quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Enquanto isso, na General Olimpio da Silveira...

Esse é o nome da rua que fica debaixo do Elevado Costa e Silva. Passei um tempo lá hoje.

Fui visitar meus ammigos, só encontrei o Moisés. Estava dormindo. Com calor e depressão, como esperar algo diferente? E por mil razões é à noite que eles ficam acordados. Porque é quando compram seus, ahn, aditivos. Quando têm insônia (e não é por ter dormido de dia, é por ansiedade e angústia típicas das horas escuras... Eu tenho, você tem, imagine eles). E alguns porque tem medo; a noite é melhor ficar em vigília.

A roda de conhecidos perguntou se eu queria "deixar recado". Não tinha recado, queria só dar um oi. Achei que podia acordá-lo para saber se estava tudo bem sem incomodar muito. Brinquei com eles; "Passou a noite fritando por aí, né?". "Não, ele não é disso não". Mas eu sei que ele usa cocaína... Passa de uma certa hora, começa a dar desespero. Com dez reais ele compra o suficiente para passar. Então teimei: "Conheço...".

Depois de falar com meu amigo, voltei para me penitenciar. Coitado, estava com uma tosse horrorosa e ardendo em febre. Não foi mesmo "pra balada"; disse que mais tarde vai pro Pronto Socorro. "Ontem teve o maior preju", falou grogue de febre e sono. "Que foi"? "O rapa. Três caminhão. Levaram tudo. Panela, comida, o que tinha. Olha aí".

Bem que eu estranhei que só tinha um dormindo em colchão. O resto, no chão duro mesmo, com no máximo um pano ou papelão por cima.

Daqui a pouco eles se refazem... Doação não falta. Lugar em que possam ficar (em modelo diferente dos albergues e suas regras que afugentam, mesmo quando são bons), não tem.

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Enquanto isso, o Clube de Mães que funciona no Castelinho da Rua Apa e faz um trabalho lindo, diferenciado, pena até pra pagar a conta de luz. Lá tem chuveiro e eles deixam a turma tomar banho... Nem isso eles encontram em outros lugares. E é só umas das coisas para oferecer "cidadania e dignididade", como o prefeito se gaba de fazer.

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Um quarteirão adiante, uma viatura da polícia estava parada na faixa de ônibus e achei q podia ser algum problema com povo de rua, fui lá ver. Não tinha nenhum morador ali, mas um ônibus parado, só com o motorista, o cobrador, uma mulher e uma criança. "Que foi?", perguntei para um entregador de água que encostou a bicicleta ali pra ver no que ia dar. "Sequestro". "Como assim? Do ônibus??". "De uma criança. Ela berrava que queria a mãe, de longe dava pra ouvir os gritos. E a mulher que tá com ela diz que não tem nenhum contato da família, pra esclarecer que tá tudo bem".

Os passageiros acharam esquisito demais e, não sei bem como, chamaram a polícia e convenceram o motorista a parar ali (não necessariamente nessa ordem). Mais preocupados com a criança do que consigo mesmos, desceram pra pegar outra condução.

Tem horas que parece que esse mundo tem jeito, não parece?

Não vi o desfecho. O moço da bicicleta achou que também tava muito estranho. A criança gritava demais.

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No ônibus para a Lapa, o cobrador reclamava. "O Janio fez aqueles ônibus de dois andares. Não falou nada na campanha, aí foi lá e fez". (Não deu pra ter certeza se ele achava isso bom ou ruim, mas tive a impressão que ele aprovou). "Aí a Erundina fez o corredor de Pirituba e Perus e ficou faltando "isso aqui" pra terminar. Passou quatro anos e não terminou. Ficou desenterrando cadáver em Perus". (Foram encontrados corpos sem identificação em uma vala comum; tem um curta sobre isso)Entendendo, claro, que OU faz uma coisa, OU faz outra. Não terminou o corredor (vai saber por que) x ficou desenterrando cadáver . Como sempre acontece. "O mundo caindo e você aí, falando de biometria".

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Conversa seguiu com passageiro reclamando do absurdo que é a prefeitura querer que os cidadãos consertem as calçadas. "Vê lá em Perdizes, que é só pirambeira. Se não tem os degraus, ninguém aguenta subir. Vai fazer como? Aí multa porque não fez".

Vdd. A multa que o Kassab instituiu era cruel, desmedida. Ai o Haddad disse "vou notificar e dar 90 dias pra fazer; só depois aplico a multa". Também não deu em nada. E não vai dar!! Na maioria absolluta dos casos, é impossível o proprietário do imóvel fazer com que sua calçada tenha os padrões de acessibilidade. Porque ela é estreita demais, porque é um aclive medonho e ele não tem condições de resolver sozinho, porque tem poste/orelhão/lixeira/caixa de correio/árvore etc!

O certo é a prefeitura fazer a reforma e cobrar do proprietário a manutenção. Quando à reforma - pode repassar o custo para os proprietários de alguns imóveis (de maiores dimensões, por exemplo, como hipermercados e grandes condomínios residenciais), que já seriam beneficiados pelo fato de não ter de arcar com toda a dor-de-cabeça de uma obra, e isentar os imóveis mais modestos.

Vou ter eu que dar um jeito nisso!

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A verba que o Haddad destinou no orçamento para obras de calçadas em cada Subprefeitura e RIDÍCULA. Não dá pra uma rua inteira.

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Nada a ver, mas também foi hoje: sabe onde comprar o Guaraná Jesus, aquele que é cor-de-rosa e típico do Maranhão? Na LIberdade, o bairro japonês de São Paulo.

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Fui confirmar se era mesmo Maranhão, e descobri que ele agora faz parte "do portfolio de produtos da Coca-Cola". Acabou com a minha graça.

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