sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Que potência é essa?

(É tão bom qdo a gente lê algo que poderia/ gostaria de ter escrito...)


BRASÍLIA - A grande (e ótima) novidade anunciada durante as minhas férias foi que o Brasil passou o Reino Unido e é agora a sexta economia do mundo. Uau! Somos uma potência! Mas que potência é essa?
A infraestrutura é sofrível. (...) Quanto à educação: Será que o país tem boas escolas para a maioria e profissionais de ponta para enfrentar os desafios do crescimento e da competitividade em todos os setores? Há dúvidas.
E o país consegue ser a sexta economia mundial com um IDH ainda vexaminoso. Quando você passeia pelo interior do Nordeste, onde as coisas vêm melhorando, é verdade, assusta-se com os ainda extensos bolsões de miséria atolados em dois ou três séculos atrás.
Povoados sem asfalto, um atrás do outro, com crianças barrigudinhas e descalças correndo na poeira, entre mulheres de ar sofrido e pele encarquilhada e homens trôpegos pela cachaça e pelo cansaço de uma vida inteira de trabalho duro, debaixo de sol a pino e em regime de semiescravidão.
Não consta que haja gente e cenários assim no Reino Unido e na França, o próximo país a ser, bem antes do que se previa, ultrapassado pela economia emergente do Brasil.
O que está em pauta não é (só) o ritmo da economia (...) mas principalmente a qualidade do desenvolvimento. Há que se discutir por que, para que e para quem o Brasil assume ares de potência. 

Eliane Cantanhêde, na Folha de terça-feira  (link só funciona para assinantes da Folha ou do UOL :oP)


***
É tão óbvio, tão óbvio, tão óbvio...

É o que a gente dizia no Colégio Santana nos anos 70 e 80, enquanto o governo militar se ufanava da "potência" que o Brasil era... Não gostavam que a gente dissesse "país subdesenvolvido" não, era "em desenvolvimento".

Dava uma revolta que fazia a gente querer entrar para a política, fazer revolução, fundar um partido, votar, eleger, fazer tudo diferente.

Olha no que deu. :o((((

Aqueles caras que antes eram inconformados com essa inversão de valores hoje comemoram a mesma coisa que questionavam, denunciavam, abominavam. 

Cara, falam tanto de 1984 (o Big Brother original, #pobreGeorgeOrwell ), mas o livro mais profético, mais irônico, mais chocante é Revolução dos Bichos. Não é leitura obrigatória nas escolas, né? Pois devia ser sugerida enfaticamente. 

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