quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Porra, Bombig! Tadinho do Haddad? - 3

A SOLIDÃO DO PODER

A reclusão, criticada pela Executiva do PT, talvez seja o traço mais marcante do estilo pessoal de Haddad. Diferentemente do que fizeram Serra e Kassab, ele optou por priorizar os despachos internos às agendas na rua. Nas enchentes do início do ano, perdeu quem esperava vê-lo recém-empossado de galocha e capa de chuva – imagem que marcou a gestão de Kassab a ponto de se tornar hit no YouTube. Haddad preferiu permanecer numa das salas do gabinete, onde dezenas de monitores mostram cenas da cidade e dados sobre pontos de alagamento. “Aqui tenho muito mais controle da situação”, diz.

Até o fato de não sair do gabinete é citado como algo positivo... Errados estavam os outros que iam à rua durante problemas... Haddad só quer ir “na boa”, porque de seus confortáveis monitores ele tem “mais controle” da situação... Tenham dó. Haddad, que anunciou medidas “incríveis” de combate às enchentes: limpar bueiros. Será que nem disso ele tinha noção? De que o volume de água no verão é muito maior do que a capacidade do sistema de águas pluvias absorvê-lo? E a imprensa aplaudiu na época o "conjunto de medidas"!!

Reservadamente, petistas da velha guarda definem Haddad como uma Marta Suplicy às avessas. Ela não desperdiçava oportunidades nas ruas, enquanto deixava a gestão a cargo de seus supersecretários Rui Falcão, Valdemir Garreta e Jilmar Tatto – este último à frente da Pasta dos Transportes na gestão Haddad. No trato direto com os vereadores, fica evidente outra característica de Haddad, semelhante a Dilma e completamente diferente de Lula: a cintura dura para o conchavo político. “O Haddad tem um perfil e uma agenda eminentemente de gestor. Quando se reúne com parlamentares, gasta menos tempo fazendo saudação e contando piada e mais tempo argumentando sobre o mérito de um projeto importante para a cidade”, diz seu vice-líder de governo na Câmara, o ex-ministro Orlando Silva (PCdoB). Na hora de negociar com o Legislativo, Haddad escuta mais e é econômico nas falas. Dos 15 partidos e 55 vereadores da Câmara, são poucos os que têm algum acesso a ele, caso de Silva e do líder do governo Arselino Tatto, irmão de Jilmar. Haddad tem maioria folgada na Câmara – apenas 13 vereadores são oposição.

POIS É, o mesmo Jilmar Tatto que é o Secretário de Transportes de Haddad... PT desprestigiado no governo??? Haddad tem “agenda de gestor”?????????? Claro, a negociação política fica com Donato, PT, Secretário de Governo; João Antonio, PT, Secretário de Relações Institucionais. Aí o vice-líder do governo na Câmara elogia Haddad dizendo que “nas reuniões o prefeito argumenta sobre o mérito de um projeto” e a matéria publica como fato!!!!!! Orlando Silva nunca esteve em reunião com a Marta... Ele era GROSSEIRA no trato com parlamentares, Rui Falcão tinha de aparar arestas o tempo todo. E Haddad não tem “maioria folgada” na Câmara, tem um TRATOR. Aprova O QUE QUER em PRAZO RECORDE.

Dentro da prefeitura, a postura muda pouco. O único assessor que goza da intimidade do prefeito fora do Palácio Matarazzo é o secretário dos Negócios Jurídicos, Luís Massonetto, que esteve com Haddad no Ministério da Educação. As famílias Haddad e Massonetto se frequentam e dividem pizzas nos finais de semana. Massonetto é um técnico discreto e, assim como o chefe, de origem acadêmica. Ambos cursaram a Faculdade de Direito da USP. Além de Massonetto, Leonardo Barchini Rosa, secretário de Relações Internacionais e Federativas, a quem Haddad se refere apenas como “Léo”, é outro com acesso direto a ele. Assim como Massonetto, Rosa é oriundo do Ministério da Educação e da universidade. A ele, Haddad confiou a missão de organizar a candidatura de São Paulo para sediar a Expo 2020, uma das prioridades de sua gestão. Com os demais secretários da administração, inclusive os mais graduados do PT, a relação é formal. “Temos sofrido um pouco na mão dele. Ele liga, cobra, pergunta do prazo. Sobre a implantação da rede Wi-Fi nas praças, ele ligou e eu disse que, em outubro, inauguraria as primeiras. Aí, ele me cobrou dizendo que eu tinha dito que era setembro”, afirma o deputado estadual licenciado Simão Pedro, secretário de Serviços.

Simão Pedro, do PT.. Como Chico Macena, Secretário de Subprefeituras. Simão diz que ele “liga, cobra, pergunta do prazo”. Puuuuuxa... E cobra prazos depois de anunciar promessas absurdas. Que beleza de “gestor”.

Haddad chega cedo ao gabinete, cumpre agendas externas, intensas nos últimos dias após as cobranças do partido, depois volta para a prefeitura, para os despachos finais do dia. Só vai embora quando a mulher dele, Ana Estela, dentista e professora da USP, começa a reclamar a presença do marido com os filhos Frederico, de 20 anos, e Ana Carolina, de 12, no apartamento da família no bairro da Vila Mariana.

“Cumpre agendas externas” (não quando chover forte?) “após cobranças do partido”. Saiba, Haddad, que ser prefeito é um cargo político. Outra coisa que ele está descobrindo agora?

Com jornadas prolongadas, ele tem pouco tempo para seus hobbies, como tocar violão. A relação com Lula esfriou nos últimos meses, mas ainda é constante. Eles conversam regularmente ao telefone e se encontram a cada 15 dias, num seleto grupo comandado por Lula para analisar e discutir a conjuntura política do país e do exterior. “Lula gosta muito dele, mas já disse que não enfiará a mão em cumbuca para salvar o Haddad”, afirma um petista ligado a Lula. Tradução: o poste precisa andar sozinho.

POIS É, precisa “andar sozinho” – como se fosse um castigo, coitado, uma cruz a carregar. A “relação com Lula esfriou”, depois de ele chamar Lula para uma reunião com seu Secretariado, de modo servil?

Assim como o presidente dos EUA, Barack Obama, em seu início de mandato, Haddad mantém um distanciamento em relação ao mundo da política. Seus aliados definem essa postura distante como uma espécie de “choque cultural”. Se quiser mesmo se consolidar como o futuro do PT – um partido que, depois de perder quadros importantes no mensalão, precisa mais do que nunca de caras novas –, Haddad terá de fazer como Obama e mergulhar na política. Trata-se de uma longa travessia em águas barrentas – e o desafio de Haddad é evitar sair enlameado, como tantos outros colegas de partido.

"Assim como Barack Obama"... Comparação modesta, a do repórter. E os outros colegas de partido saíram enlameados porque “atravessaram águas barrentas”... Não porque chafurdaram na lama?

Porra, Bombig.

(Comentário final no post abaixo)

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