quinta-feira, 5 de maio de 2011

Globo e Transporte Público: Chavão e Preconceito

(Tenho mania de salvar os textos como rascunho para depois reler e editar. Quer saber? Vou publicar assim  mesmo e depois eu corrijo)

A se julgar pela TV Globo, São Paulo tem o pior transporte público do país – e não o MELHOR (apesar de todos os seus problemas!).

Eles sempre, SEMPRE mostram os trens lotados em São Paulo. No Rio, p.ex., e no resto do Brasil, o transporte sobre trilhos vai muito bem, obrigada? #falaserio

“Aqui, na estação Brás, passam diariamente 500 mil pessoas”, diz a repórter da Globo. P*rra, é 1/3 da população de Porto Alegre, em UMA estação!

Se São Paulo fosse o pior lugar do Brasil, por que 40 milhões de brasileiros teriam escolhido viver por aqui? Ainda que alguém diga "não é escolha, é falta de escolha", dá na mesma - por que falta escolha?? Por que neguin' larga suas raízes, sua família, e vem morar neste lugar, com todos os seus problemas?

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O mesmo acontece quando o assunto é enchente. Quando é em São Paulo, entra na escalada do jornal (aquela chamada para as principais notícias na abertura),  vira matéria principal, tema de debate no estúdio e dedo em riste para os governantes. Agora o Brasil vive mais uma vez o flagelo das enchentes - começou no Rio e foi subindo - e se fala do assunto de passagem. Lá pelo terceiro bloco informam: "15 mil famílias estão desabrigadas em Pernambuco. Não-sei-qtos municípios decretaram estado de calamidade". Acho que os pernambucanos deveriam inclusive reclamar da falta de interesse - um acidente de trânsito em São Paulo ou no Rio tem mais destaque nacional do que a calamidade por lá.

(Enqto isso, o governador de PE fala no horário do PSB sobre o jeito diferente de governar... Hmm, sei)

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Agora a Carla Vilhena fala do metrô com cara de desgosto, quase nojo – “a demora, o calor, empurra-empurra, um horror, na maior cidade do Brasil”

“O metrô transporta cerca de 3 milhões e 700 mil pessoas por dia”, informa. P*rra, é mais que a população do Uruguai!

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Inteligentes, os jornalistas chegam sempre à mesma conclusão: “É preciso fazer mais metrô, e rápido!”. Como se fazer metrô – túneis, estações, trens – pudesse ser rápido.

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Não se fala nunca do EXCESSO DE DEMANDA! A ocupação e uso do solo em São Paulo é um desastre. Muita gente morando onde não tem trabalho, mto trabalho onde mora pouca gente.

Milhões de pessoas saem de casa todo dia no mesmo horário, na mesma direção, deixando bairros e cidades quase vazias para trás. Não entendo por que o tema "cidade-dormitório" não é tão popular no noticiário quanto o tema "transporte lotado", já que há uma relação direta entre os dois!!

Em vez de fazer repórter pegar trem lotado no horário de pico – meio óbvio, não? – por que não fazer a linha do tempo de mostrar QUEM deveria ter feito alguma coisa (muitas coisas) e não fez?

Quem deveria ter promovido a ocupação mais racional e justa da cidade e fez o CONTRÁRIO?

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“A gente não pode nem pensar em pedir para as pessoas trocarem o carro por transporte coletivo .... Já passam tanto sufoco no metrô e trem!”

Carla, no horário de pico, é TUDO um sufoco, dentro e fora do transporte coletivo.  E fora do horário de pico, há congestionamento insuportável – e ônibus vazio no corredor.

EU pego ônibus todo dia. Na Fco Matarazzo, Consolação, Rebouças, 9 de Julho, Santo Amaro... Em vários horários – 8:00, 9:00, 12:00, 18:00, 22:00.

90% das vezes é melhor, mais rápido, mais confortável do que carro. Mas a Globo diz para as pessoas que “não dá p trocar pelo coletivo”.

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Eu vou melhorar MUITO o sistema de ônibus se um dia tiver a oportunidade, mas o chavão “não dá pra deixar o carro em casa” é FURADO.

3 comentários:

  1. Um bom texto, principalmente na parte que fala de quem deveria ter feito e não fez. E viva a 20 anos de PSDB no governo!! Qeu venham os proximos 20!! =o)

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  2. Soninha, eles criticam o Metrô de SP no SPTV, no RJTV devem criticar o Metrô carioca (ja vi uma reportagem falando mto mal sobre os trens de lá, no JN).
    Infelizmente sou obrigado a discordar de vc, sou usuario do metrô de ônibus, e digo que em 95% é mais confortável ir de carro, e em 80% das vezes é mais rapido ou igual ir de carro.
    Se os outros estados estão mais atrasados ainda, paciência. Acho justo que se de nome aos bois, quem foi negligente, mas é necessário sim mostrar os problemas atuais! Não há sensacionalismo, nem exagero, pelo menos nas matérias que eu vi.

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  3. Soninha,

    Com todo o respeito... como usuário de metrô (pego todos os dias da semana) sou obrigado a afirmar que, está cada vez pior.

    Em relação ao seu comentário: "Inteligentes, os jornalistas chegam sempre à mesma conclusão: “É preciso fazer mais metrô, e rápido!”. Como se fazer metrô – túneis, estações, trens – pudesse ser rápido."
    Todos nós sabemos que construir metrô demora anos. O que eu me pergunto todos os dias é, porque o PSDB não iniciou as obras de metrô ainda no seu primeiro mandato?! No primeiro não dava, porque não no segundo?! Porque tivemos que esperar tanto tempo para se começar a pensar em metrô em SP de novo?

    É sabido por todos que uma obra de metrô leva anos para ficar pronta e, em alguns casos, o governante que inicia uma obra de metrô não será o mesmo que vai cortar a faixa de inauguração e ter o nome na placa. Será que é por isso que ninguém quer começar uma obra dessas??? E a população, como fica???

    Como alternativa, tentei utilizar um serviço de fretado. Moro na Penha e trabalho na região de Congonhas. Descobri uma linha que passa na esquina da minha casa e que, passa na travessa do meu trabalho; parecia a solução ideal pra mim. Eis que, com a lei dos fretados, o ônibus não pode parar onde eu preciso descer na Av. dos Bandeirantes, pois, só existe um ponto permitido para desembarque naquela avenida, e que é muito longe do meu trabalho. Aí, eu me pergunto, porque não autorizar que os fretados parem nos pontos de ônibus comuns? Trânsito? Não... não justifica... todos os ônibus comuns param ali, porque o fretado não pode?

    Enfim, é lógico que a imprensa vive de sensacionalismo, mas, essa realidade, não é nada diferente do que a TV apresentou.

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