quarta-feira, 6 de julho de 2011

Homenagem aos gênios desconhecidos (ou Eu Amo Duas Rodas, Parte 1)

“Blogueira-Madrinha do Salão Duas Rodas? Topo”.

O convite não foi feito exatamente nesses termos – revi Shrek 2 outro dia e fiquei com o “qualquer coisa-madrinha” na cabeça – mas que eu aceitei na hora, é verdade.

Depois das duas pernas, o deslocamento em duas rodas é o modo mais prático, versátil, econômico, inteligente e engenhoso que a humanidade já desenvolveu para si.

Assim como às vezes ainda me ocorre que a telefonia é um espanto (meu amigo está no Nepal e a voz dele está aqui no meu ouvido em São Paulo - !!??), também me pego abismada com o equilíbrio em duas rodas.

No começo de nossas vidas, é difícil se manter em pé. No começo, é uma façanha andar de bicicleta. As instruções sobre o que fazer não explicam como é que a gente vai se manter reto e eqüidistante do chão, de modo a não cair: “Olha pra frente! Pedala!”. Deve ser muito difícil aprender a andar de bicicleta depois de adulto, quando o raciocínio se torna insuportavelmente onipresente: “Pedalar faz a roda girar, não faz com que eu me mantenha sobre ela em perfeito equilíbrio”!

É como se fôssemos instados a andar na corda-bamba, a executar um prodígio. Só resta ter fé na palavra dos pais e sentir-se irmanado a milhões de seres humanos que andam por aí de bicicleta com a maior naturalidade, como se não estivessem desafiando a gravidade em um objeto tão frágil, tão magricela.

Nós não temos lembranças da aventura que foi se por de pé e aprender a andar, mas temos essa segunda experiência ao alcance da memória. Eu me lembro perfeitamente da sensação de superpoderes quando consegui dar DUAS pedaladas seguidas sem apoio das rodinhas no quintal da minha avó. Foi como voar. Como não ter peso. Deslocar-se muito rápido com um mínimo esforço era ir além da capacidade humana que eu conhecia até então. Acho que os sonhos que tenho até hoje de ser capaz de correr cada vez mais rápido até não tocar mais o chão e voar reproduzem aquele êxtase de quando eu tinha seis ou sete anos e pedalei livre a primeira vez.

É meio mágico mesmo. Pense (não, se você ainda não sabe andar de bicicleta não pense nada, só ande, depois a gente conversa!): a bicicleta não para em pé sozinha sem você. É você quem transforma a bicicleta em um objeto capaz de deslizar por aí sem tombar para um lado ou para o outro. Uma linda relação de colaboração, de simbiose. Vocês dois juntos são capazes de usar as leis da Física para subvertê-las.

Juro que não é só delírio blogueiro, eu realmente tenho flashes de espanto e de encanto pela engenhosidade humana em juntar paus, bambus e, finalmente, barras de ferro ou materiais desenvolvidos para a corrida espacial em um veículo que se mantém de pé porque você o põe em movimento e, em troca, faz com que você deslize por aí.

Andar de moto e de bicicleta é muito bom. Nem sempre é prazeroso; nem sempre o deslizamento acontece sem esforço e são muito freqüentes os momentos de tensão. Mas ainda assim é uma reconexão com a nossa natureza primordial (o uso da força, equilíbrio e coordenação para nos mantermos em pé e em movimento) e um tributo aos gênios anônimos da espécie humana que, muito depois da pedra lascada, do tacape e do fogo, mas muito antes do vapor, do carvão e do petróleo desenvolveram uma ferramenta sem a qual o homem moderno se deslocaria bem menos – ou mais devagar.

Eu <3 duas rodas.

PS (08/07): Valeu Conrado G., sempre alerta, que avisou que eu tinha tornado a grafia de Shrek ainda mais monstruosa

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