pressão' e que deve ser levado em consideração pelo projetista de fundações quando insere uma nova edificação ao lado de outra já existente. O que nos leva a pensar se isso foi corretamente dimensionado.
    4. A nova edificação está sendo construída em cota mais baixa que a existente o que por si só já dispensa maiores cuidados com a interferência entre fundações.
    5. O deslocamento do lençol freático devido a construção do prédio novo, como postado acima, pode também interferir no 'bulbo de pressões' mas deve ser considerado e dimensionado pelo projetista de fundações.
    Assim, fica muito claramente caracterizado que a responsabilidade pelo ocorrido tem 98% de chances de ser da construção do prédio vizinho.
    Soninha, a região de sua subprefeitura vive hoje sob forte 'pressão especulativa' são inúmeros casos de construtoras que infringem as normas quanto a barulho excessivo, mas que não são 'sequer' fiscalizadas pela subprefeitura, mesmo após esta ser acionada.
    Sua bandeira de 'defensora do meio ambiente' se esvai com esse tipo de postura. Há muita coisa para você fazer 'com o pé no chão' como cuidar das praças, dos buracos das ruas, fiscalizar a atividade das construtoras e comércios, que garantem sim a qualidade ambiental. Enquanto ocupa um cargo executivo, concentre-se no exercício deste em sua plenitude não cedendo a pressões de grupos e sempre defenda o interesse do cidadão comum, seu possível eleitor em breve.
    Marco Antonio Perin, Arq.

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  5. Olá Soninha...sou moradora do edifício Sandra Maria na Rua Tagipurú, e sinceramente...não existe prova concreta de que o abalo ocorreu por conta da construção, portanto não podemos culpar ou acusar nada e nem ninguém por enquanto, mas o fato é, nós moradores apesar de tudo que a defesa civil fala, de que os engenheiros falam, ainda estamos apreensivos e temerosos pois não há nenhum laudo técnico de algum instituto como IPT, por ex. A questão é que solicitar uma pericia desse gabarito custa dinheiro, e o nosso edifício não possui verba para tal. Agora me pergunto, seria possivel a subprefeitura através de alguma manobra, solicitar isto ao IPT, pois foi uma situação não particular, mas sim que envolve o "coletivo", e pelo que apurei é possivel se utilizar disso. Nós moradores do edificil Sandra Maria gostaríamos de solicitar isto à subprefeitura, pois fomos inseridos nessa "novela" ou "mini-série" como vc citou sem nenhuma "culpa no cartório", pois não fazemos parte da construtora, nem muito menos trabalhamos no edificio comercial, mas de alguma maneira indireta fomos atingidos.
    Em nome dos moradores do edificio Sandra Maria, solicitamos a subprefeitura da Lapa que nos amparasse nessa questão, verificando a possibilidade de uma pericia do IPT, para que possamos dormir tranquilos e devidamente documentados de que moramos em um local seguro. Se esta pericia pudesse ser feita não só no Sandra Maria mas também no Edificio Paraná ficaríamos imensamente agradecidos. Aguardamos uma posição. Desde já obrigada.

    Débora Schutze

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  6. Resposta da Soninha:

    Débora,

    Um engenheiro do IPT, nesse caso, tem a mesma capacidade e responsabilidade técnica de um engenheiro de uma empresa ou escritório particular, entende? O laudo atestando que o reforço feito na estrutura do prédio que se movimentou será assinado por um engenheiro capacitado, que colocará ali seu nome e seu registro profissional, se responsabilizando diretamente pelo que afirma. Eu entendo o receio de que haja um laudo "fajuto", mas isso se baseia mais no trauma histórico que a gente tem de ser tapeado do que nessa situação concreta. A construtora, mesmo sem saber se tem culpa no abalo do vizinho, assumiu a responsabilidade pelo reforço - até porque ela mesma tem interesse direto nisso. Se o prédio caísse, a obra dela ia abaixo também. Se o prédio não ficar seguro o suficiente, ela vai conseguir comercializar as unidades?? Enfim, mesmo que a gente não confiasse na honestidade ou na inteligência da construtora, como eu disse, o laudo é assinado por um engenheiro perfeitamente capacitado para o serviço, tanto quanto seria um engenheiro do IPT. (Se fosse alguma outra área dentro da engenharia, talvez houvesse necessidade de um serviço mais especializado, mas não é o caso).

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  7. Soninha / Lylian Concellos

    Até compreendo e concordo que engenheiro é engenheiro, porém o que ainda me assombra é que de acordo com um engenheiro da FEI, que deu entrevista para um jornal impresso, a respeito do assunto (depois,se interessar informo qual jornal, data e nome do engenheiro)o estaqueamento é apenas "paliativo".....bem, se esta foi uma medida preventiva para o edificio comercial não ceder, então acho justo que agora que a "poeira baixou", e todos já estão mais calmos, a subprefeitura verificar a hipótese de ajudar-nos com um instituto especializado nisso, pra fazer uma pericia mais aprofundada e realizar algum procedimento mais efetivo, pois o estaqueamento foi ótimo, e acho sim que a construtora foi muito bacana em agilizar tudo isso, mas ainda sim não podemos esquecer que foram medidas "paliativas" segundo especialista da FEI. É possivel tornar essa questão do "balança, trinca..mas não cai" em algo mais concreto?
    Ficaríamos imensamente gratos Soninha...desde já agradeço a atenção, um abraço!

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  8. Débora, abaixo a resposta do nosso Coordenador de Defesa Civil:

    Lylian

    O IPT esteve no local a pedido do Ed. Comercial (Ed. Paraná) fazendo uma
    primeira análise. IPT é um órgão que tem vinculo com a USP mas cobra pelos
    serviços prestados. Não temos como ajudar. O que pode ser feito é ratear os custos entre os Ed. Sandra Maria e o Ed. Paraná. Caso se comprove a culpabilidade da construtora em juizo, o custo deste laudo entraria nas custas dos processos.

    Nelson

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  9. Olá Soninha,

    Bem, já estamos em Abril, e até agora não temos ainda o laudo sobre o Ed. Sandra Maria..aquele do "balança, trinca, mas não cai".

    Gostaria de saber o motivo da demora, já que trata-se de um documento importante e imprescindível, para nossa segurança e tranquilidade.

    Nós, moradores, ainda estamos receosos e gostaria de uma posição.

    Fico no aguardo.

    Att. Débora Schutze

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  10. Débora, mais uma resposta da nossa Defesa Civil:

    Lylian

    Acredito que maiores informações ela pode estar recebendo da própria sindica do prédio. As informações que foram passadas pelo do pessoal do IPT era que seria demorado, pois eles estariam monitorando a área por um longo tempo.

    Nelson M.Suguieda
    Coord. Distrital Defesa Civil
    Subprefeitura Lapa

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  11. Soninha / Lylian / Nelson

    Infelizmente, não sei pq qual motivo exatamente, e nem me cabe julgar, mas a síndica do nosso prédio, não passou nenhuma informação aos moradores, apenas de que o laudo iria demorar pra sair...agora me espanto em saber que o IPT está monitorando, esta informação foi "omitida" dos moradores, não sabíamos disso, e a única fonte segura de informação que tenho, pelo que percebi, parte de vcs (Soninha e Nelson), por isso então vou aproveitar para perguntar (desculpe a "chatice", mas é que não sabemos de nada que está acontecendo):

    1) O Edifício comercial contratou os serviços do IPT e eles estão sendo monitorados?

    2) Ainda existe algum risco, pois continuamos ouvindo "barulho de pedras caindo" e com este volume de chuvas, ficamos ainda mais preocupados;

    3) Que maiores informações podemos ter a respeito do caso, pois agora estou espantada, pois se a síndica omitiu uma informação, agora já não confio mais. Qual a real situação de toda esta história?

    Confio em vocês, e acredito que terei todas as informações necessárias.

    Muuuuito obrigada pela atenção, paciência e compreensão.

    Fico no aguardo, forte abraço.

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  12. Continuo no aguardo da resposta para o último post...abs

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  13. Continuo no aguardo da resposta para o post de 09 de Abril que mandei para vcs: Soninha Lylian e Nelson...abs

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