sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Mentiras Federais - capítulo 1029


Durante a campanha presidencial de 2010, entre as muitas mentiras contadas pelo governo e os governistas (sem meias palavras – MENTIRAS!), dizia-se que “os tucanos” não haviam feito nada pela ampliação das vagas no ensino superior, principalmente para “os mais pobres” – e que o Lula, por sua vez, tinha criado não-sei-quantas universidades e mais de 100 novos campi.

Na época nós demonstramos – com links para páginas oficiais, depoimentos de alunos, cópias de atas de reuniões nas próprias universidades – que esses números eram absurdamente falsos. Havia universidades centenárias que foram “desmembradas”, de modo que o que antes era um campus de uma instituição passou a ser uma “universidade nova”. É como se o governo de São Paulo transformasse o campus Ribeirão Preto da USP na “Universidade Estadual de Ribeirão” e chamasse de “nova”.

Além disso, os chamados “novos campi” das universidades novas de fato consistiam  em salas alugadas, instalações improvisadas e precárias, promessas de novos prédios em zonas periféricas ou rurais onde havia apenas mato. Um escândalo. Escandalosa também a omissão da imprensa, que engoliu a mentira oficial como se na ditadura militar estivéssemos, com seu discurso de pujança e censura a quem se atrevesse a desmenti-lo (até as notícias sobre epidemia de meningite eles proibiam).

***
Dias atrás encontrei uma aluna da Universidade Federal de Osasco – e, para minha surpresa, ela tem aulas EM OSASCO. Ano passado, o “Campus de Osasco” ficava na Vila Mariana, em São Paulo (embora uma placa na rua indicasse o caminho para ele como se já existisse).

“Já tem campus, finalmente? Onde é?”

#vainessa.

O “campus” foi instalado em um prédio da prefeitura de Osasco antes ocupado por outra instituição, a tradicional FITO – Fundação Instituto Tecnológico de Osasco, criada por Lei Municipal em 1964.

(No site da FITO, o comunicado sobre a cessão  do prédio está meio escondido... Todos os outros links adiantam qual é o assunto abordado - “Novo Regulamento Financeiro”, “Lista de alunos contemplados com Bolsa de Estudo” - esse é só “Comunicado de Esclarecimento”...)

O texto, de maio de 2010, diz: “frise-se novamente, a FAC FITO somente será transferida quando as novas instalações estiverem concluídas”.
                   
ADIVINHA.

Vasculhei o site da FITO e não encontrei notícia sobre a inauguração do prédio novo, o que me faz pensar que ela ainda não aconteceu... Curiosamente, também não encontrei o endereço atual em lugar nenhum :oP

(ACHEI! Foi “facinho” – entrei no “Fale Conosco”, mandei um email, só DEPOIS do “Seu formulário foi enviado com sucesso” apareceu um menu com a opção “Localização”. Lá o endereço consta como Rua Camélia, Jardim das Flores...)

Bom, no site da Unifesp há um link para o mapa do campus Osasco – ei-lo. E tem imagens do Campus. Embora prometam “Mais informações”, não passa disso...

Pra encerrar o post, que já ficou longo demais, volto para o que a aluna me contou:

- Os mil alunos da FITO (não sei se esse número é exato) ocupavam dois prédios e foram “acomodados” em um só. Os 160 alunos (por turno) da UNIFESP ficaram com o outro prédio todo para eles.

- Chegar lá é dificílimo – desse mal os alunos da FITO já sofriam, certamente. Parece que tem uma linha de ônibus que sai do terminal de Osasco. São poucos carros, portanto demoram muito e estão sempre lotados. Para não esperar, se espremer e para economizar R2,90, muitos alunos preferem andar uma longa distância. Só que o lugar é ermo, nada amigável, então o exercício é “com emoção”.

- A universidade não tem biblioteca. Os livros estão estocados em algum lugar a que os alunos não tem acesso. O negócio funciona na base da xerox. “Quando o Ministro esteve lá, eles fizeram uma biblioteca só para aquele dia! Bebedouros também; depois tiraram!”.

- Não há refeitório, bandejão, etc. Só uma lanchonete que, docemente refém da lei de mercado, cobra R$3 um pão-de-queijo, por exemplo. A faculdade cogita pagar R$90 por aluno para compensar a falta de alternativas*.

[Aluna acaba de ler o post e me corrige: "O preço do pão de queijo tá um pouco caro; última vez que eu fui na cantina tava dois, dois e alguma coisa. O refeitório é na lanchonete e custa R$6,50"].

- No curso de Administração, não há professor de Matemática. Talvez chegue um nos próximos dias; se não, a aula de matemática do segundo semestre fica para alguma outra ocasião (afinal, é supérflua). Segundo o professor de outra matéria,foi criado o novo curso mas não foi feito concurso para admissão de professores. Essa turma vai passar para o segundo ano e... ?

Aí está, portanto, o balanço das atividades de uma das “novas” universidades federais do governo Lula. Essa está aqui do lado, onde se concentra boa parte da mídia de alcance nacional (eu imagino o cara do Piauí vendo todo dia no Bom Dia Brasil notícias sobre acidentes na Marginal Tietê e congestionamento no “Corredor Norte-Sul”). Imagine como estão as coisas Brasilzão adentro.

#Herançabendita, falô.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Talvez eu responda seu comentário com outro comentário... Melhor passar por aqui de vez em quando para ver se tem novidades para você.